Por Diana Motta
Nesta quarta-feira à noite (27.01), temos a Lua cheia do ciclo de Aquário, uma abertura cósmica chamada Tu B’shevat, muito poderosa, que dura 24 horas.
Assim como os primeiros dias do mês de Libra, que chamamos de Rosh Hashana, foram os dias da criação dos seres humanos, a Lua Cheia de Aquário foi o dia da criação do reino vegetal. Os cabalistas entendem que a energia desse dia sempre está disponível quando voltamos para esse mesmo dia no ciclo lunar. Por isso temos acesso a essa energia todo dia 15 do ciclo de Aquário.
É dito que quando as árvores foram criadas, o Criador pediu para energia pré-manifestada das árvores frutíferas do mundo que a árvore inteira tivesse o gosto da fruta. Então, se você provasse o tronco, teria o mesmo gosto da fruta, se você provasse o tronco da laranjeira teria gosto de laranja. A ideia inicial do Criador é que a árvore inteira tivesse o gosto bom da fruta.
Esse foi o primeiro momento na história em que uma criatura não obedeceu ao criador. A árvore disse, “não, eu não vou fazer isso. Mesmo que você me pediu isso, não farei. O tronco terá gosto de tronco e a fruta terá gosto de fruta”. Os cabalistas se perguntam, por que as árvores foram contra a ideia do Criador?
Os cabalistas explicam algo muito bonito, eles dizem que a árvore é a primeira amiga do homem. As árvores sabiam que o homem cairia, no sexto dia, quando fosse criado e seria dito a ele para não comer a maçã da árvore do conhecimento – se conectar com o desejo de receber para si próprio – o homem não teria a força para não cair, a ponto que isso fosse separá-lo da luz do Criador. Então, as árvores deduziram, se o Criador soubesse que os homens estragariam toda criação, poderia se desfazer deles, “então eu vou mostrar ao Criador que existem outros problemas também”.
Elas pegaram para si mesmas a escuridão de não preencherem seu propósito, e decidiram cair antes, pois, quando os homens caíssem, o Criador já saberia que nem tudo na criação é perfeita, então deixaria ao homem uma oportunidade para se reconectar. E foi isso o que aconteceu. Deus deu para ambas essas criações, às árvores e aos homens, a habilidade de se reconectarem.
Agora, vamos entender mais profundamente o que significa o conceito cabalístico da árvore ter o gosto da fruta. A fruta significa o fim, a árvore representa o processo. Sabemos que há a certeza do fim ser bom, porém a experiência do processo é muitas vezes amarga. Então, quando o Criador disse para a árvore “eu quero que a árvore toda tenha o mesmo gosto da fruta”, o que ele queria é que o processo fosse tão doce quanto o resultado. Que estudar fosse tão bom quanto passar na prova, que os desafios no relacionamentos fossem tão prazerosos quantos os bons momentos, que trabalhar fosse tão prazeroso quanto tirar férias, e por aí vai. Como as árvores não foram criadas assim, hoje o processo não é tão doce, quanto deve ser o final dele.
As árvores caíram, os homens caíram e nós experienciamos a vida como na maioria das vezes, infelizmente, com um processo sem prazer. O Criador disse que queria criar um mundo onde o processo é prazeroso assim como o fim do processo. O que ocorre em Tu B’shivat é voltarmos para a semente desse dia. Então, um dos maiores presentes desse dia é injetar a doçura no processo. Nós voltamos para esse momento do desejo do Criador onde ele diz “eu não quero que haja separação entre processo e fim, amargura no processo e doçura na fruta. Eu quero apenas doçura, mesmo dentro do processo”. E é isso que ganhamos e pedimos nesse dia. Podemos pedir isso, quando voltamos para a raiz desse dia, na semente do desejo do Criador, que quer dar a habilidade para o processo ser doce, não haver falta, dor no processo.
Que os processos venham com bênçãos e felicidade e que tragam também os frutos. Então esse dia é tão importante quanto Rosh Hashana. Para o nosso processo e para o processo do mundo. Nesse dia é interessante fazer um ritual e comer frutas e sementes para nos conectarmos com o reino vegetal e sua doçura.
Diana Motta, além de artista visual, é também astróloga cabalística. Começou seu estudo no Kabbalah Centre de Nova York, cidade onde morou durante quatro anos para fazer pós-gradução na NYU em design e tecnologia. De volta ao Brasil, continuou seus estudos por aqui, onde trabalhou como intérprete e tradutora de cursos e palestras, além de traduzir livros e publicações do Kabbalah Centre, assim como a tradução do livro sagrado da Kabbalah, o Zohar, que ela lê em aramaico e hebraico. Formou-se como astróloga pela escola internacional Academy of Kabbalistic Astrology. Hoje atua como profissional na área, com atendimento personalizado de mapas astrais e acompanhamento individual, que inclui, entre outras coisas, interpretação de sonhos. Tudo pela perspectiva cabalística. Resultado de 13 anos de dedicação e comprometimento com o estudo contínuo dessa sabedoria milenar.