Colaborou Larissa Romano
A Baba é uma marca cearense de moda autoral com estampas exclusivas desenvolvidas por artistas locais. Sua mais recente coleção foi apresentada durante o DFB Festival, que movimentou a cidade de Fortaleza. Bazaar entrevista o diretor criativo Gabriel Baquit com exclusividade. Leia abaixo:
Como foi para você a volta aos desfiles presenciais depois de dois anos?
Ficar isolado do mundo por quase dois anos e, ainda assim, se manter criativo tem sido um desafio. Em conversas com outros criadores, percebemos uma dificuldade coletiva de criar, porque muitas vezes falta energia, motivação ou até mesmo recurso. Um dos nossos maiores combustíveis tem sido o feedback positivo do público que se identifica com o nosso trabalho: uma moda cearense, pop e contemporânea. Conseguir formar uma comunidade de consumidores, seguidores e admiradores a partir disso, reuni-los em um desfile e sentir tão de perto essa energia de pertencimento, que a gente tanto cultiva, é, sem dúvida, uma grande inspiração e a motivação que precisávamos para continuar seguindo em frente.
O que inspirou você ao criar esta coleção apresentada no DFB Festival?
As inspirações para a nova coleção “De Outro Mundo” vieram dos universos da ficção científica e da ufologia. Para contarmos essa história de forma inusitada, divertida e bem cearense – assim como a marca – o ponto de partida foi Quixadá, cidade no interior do Ceará conhecida por suas paisagens cinematográficas e pelos vários “causos” de aparições de OVNIs e abduções extraterrestres relatados pela população local.
Como foi o processo de criação da coleção?
Durante os primeiros meses da pandemia, ainda em 2020, a impressão era de que estávamos vivendo uma ficção científica. No fim do ano passado, vimos uma notícia sobre as previsões para 2022 feitas por uma vidente chamada Baba Vanga (qualquer semelhança com o nome da marca é mera coincidência) que falava sobre invasões alienígenas. Fizemos um exercício de imaginar esse futuro distópico no Ceará, mais precisamente em Quixadá. Conseguir se imaginar no futuro é acreditar que nele a gente sobrevive, né?
Minha família é de Quixadá e, durante o processo criativo, pude visitar a cidade algumas vezes, resgatando memórias antigas e construindo novas. A paisagem local foi inspiração para a criação de estampas e cenário para a gravação do nosso fashion film, que faz alusão a filmes antigos de ficção científica – outra grande inspiração para a coleção.
Quais foram as técnicas e tecidos usados nesta coleção?
Além da camisaria estampada carro-chefe da marca, a nova coleção também traz peças em malha com amarrações e silhuetas mais sexies. O clima sci-fi é reforçado por peças de tafetá metalizado cortadas a laser e pelo uso de materiais inusitados, como bolsas feitas em piso vinílico para ônibus.
O que você já tem em mente para a próxima coleção?
Nossas coleções sempre partem de um recorte que fazemos do Ceará ou de alguma memória afetiva local, e são desenvolvidas com uma interpretação pop, contemporânea e bem colorida. É o que se pode esperar da próxima coleção também.