Por Luigi Torre
Oito anos após encerrar as atividades de sua marca homônima, Francesca Giobbi está de volta – e querendo mudar o mundo. Ou pelo menos o modo como se faz roupas e acessórios. Com o recém-lançado selo Fashion For Better, a designer de sapatos quer não apenas dar o devido valor e preservar o artesanato brasileiro, mas também colaborar para o fim do trabalho escravo na moda.“Não dá para incentivar posturas gananciosas que exploram países de terceiro mundo com políticas de paga-se pouco e ganha-se muito”, dispara ela.“Essa cultura massacrante matou a futura geração de artesãos. Desde meados dos anos 1990, as grandes marcas de luxo deixaram de investir na profissão em busca de preços competitivos e maiores lucros.” É uma tradição a caminho da extinção.
Em julho de 2015, Francesca começou a esboçar o que hoje é seu selo de sustentabilidade e ética profissional. E decidiu começar dentro de casa, com comunidades e organizações focadas na preservação, apoio e manutenção do trabalho manual made in Brazil. Segundo ela, a diversidade cultural é uma de nossas maiores riquezas, e o artesanato local ainda é minimamente valorizado e passado de geração em geração.“Por que não investir na qualificação e no desenvolvimento dessa mão de obra com foco no mercado de luxo internacional?”
Seu primeiro grande case é a indústria calçadista de Franca (uma das maiores e mais importantes do País). Em parceria com as marcas de lá, Francesca irá criar coleções-cápsula empregando os primeiros grupos de artesãos parceiros. Os produtos serão apresentados e vendidos durante ação na Selfridge’s, em Londres, no início de 2017. Na mesma época, a designer também relançará sua marca com modelos feitos artesanalmente pelos profissionais com o selo de qualidade Fashion For Better. Antes disso, no início de novembro, um teaser desses bordados, tressês, rendas, crochês e macramês estará na Seven For All Mankind, em São Paulo, para a customização de calças jeans.
Essa é a missão do selo Fashion for Better: capacitar, desenvolver, valorizar e garantir boas condições de trabalho ao artesanato brasileiro, para atestar sua qualidade e competitividade no mercado internacional.“Acreditamos em uma economia criativa, em que se passa know-how entre designers e artesãos, todos trabalhando e ganhando juntos”, diz Francesca, em constante busca por mais apoiadores.“Só assim, unidos, teremos uma moda limpa, que dá respeito profissional e econômico a cada etapa do processo artesanal.”