Pensar em Prada é pensar em história. No desfile da marca durante a Semana de Moda de Milão, diálogo entre passado e presente é o que não faltou. Mario Prada, avô de Miuccia, é quem fundou a casa em 1913, ainda como um ateliê de acessórios de couro. Entre as bolsas que fizeram sucesso, uma delas surge agora, 110 anos depois, no repertório criativo da neta – e já promete ser desejo entre fashionistas. Na mesma reflexão retrô, é curioso pensar que, em sua história centenária, a primeira coleção de roupas da Prada só surgiu em 1988. Como teriam sido, por exemplo, as melindrosas da década de 1920 se Miuccia as tivesse vestido?
Nessa temporada, a resposta veio em formas de franjas diversos e muito movimento nos tecidos. Fluidez é uma das palavras-chave da designer (e seu parceiro, o belga Raf Simons) já que, para além dos tecidos esvoaçantes, a “gororoba” que caiu do teto no último desfile da marca, em fevereiro, retornou para “sujar” a passarela mais um vez e trazer textura para o cenário.
As alfaiatarias estruturadas (curtas e acinturadas) também foram protagonistas dessa vez, criando contrastes em silhuetas e proporções que desfilaram sob a trilha sonora de filmes de Alfred Hitchock. Não fosse um dos nomes mais monumentais da moda milanesa, o som poderia ter sido de uma “rave déco” dramática em plena fashion week.
Drama, aliás, virou sensibilidade no finale do desfile. Do backstage, Miuccia e Raf saíram acompanhados de Fabio Zambernardi, diretor de design da Prada e MiuMiu desde a década de 1980. Com o fim da apresentação, ele se despede oficialmente da casa
No fim, a imagem avant-garde da coleção revela que, apesar das mudanças e do tempo, sua força e influência é atemporal. Jaquetas de couro “surradas”, ilhoses incontáveis (em aplicações ou mesmo em forma de estampas) e sapatos coloridos em looks minimalistas provocam a imagem de uma moda centenária que parece sempre mais moderna do que deveria. Não há paradas na Prada, somente movimento.