
Por Caroline Campos
No Dia das Mães, Bazaar conversa com filhas que se inspiraram nos passos de suas progenitoras fashionistas, sem deixar, porém, de trilhar seus próprios caminhos. Veja abaixo:
Andrea Viera
“O Natal lá em casa era como um SPFW“. É com essa memória da infância que a designer Andrea Viera, criadora da Pat Pat’s, resume o mix de moda e laços familiares intensos que predominava em sua casa. Em uma família de mulheres fortes e apaixonadas pelo belo, a filha da estilista Patricia Viera bem que tentou não seguir o caminho fashion e cursar odontologia. Mas a tentativa de desvio não durou muito tempo. No caminho entre a faculdade e a volta para casa, ir para a fábrica da mãe era uma parada obrigatória que alegrava o dia.
Com o passar do tempo, ela percebeu que gostaria que aquilo fosse mais que uma parada: talvez o destino que a faria feliz. “Hoje eu vejo isso na minha filha mais velha, Alix. Ontem entrei no quarto e ela estava fazendo roupa para sua boneca com papel alumínio e balão. Não adianta, nasceu com a gente”, conta.
Com isso vieram colaborações, depois a Pat Pat’s – marca com um olhar novo e pensada para as filhas de clientes da grife da mãe, assim como ela. Até que veio a pausa, na marca e no mundo fashion, em nome da família que quis construir com dedicação total para os pequenos Alix, 6 anos, Arthur, 4, e Aurora de 2. Agora, voltando ao mercado e ao Brasil, após algumas temporadas no Uruguai, Andrea tem encontrado também na moda a força para unir o melhor do profissional com o pessoal. “A moda te dá força, te posiciona, faz você se impor. E se reencontrar na maternidade é a maior alegria que uma mulher pode ter.”

Fontes inspiradoras para o comeback ao redor não lhe faltam, mas seu maior exemplo disso ainda vem dos aprendizados com a mãe, que tem como parte intrínseca da personalidade estar sempre em busca da própria superação. Um dos laços mais memoráveis entre as duas só confirma: a jaqueta “super mommy”, confeccionada e customizada especialmente para ela pela mãe, foi um presente durante uma semana de moda em que Andrea já se dividia entre os backstages e a gestação.
Yasmine Paranaguá

Como costumava dizer Coco Chanel: “Moda é arquitetura. É uma questão de proporções”. Sendo assim, o amor por essa arte não poderia escapar, duplamente, do DNA da designer gráfica Yasmine Aimée Paranaguá de Orleans e Bragança, filha do arquiteto Pedro Paranaguá e da diretora criativa Naná Paranaguá, e neta da icônica ex-embaixatriz e designer carioca Glorinha Paranaguá, nome que dispensa apresentações aos amantes da moda.
Atualmente, além de dividir seu tempo com a direção da marca de bolsas Glorinha Paranaguá com sua mãe, Naná, é também mãe de Mia Isabel, João Antônio e João Pedro. A grife criada pela avó, queridíssima e supercarioca, foi pioneira no uso de bambu e materiais naturais em bolsas que exalam o frescor da brasilidade e mantém até hoje essa característica fortíssima em suas coleções.
Para Yasmine, o rumo fashion aconteceu de forma muito natural. “Olhando para minhas raízes, o ambiente em que cresci cercada, desde a arquitetura até a moda, que é tudo muito interligado, nós percebemos que é um amor de família”.
Com esse universo de criatividade – e originalidade – em suas veias, e por todos os lados da família, ela teve nas matriarcas sua fonte natural de inspiração, mas assim como a avó, uma globetrotter nata, bebeu das fontes inspiradoras ao redor do mundo: Xangai, Singapura, Paris, foram alguns de seus recentes endereços onde fez colaborações e trabalhos como designer.
Também resolveu se profissionalizar nos bordados, tão amados pelas progenitoras e superpresentes na marca. São nesses momentos, entre agulhas e linhas, uma mistura de amor, hobby e trabalho que ela mais se recorda da avó: “quando me formei na Lesage, que produz bordados para marcas como a Valentino e Chanel, minha avó morria de orgulho, contava para todo mundo”.
Bel Niemeyer

Com um olhar já treinado para o belo desde a infância, e tendo crescido imersa em um ambiente cercado de criatividade, Isabel Niemeyer eternizou a beleza do que via ao redor do mundo por meio das suas lentes, enquanto também acompanhava de perto – ou com ajuda da tecnologia, quando distante – as criações da mãe Lenny Niemeyer, que sempre causaram burburinho na moda nacional.
Foram anos se dedicando à paixão pela fotografia, mas atualmente é na criação, como designer da Rebel Niemeyer, sua marca própria, que ela vem expressando o olhar fashion, que herdou da mãe. “Vê-la estudando, pesquisando, tendo curiosidade e disciplina em seu processo criativo ampliou meu horizonte nesse sentido. Me dediquei à fotografia, e isso me deu o caminho que naturalmente me levou a moda”, conta Bel à Bazaar.

Agora, à frente da marca em que fez seu debut no mercado em 2019, e futura mamãe de primeira viagem, faz das peças atemporais com ar superlivre mais um elo da relação entre mãe e filha. “Minha mãe ficou superfeliz, ela sempre me deu liberdade para escolher o meu caminho, seja na fotografia, nas minhas viagens e criações. Mas, quando eu decidi entrar para moda, poder tê-la ao meu lado, me vendo dar continuidade ao seu trabalho, foi uma realização para ela”.
E, se a mãe coruja ficou realizada ao ver a filha seguindo seus passos e dando seguimento ao sobrenome Niemeyer no mundo fashion, a filha também não fica para trás, inclusive nas criações. Uma de suas peças favoritas da nova coleção é justamente uma memória afetiva de infância: “Minha mãe tinha uma saia que quando criança eu a via usar, e amava o movimento dela, seu barrado diferente e a estampa. Era uma peça que ela tinha muito xodó e usava muito, sempre! Me inspirei e criei uma saia carregada de toda essa memória afetiva, que está disponível na minha atual coleção.”