Se você frequenta minimamente a noite paulistana, já deve ter esbarrado com Lily Scott em alguma festa, seja como produtora, PR dos negócios que toca, DJ, influencer ou hostess – como tudo começou há uma década e meia. À época, caiu de paraquedas para quitar uma dívida da faculdade de administração. Mas nem ela acredita que conseguiria se enquadrar a uma jornada corporativa sem as aventuras e histórias que o circuito noturno lhe proporciona.
A empresária multifacetada lança, nesta sexta-feira (23.06), sua mais nova empreitada. Ao lado dos sócios Cairê Aoas e Facundo Guerra, o antigo endereço onde funcionou por anos o emblemático Love Story, no Centro de São Paulo, passa a se chamar Love Cabaret.
No novo espaço, projetado pelo arquiteto Maurício Arruda, haverá espetáculos e performances com o desejo como ponto de partida. O clube apresentará rituais preliminares, antecessores ao sexo – a exemplo de fetiches, shibari, BDSM (bondage e disciplina, dominação e submissão, sadomasoquismo) até ASMR.
Balada não é o melhor termo para designar o novo Love. “Somos um palco como nunca visto antes. Uma casa de shows com performances relacionadas ao corpo, onde será possível assistir diferentes números ao longo da noite, enquanto se tomam ótimos drinks e come-se bem”. Mescla de teatro e tecnologia, por assim dizer. “Para entregar esses números, estamos desenvolvendo uma estrutura tecnológica reunindo lighting, video mapping, efeitos especiais junto à trilha sonora”, complementa.
Ainda em fase de estudos, um marktplace venderá produtos de marcas parceiras, como lingeries, vibradores, chás, drinks afrodisíacos até uniformes e peças-desejo das apresentações. Definitivamente, um parque de diversões para os adultos.
Neste Mês do Orgulho, Lily também esteve no comando do Festival Castro (em menção ao berço da revolução pelos direitos LGBTQIAPN+, em São Francisco, nos EUA), uma ode à cultura queer. “Tínhamos um propósito simples: ser um lugar acolhedor para todos e elevar o padrão de entretenimento para a nossa comunidade, com a premissa de explorar diferentes pontos da cidade. E, com sorte, descobrir talentos e fazer novos amigos”, resume a trajetória de sete anos daquela que começou como uma festa nichada e, desde o ano passado, se apresenta como festival na Pauliceia. Este ano, o line-up juntou Silva, Marina Sena, Liniker, Johnny Hooker e Karol Conká no Vale do Anhangabaú. “Queremos potencializar as oficinas e ações junto às ONGs e caminhar para o lado social e de transformação”, conta ela, negando acreditar que o selo seja apenas sobre música.
Com o mesmo gás de quem vira a noite, Lily adora acordar às 6 da manhã quando pode. “Questão de equilíbrio”, entrega. Raramente começa o dia depois das 8h. “A festa precisa ter sido daquelas para isso acontecer”, ri. Ao mesmo tempo, gosta de encontrar gente e conhecer outras tantas. Dentro de casa, recarrega as energias. Ela é daquelas pessoas que a gente não cansa de conversar. Toca, dança, representa e, se duvidar, ainda sapateia. Mas não deixa de se divertir em meio aos processos. Faz velas, essências de casa e aromatizantes para tranquilizar. “Adoro ficar em casa, escrevendo e ouvindo música, maratonando leituras”. Um lado pacato e adorador do silêncio, o qual a gente não imagina quando ela está montada, com looks impecáveis e maquiagens dignas de tutorial nas redes sociais. “Se eu te disser que gosto de fazer muitas das coisas que já faço trabalhando, você acredita?”, rebate.
Não precisa nem dizer. Ela ama o trabalho. Mas comer, beber e viajar estão no topo da sua lista de desejos. Assim como conhecer novas pessoas. Com tantas abas abertas, sabe da dificuldade em ser mulher em um meio ainda rodeado pelo machismo. “O respeito profissional é uma consequência de anos de histórias, de experiências proporcionadas e vividas, de projetos concisos. Sempre coloquei todo o amor do mundo naquilo que faço e, entre erros e acertos, busco sempre fazer o melhor – para mim e para os outros”.
Sua vontade é viver em um mundo que respeita a diversidade. “Nossa potência está em nossas diferenças”, atesta. É nisso que Lily acredita e põe em prática. Sempre com olhar de descoberta e comprometimento. Com ela, a troca é intensa, o papo é fluido e o set sempre cool e diversificado. De preferência, rock ‘n roll.