
Lucy Alves usa top de crochê de Rodrigo Evangelista, biquíni da Adriana Degreas e pulseiras Dudarillo – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Lucy Alves vem nos brindando com diferentes versões e talentos na televisão desde quando abocanhou nossa atenção com sua sanfona no “The Voice Brasil”, no já distante 2013. Desde lá, a paraibana de João Pessoa entra em nossos lares pelos caminhos da música e da atuação, ainda que este segundo tenha vindo ao acaso.

Lucy Alves usa top de crochê de Rodrigo Evangelista, biquíni da Adriana Degreas e pulseiras Dudarillo – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Exemplos recentes são a surpreendente Leoa de “The Masked Singer” (reality da Globo) e a potente Deusa de “Só Se For por Amor” (Netflix). Anteriormente, também atuou em produções robustas do naipe de “Amor de Mãe” e “Velho Chico”, ambas na vênus platinada. “Quando se tem um propósito, trabalha com seriedade, muita alegria, as coisas vão acontecendo”, conta.

Lucy Alves veste Balmain – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Não tem fórmula, mas, no seu caso, essa foi a trilha. Aos 36 anos, vive sua primeira protagonista, em “Travessia”, nas telinhas da Globo, chegando para um público maior e consolidando uma base de fãs – só no Instagram são quase 1 milhão de pessoas. Em um dia de descanso para Brisa, sua personagem na trama das 21h, entrou no estúdio com o time Bazaar e se deixou levar pela magia, descortinando caminhos de tanto amor. “Desbravador, livre e poético”, define o ensaio dessa entrevista. Uma ode à Tropicália e à eterna Gal Costa, que morreu em novembro.

Lucy Alves veste Balmain – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Brisa e Lucy têm um legado a cumprir em horário nobre: são mulheres nordestinas, pretas, fortes e lutam pela liberdade. “As pessoas precisam se enxergar nesses espaços, outras meninas, mulheres, sanfoneiras e atrizes”, enumera. Ela encara esse trabalho com carinho, pois, sabe, abre caminhos. Ambas correm atrás da felicidade. A fictícia leva a vida como um leve vento à beira-mar – como o significado de seu nome. “Ativa, corre, faz e acontece. Talvez lide com mais facilidade do que eu”, conta a pisciana sobre os problemas da personagem – de traição a fake news. “Quando entro no estúdio, coloco figurino e fico lendo as cenas. Procuro saber qual é meu estado de espírito naquele momento. Caracterizada, piso no estúdio e a Brisa vem”.

Calça Scandalous – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Ela bem sabe: é um trabalho cansativo, tem tentado se divertir e aprender. Para encarar a jornada de muitas horas de gravação e a viagem até os estúdios Globo (ela mora em Copacabana e a emissora fica em Jacarepaguá), a música – novamente ela – ajuda a se concentrar. Faixas alegres, com um pé na dança. Chico Science e seu manguebeat se fazem presentes na playlist variada.

Jumpsuit Dolce & Gabbana, headpiece Marco Apollonio e sapatos Christian Louboutin – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Talentosa, Lucy é multiinstrumentista. Toca sanfona, piano, bandolim, violino e uma dezena de instrumentos, frutos de formação musical pela Universidade Federal da Paraíba. E não apenas. Ela e as irmãs Lizete e Laryssa foram incentivadas pelos pais José e Maria, músicos da banda Clã Brasil. Embora as referências fossem masculinas – a exemplo de Luiz Gonzaga e Sivuca, com exceção de As Bastianas. “Meu pai nunca falou que a gente não podia fazer algo”, destaca. Nunca houve distinção entre “coisas” de menino ou menina. “Era livre para brincar na rua, fosse saltar de paraquedas ou surfar, e tocar sanfona nos bares (como aconteceu). Em casa, sempre houve uma liberdade muito grande”, comemora.

Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
A atriz e cantora agradece por fazer o que gosta ao ter agarrado as oportunidades da vida. “Não é um caminho fácil sendo mulher no mercado fonográfico”, resume. Mas esse esforço, de deixar a família no Nordeste e ir sozinha ao Rio de Janeiro há quase uma década, tem dado resultado. Em 2017, foi indicada ao Grammy Latino. Depois de “Travessia”, seguirá produzindo música. “Adoro fazer show, lançar minhas coisas, compor, também”.

Riviera Dudarillo – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Em estúdio, está montando uma nova turnê, quer viajar o País e produzir novas faixas. “Homenagem ao Brasil. Muito quente e dançante”, pontua. Um resgate ao forró da sua infância e todas as referências que a acompanharam até aqui. Acredita ser o momento de ratificar nossa identidade como nação. “Trazer beleza e esperança nessa mudança de governo, a gente está ansioso. Mudar essa atmosfera estranha, e trazer uma coisa bonita e brasileira”, pondera.

Look total Scandalous e sapatos Minha Avó Tinha – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
O lado artista tem outras facetas, como o de empresária. Enquanto atua, tem um time pensando em conceito de show e tudo mais. “Caminhando com a minha fase atual, com o que eu quero falar. É um trabalho danado, mas é super possível”, garante. Com as redes sociais e os virais no TikTok, em especial, o espaço foi democratizado. Mas viraliza, em sua opinião, quem é original. Cinema, ela nunca fez. Mas tem vontade. Está no horizonte, joga para o universo e lá na frente colherá os frutos. “Acredito nisso, de ir atraindo. Algumas poucas vezes eu anoto. Gosto de ver se se cumpriu”, revela.

Body Riachuelo e saia Moss – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Geralmente, no início do ano. Na virada para o próximo, vai saber se já pode riscar alguns life goals, como ser protagonista de um folhetim no horário de maior audiência na tevê. Morando no Rio de Janeiro, a cidade a fez ser muito mais livre em suas escolhas, das pessoais às artísticas. A alegria do carioca reverberou positivamente em Lucy, com vontade de viver – igual à do povo nordestino. “A gente tem isso de querer ser feliz, mesmo em um momento difícil. Não tem lamúria”.

Corset Dolce & Gabbana, vestido usado como estola Maria Carolina Watanabe, calça Riachuelo e sapatos Beira Rio – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Menina-moleca com alma desbravadora, não gosta de ficar na mesmice. Sua minha criança interior está viva e, por ser muito curiosa, está sempre alerta para aprender. Em um raro day off, Lucy gosta de ficar em casa, em meio aos seus pufes e piano, vendo séries ou brincando com seus gatos. No círculo mais íntimo, adora carinho e estar em família. “Meu tempo vago é para ficar com as pessoas que gosto. Adoro tirar um tempo sozinha, também”. Esse momento para descansar é um mergulho pra dentro. “Tenho essa coisa da solidão para ficar pensando, criando. Adoro”.

Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Seus destinos favoritos? Natureza somada à prática de esportes. “Sou menina do litoral, cresci na praia. Essa relação com o mar, com cheiro, é importante”. Lucy conta que a vida social anda em baixa, por conta das gravações da novela. Mas não reclama. Quando sai, gosta de falar com fãs e receber essa troca de energias. “Tem hora que a gente só quer estar sozinha, sair com amigo, parente, com namorado etc.”, diz.

Saia Etro, body chain Le Charm e botas Lucas Regal – Foto: Ivan Erick, com direção criativa de Leticia Haag, styling de Bruno Uchoa e beleza de Helder Rodrigues
Terapia ajuda a lidar com assuntos fora do controle, como quando teve sua bissexualidade exposta nas páginas de fofoca no primeiro semestre do ano. “Ficar catando e buscando momentos íntimos das pessoas, acho um pouco triste”, lamenta. Ela não tem problema em tocar no assunto. Se perguntam, fala. Para Lucy, a vida é boa porque é produtiva. Sua meta é compor uma música por dia. Essa produtividade a alimenta: “Meu maior tesão”. Seja pelo caminho da música ou da dramaturgia, Lucy nunca é um vento fraco. Sua potência vai de moderada a intensa. Sempre com um ar leve e refrescante. Múltiplo, como foi a Tropicália.