
Vestido Aya Muse, botas Marc Jacobs e anel do acervo – Foto: Christian Maldonado, com styling de Larissa Romano
Por Gilberto Júnior
Vinte e quatro de fevereiro de 2023. Elisa Zarzur desembarcou em Milão depois de um carnaval animado para marcar presença no desfile de inverno da Dolce & Gabbana. Conectada, a primeira providência da paulistana foi tentar equilibrar sua rotina com o fuso horário da equipe que ficou no Brasil. “São muitos detalhes para administrar e gosto de lidar com as questões pessoalmente. Por mais que a gente se organize, acontecem imprevistos”, diz ela, que, aos 23 anos, é um nome forte na influência digital. “Cheguei à cidade na véspera da apresentação e Kim Kardashian estava por lá para lançar a coleção que projetou em parceria com a grife. Estava tudo parado, um verdadeiro caos.”
A saga milanesa de Elisa foi devidamente compartilhada, nada passou batido. Dias depois, seus mais de 235 mil seguidores no Instagram puderam mergulhar na semana de moda de Paris, o ápice da temporada internacional. Teve perrengue chique, misto de sensações minutos antes de a primeira modelo abrir o show de Isabel Marant. “Nunca fiquei tão nervosa e honrada ao mesmo tempo. Precisava ir ao showroom da marca escolher o look que usaria. Só que, na correria, meu assistente nos direcionou para o endereço errado. Fomos parar a 40 minutos do local correto. Imagina a loucura. Mas foi um espetáculo icônico, que mostrou a figura da mulher atemporal, algo que me interessa muito.”
A influenciadora não faz questão de disfarçar que vive um conto de fadas há sete anos, quando iniciou a carreira na internet. “Sonhava participar das fashion weeks, cruzar tapete vermelho, estar em grandes eventos.” Moda para ela sempre foi assunto sério. “Minha mãe, Gisele Maluf, é a maior referência que tenho. Seu closet era um paraíso. Eu me lembro de chegar da escola, bem novinha, e ficar experimentando suas roupas e sapatos. Adorava os saltos. Hoje em dia, é mamãe que passa no meu armário para pegar uma peça mais moderna para ir a almoços. A gente se complementa, amamos dividir. E o mais legal é que vestimos o mesmo look de formas totalmente opostas, seguindo nossos estilos.”
É com Gisele que Elisa garimpa algumas de suas melhores produções, como uma saia preta com uma fenda generosa da Dior, dos tempos de John Galliano, e um conjuntinho branco da Chanel, que, aliás, a influenciadora usa nas fotos que ilustram esta matéria. “É um exemplo de nosso gosto em comum, e que foi passado de mãe para filha. Ela me batizou, em 2002, com essa roupa. É especial para a família.”
A paulistana, aliás, se encontra entre o vintage e o contemporâneo. No entanto, ela não arrisca uma definição. “Estou em constante mudança”, afirma. “Gosto de sair de casa de acordo com meu mood ou conforme alguma mensagem que eu queira passar. Prezo pelo inesperado, sem abrir mão da elegância. Utilizo artifícios criativos até de beleza para diferentes ocasiões. Já descolori a sobrancelha para combinar com um vestido de gala, colori os cílios para contrastar com as peças que elegi para um jantar. Acho interessante ficar observando a forma como as pessoas se vestem em minhas viagens”, conta Elisa, emendando. “Dei meus primeiros passos no universo virtual aos 15 anos, no auge da minha adolescência, um período da vida que costumamos nos importar com a opinião alheia. Mas as coisas evoluíram, amadureci. Agora, escolho o que me faz bem. Óbvio que levo em consideração a palavra de quem torce por mim, porém é libertador ter a decisão final embasada em quem não se prende a rótulos.”
Não há regras definitivas no mundo da influenciadora. “Se me perguntassem dois anos atrás o que eu não usaria jamais, a resposta seria bermuda. Mas mordi a língua e atualmente visto e curto à beça. Também não era admiradora de clog e acabei me rendendo. A moda é etérea, e por isso tento não me limitar mais.”
Política, Elisa prefere não listar as marcas favoritas. “Meu trabalho me proporciona a oportunidade de estabelecer uma relação de confiança com grifes de diversos segmentos e portes. Cada uma delas ajudou a construir a identidade empresarial que carrego ao longo desses anos de estrada”, aponta ela, que estreou nos desfiles internacionais em 2019, na plateia da Fendi, durante uma temporada de alta-costura. “São shows exclusivos, para pouquíssimos convidados. É uma construção impecável; é até difícil de explicar. Sou muito grata pela chance de poder viver essa experiência.”
Desde seu début no mercado de influência, Elisa percebeu uma alteração significativa de rota nas redes sociais. “Não é mais sobre atingir a estética perfeita, e sim aquela que cabe para você, que tenha a ver com sua personalidade e com a fase que está vivendo. Respeitar esse processo com seriedade é o caminho para alcançar a audiência. Ao longo da minha trajetória, entendi que retratar a minha realidade gerou identificação e criou uma comunidade engajada. O segredo é não se comparar e não enxergar as colegas como concorrentes, até porque tem espaço para todas. Como comunicadora, o meu desejo é impactar as pessoas, gerar bons sentimentos. Acredito que moda é arte; e eu quero me expressar.”

Top Miu Miu; saia Magda Butrym para NK Store, luvas do acervo pessoal e sapatos The Attico – Foto: Christian Maldonado, com styling de Larissa Romano
Para extravasar ainda mais essa paixão, não descarta lançar uma marca própria – ela, inclusive, assinou collabs com as amigas Helena Bordon e Lala Rudge. “Seria incrível poder concretizar minhas ideias. Tenho planos, porém não posso revelar. É natural querer alcançar novos voos e tudo o que estou vivendo é indescritível.” Para Elisa, isso é só o começo.