Por Marcela Palhão, com fotos de André Passos, edição de moda Rodrigo Yaegashi, styling Larissa Romano e beleza Jessyca Tommasi
“Vendemos o Brasil só pelo viés do Carnaval e do futebol. A gente não contou direito as nossas histórias e a das nossas riquezas”, analisa Patricia Bonaldi que, mesmo com o processo de internacionalização da PatBo, jamais abre mão da produção local. Ao iniciar sua marca homônima, a designer mineira mergulhou nos vidrilhos e pedrarias para criar seu diferencial, que logo se destacou entre nomes atuais.
Atualmente, com a migração da marca Patricia Bonaldi para a PatBo, a aceleração do desenvolvimento de novas coleções e o apelo jovial do nome, as técnicas manuais, que unem diferentes pontos feitos em linhas e lãs, dividem espaço nas prateleiras com jeans, beachwear e estamparia.
“Com o bordado, você rema na contramão da velocidade da moda. Ele tem um limite, não é o mesmo processo de uma camiseta, por exemplo. São mãos humanas, é um trabalho muito valioso. O bordado deve ocupar o espaço dele de técnica especial, não se transformar em um carregamento de coisas, em um desejo de vendas”, analisa.
A falta de mão de obra é um dos principais problemas para as marcas que investem no manual, e não foi diferente com a PatBo. Quando seus produtos começaram a ganhar mais visibilidade, a estilista buscou a solução para esta questão no incentivo à educação. Em Uberlândia, sede da label, Patricia criou uma escola de capacitação para bordadeiras, que ensina gratuitamente as práticas adotadas pela marca.
“A iniciativa virou um projeto em torno da arte de bordar. O que me importa é que essa técnica não acabe, prefiro que eu e minha concorrente possamos dividir uma bordadeira, ter a mão de obra no mercado, do que nenhuma de nós existir”, finaliza.