Foto: André Hawk

Ele está bombando na novela das 19h da TV Globo, “Vai na Fé”, com o personagem Lui Lorenzo, um cantor brega e ingênuo que vive sob as asas da mãe, Renata Sorrah. José Loreto aposta em seu personagem e acha que ele é muito incrível. Na trama, Loreto tem de cantar e dançar, coisas que para ele são mais difíceis, mas que a preparação para o filme de Sidney Magal, que ele acabou não fazendo por conta de “Pantanal”, ajudou muito.

“Eu já havia me preparado há dois anos para fazer o Magal, ainda na pandemia, dançando, cantando, deixando o corpo mais leve, mais lânguido”, conta.

Aos 39 anos, recém-completados no último dia 27, Loreto está com a bola toda, vive um protagonista de sucesso e tem dois filmes para estrear: “Pacificado” e “A Cerca”, ambos rodados antes da pandemia.

Pensa em dirigir seus próprios projetos e investe na carreira também como coprodutor de filmes, como aconteceu em “Meu Sangue Ferve por Você”, que retrata a vida de Sidney Magal e sua esposa, Magaly, personagem vivido pela atriz Giovana Cordeiro. “Gosto muito de ter esse olhar de fora de cena, acho que sou um ator que propõe coisas que induzem a direção.”

Pai de Bella, fruto de seu relacionamento com a também atriz Debora Nascimento, ele é um apaixonado pela menina, e acha que a paternidade mudou tudo em sua vida. “Mudou tudo, né? Mudou tudo para melhor, significados, a mudança mais brusca que aconteceu na minha vida foi quando eu me tornei pai. Desejos, responsabilidade, absolutamente tudo muda, e para melhor”, explica.

Sobre projetos futuros, prefere fazer segredo, mas conta que há muitas coisas acontecendo. “Segredo! Tem muita coisa legal acontecendo, muitas portas se abrindo, mas não quero desperdiçar energia agora falando porque ainda não está na hora.”

Leia a seguir a entrevista que Bazaar Man fez com o ator.

Foto: André Hawk

Como se tornou ator?

Foi em Niterói, quando eu estudava. No terceiro ano do segundo grau nos apresentaram o teatro, infelizmente muito tarde. Mas quando eu conheci foi uma paixão avassaladora. Pensei: “O que é isso, teatro? Dá para viver disso? Porque é disso que eu quero viver”. E foi ali, com 17 para 18 anos, que eu decidi que queria ser ator.

O que estudou?

Eu saí da escola e fui estudar economia, porque meus pais ficaram com medo de eu estudar teatro. Aí eu fui para Hollywood e quando voltei fui estudar na CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). Um ano e meio que eu estava estudando já comecei a trabalhar, o processo foi muito rápido. Me formei em cinema também. E ator é isso aí, sempre estudando, né?

Como surgiu a oportunidade de fazer Lui Lorenzo?

Eu já havia trabalhado com o Paulo Silvestrini [diretor] em “Avenida Brasil” [novela da TV Globo]. E ele me chamou para fazer um teste quando eu ainda estava fazendo “Pantanal”, seria uma novela emendada na outra, tanto que perdi a preparação e só tive quatro dias de folga. “Pantanal” foi muito árduo, desde a preparação e tudo o mais, mas quando eu vi o personagem Lui Lorenzo, que tinha muito a ver com a preparação que eu fiz para Sidney Magal, que eu acabei não fazendo por conta de “Pantanal”, eu achei muito incrível o texto da Rosane Svartman e queria trabalhar com o Paulinho novamente, com esses amigos incríveis de elenco, me joguei no teste e estou aí como “Lorenzeti”.

Como se preparou para o papel?

Eu já havia me preparado há dois anos para fazer o Magal, ainda na pandemia, dançando, cantando, deixando o corpo mais leve, mais lânguido. Mas para a novela eu comecei a me preparar no final de “Pantanal”, foi assim, foi esse corre doido.

Foto: André Hawk

Como você se inspirou para criar esse personagem?

Primeiramente, o Magal. Mas o Lui é um cantor com personalidade própria, assim como o Magal, assim como outros artistas incríveis que você não consegue identificar um estilo, porque é um estilo próprio. Então ele tem uma musicalidade do Latino, a referência dele ser é o Lulu Santos, ele tem esse romântico, tem Ricky Martin, Leo Santana, é uma colcha de retalhos. Agora ele está entrando em uma fase mais Tiago Iorc, então eu vou pegando a influência desses caras e colocando o Lui Lorenzo neste universo.

O que exige mais de você o canto ou a dança?

Eita pergunta difícil, hein? Posso falar que são 50% para um lado e 50% para o outro. Porque eu tenho corpo de judoca desde os cinco anos, e ele é rígido, então me dá muito trabalho. E cantar é uma arte muito abstrata, né? Acho muito complexa a arte de cantar. E dançar e cantar vira uma dor de cabeça, mas eu tenho curtido muito, não gosto de nada fácil não.

Arriscaria se lançar como cantor?

Não, eu não quero ser cantor, mas quero ser um ator que canta. Eu quero um dia fazer um musical, ter abertura para cantar em shows de amigos, quero fazer muitos personagens músicos. Mas cantor, não me arrisco não.

O que Lui Lorenzo tem de José Loreto?

