Why don’t you…? Por trás da provocação vermelha da Balenciaga (Foto: Divulgação / Edição de Arte: Ian Sampaio)

Depois que Supla cantou seus hits na década de 1980, que fim levou, afinal, a “linda garota de Berlim”? Pergunte para Demna Gvasalia e, talvez, a resposta apareça na passarela da Balenciaga, completamente coberta de vermelho.

Em um dos desfiles mais sentimentais e pessoais do estilista, há muito para olhar e refletir sobre suas criações que “mexem” a moda a cada temporada. Dessa vez, o look ‘full red’ inspira mais do que tendências, mas uma viagem no tempo e na libertinagem. Para quem busca ícones de estilo, vale anotar: Anita Berber, a bailarina andrógina que escandalizou a capital alemã nos “loucos anos 20”, ainda é assunto e estética.

Why don’t you…? Por trás da provocação vermelha da Balenciaga (Foto: Divulgação / Edição de Arte: Ian Sampaio)

Na República de Weimar (de pluralismo cultural na Alemanha pós-Primeira Guerra), a dançarina chocou a sociedade, com a exceção de uma parcela nada discreta de artistas. Eram os tempos de Neue Sachlichkeit – a “nova objetividade” – e Anita foi a musa ideal. Nos palcos de cabarés e casas noturnas, dançava seminua e performava temas de prostituição, vício em drogas e morte.

Why don’t you…? Por trás da provocação vermelha da Balenciaga (Foto: Divulgação)

De tirar o fôlego, todo seu erotismo inspirou Otto Dix a pintar seu retrato em 1925, impossivelmente vermelho e ironicamente anacrônico. Não é a própria Balenciaga de Demna Gvasalia? Com ousadia e provocação, revela uma sensibilidade que, nas passarelas modernas, foi traduzida na presença de amigos e familiares entre os modelos. Arte, vida e moda… já descobriu quem imita quem?