O Lui Lorenzo tem muito do José Loreto, mas ele é mais dilatado, né? Ele tem tudo mais potencializado, ele tem mais cores, tem muita coisa.

Foto: André Hawk

Como tem sido a receptividade do público com o seu personagem, você tem acompanhado?

Eu tenho gravado de segunda a sábado, fica muito difícil ter uma vida fora da gravação. Mas a gente está na rua, vai na padaria, viaja de vez em quando, e a receptividade tem sido um absurdo, e eu vejo também nas redes sociais, Crianças, idosos, o Lui Lorenzo virou um cantor que as pessoas têm muito carinho, admiração, elas querem shows do Lui, ficam esperando o lançamento de uma música, de um clipe. O Lui rompeu essa parede, vai em programas de auditório. A receptividade é maior que qualquer outro personagem que eu tenha feito, porque é isso, as pessoas me veem não só na novela, mas me veem nos programas. Então, o Lui Lorenzo é muito famoso.

Como é contracenar com Renata Sorrah, é a primeira vez que trabalham juntos?

Sim, é a primeira vez que contraceno com a Renata. Quando eu estava em “Pantanal”, disse para a Dira Paes e outros colegas que a minha mãe seria a Renata Sorrah, ficou claro que eu sou o filho mais felizardo da teledramaturgia brasileira de ter essa mãe. A Renata é um acontecimento, é uma estrela, no maior e melhor sentido. Ela é muito generosa, já disse que quero fazer uma peça com ela, estou apresentando projetos para ela. Quando eu soube que seria filho da Renata Sorrah, disse “bora” emendar [uma novela na outra], não tem descanso não.

Além da novela, ainda neste ano, você vai aparecer no cinema, fale sobre os filmes “Pacificado” e “A Cerca”.

Dois filmes incríveis que eu adorei fazer. “Pacificado” já faz muito tempo, faz cinco anos que eu rodei esse filme, e ganhou muitos prêmios, é surreal esse filme, o Morro dos Prazeres foi uma experiência única. E “A Cerca” foi um longa que eu rodei antes da pandemia, foi uma coisa muito incrível também e foi por meio desse filme que o Papinha [Rogério Gomes, diretor] me chamou para fazer “Pantanal”, porque é uma coisa country, foi em Cambará do Sul, em 2020, e estou doido para vê-los na tela.

Você também assina a coprodução de “Meu Sangue Ferve Por Você”.

Eu ia fazer o protagonista, mas “Pantanal” não permitiu, mas eu fui coprodutor, opinei muito, criei uma relação com os produtores e a direção do filme. Foi maravilhoso poder estar gravando “Pantanal” e estar dando pitaco em tudo, ajudando de alguma forma. Foi uma ótima experiência, porque eu acredito nisso, no ator produtor. Quero produzir os meus próprios projetos e esse foi o primeiro. Eu vi tudo sobre o Magal, todos os clipes, todos os shows, eu sei Magal de cor e salteado.

Tem vontade de dirigir?

Tenho. Gosto muito de ter esse olhar de fora de cena, acho que sou um ator que propõe coisas que induzem a direção. Uma hora vai chegar essa oportunidade.

Acha que o streaming abriu portas para atores e diretores – incluindo mulheres?

Eu acho que o streaming tem aberto portas para todas as áreas, mas acho que isso a gente só vai entender daqui a um tempo, né? Nós estamos no meio dessa roda-gigante e vamos entender esse mercado mais para frente.

Como vê a representatividade negra no audiovisual?

Olha, é muito bom ver essa representatividade mais igualitária, sem estereótipos, que até pouco tempo existia. Poder ver pretos em papéis de destaque, de protagonismo, é ver uma reparação que já devia ter acontecido há muito tempo dentro do audiovisual. Acho que os projetos atuais têm demonstrado isso, como “Vai na Fé”, “Cara e Coragem”, “Amor de Mãe”, “Terra e Paixão”, [novelas da TV Globo] são novelas que são prova de que estamos avançando muito nesse sentido. E temos muito mais para avançar.

Foto: André Hawk

Como cuida do corpo? Que tipo de exercícios pratica regularmente?

Eu estou sempre em atividade. Tem dia que eu jogo basquete, que eu subo a pedra da Gávea, dia que eu corro, que malho crossfit, mas estou sempre em atividade. O exercício físico para mim é saúde, o corpo vira consequência.

Tem algo que não come?

Evito azeitonas.

O que gosta de ouvir?

Eu gosto de tudo, absolutamente tudo. Muito difícil dizer o que gosto de ouvir, mas bota aí Caetano [Veloso], só para você entender.

Você é pai de Bella, pretende ter mais filhos?

Eu tenho pensado mais no meu presente. Projeções de futuro, as coisas mudam o tempo todo. Estou muito feliz sendo pai da minha Bella. Deixo a vida falar por mim.

O que a paternidade mudou na sua vida?

Mudou tudo, né? Mudou tudo para melhor, significados, a mudança mais brusca que aconteceu na minha vida foi quando eu me tornei pai. Desejos, responsabilidade, absolutamente tudo muda, e para melhor.

Foto: André Hawk

Quais são os próximos projetos?

Segredo! Tem muita coisa legal acontecendo, muitas portas se abrindo, mas não quero desperdiçar energia agora falando porque ainda não está na hora.