Full look Fendi – Foto: Edgar Azevedo, com styling de Ode, direção criativa de Kleber Matheus, beleza Lu Safro e Mika Safro, set design Lucas Teixeira, nail art Cyshimi, vídeo Alysson Freitas, tratamento de imagem Marcos Nascimento, assistente de set design Bernardo Santos, assistente de styling Juma Santos e Bianca Carvalho

Isabela Cristina Correia de Lima está mais consciente do que quer, pois passou a respeitar o seu tempo. Nossa cover girl Iza sente-se muito mais segura às vésperas de completar 33 anos, neste domingo (03.09). “Estou feliz e relaxada”, diz. “Sei o que funciona para mim e o que não.”

A cantora estrela uma de nossas capas da edição de setembro, em um editorial majestoso com ode a Nollywood – potência cinematográfica da Nigéria – ao reverenciar mulheres pretas poderosas, flertando ainda com a realeza e signos de riqueza e poder ocidentais. A estética casa, também, com o álbum “Afrodhit”. O segundo de estúdio, sucessor de “Dona de Mim” (2018), chegou às plataformas no começo de agosto. “Tentei lançar mais coisas em menos tempo com a profundidade que tento dar aos meus trabalhos. E foi impossível no sentido emocional e mental. Fico superestressada. Não funciona”, decreta.

O novo trabalho versa sobre se apaixonar, se envolver e o amor em diferentes formas – como ela mesma experienciou após o término de seu casamento no fim do ano passado. “Queria falar sobre minhas experiências, que giravam entre amor-próprio, se apaixonar de novo, desapaixonar e tédio”, destaca. Não era a intenção, mas acabou acontecendo. “Ter essa consciência foi libertador para mim. Para poder criar, expor sentimentos dos quais a gente, geralmente, não se orgulha, como raiva e rancor.” No início do ano, a cantora descartou um disco completo por não se identificar com o repertório e começou novamente do zero com mais liberdade para dar pitaco na produção.

E, por mais que haja cobrança por parte dos fãs em lançar algo novo, ela agradece ser a voz de uma geração querendo ouvir o que ela tem a dizer em uma época onde artistas lançam um single atrás do outro para não cair no esquecimento. Essa maturidade vem acompanhada de algo importante: não ter medo de errar. “Entender, também, que as pessoas não estão pensando tanto assim em mim”, ri. Além de explorar outras sonoridades, ela interpreta músicas escritas pensando em seu timbre, o contralto, mais grave. “Antes era só uma característica, agora quero que seja uma assinatura.”

Iza usa vestido Reinaldo Lourenço, vestido João Maraschin, calça DOD Alfaiataria, sapatos Pegé e brincos Swarovski – Foto: Edgar Azevedo, com styling de Ode e direção criativa de Kleber Matheus

Se uma de suas maiores conquistas nos últimos anos foi ter subido ao palco principal do Rock in Rio, no ano passado, agora tem novo motivo para celebrar. Repete a fórmula no festival The Town, dia 10 de setembro, em São Paulo, após tour na Europa. “Nunca imaginei estar neste lugar ou espaço”. Em 2017, quando deixou a vida de publicitária para se dedicar à carreira, estava vivendo um “momento mágico” ao cantar com o Cee Lo Green. “Não estava acreditando que seria possível”. O hit “Pesadão” ainda não tinha sido lançado e ela havia acabado de assinar com a Warner, sua gravadora até hoje. Em 2019, voltou ao Palco Sunset – desta vez sozinha – e o resto é história.

As paixões continuam as mesmas, apesar de ver as coisas sob nova perspectiva. “Daquele início sobrou a essência, a vontade de contar histórias, a paixão por cantar e montar show”, descreve. Outro momento marcante foi no concerto de Alicia Keys no Rio de Janeiro, em maio deste ano. “Ela me perguntou se o arranjo estava bom. Como assim? Foi muito fofa”, detalha sobre o convite para cantar o mashup de “Un-thinkable”, da nova-iorquina, com “Dona de Mim”, da carioca.

Headpiece Walério Araújo e gargantilha Swarovski – Foto: Edgar Azevedo, com styling de Ode e direção criativa de Kleber Matheus

Iza ainda estreou como atriz este ano, fazendo uma ponta no longa “Um Ano Inesquecível – Outono”, filme de Lázaro Ramos para o Prime Vídeo. “Paixão antiga, uma coisa que queria fazer e não tinha coragem. Foi um passo especial”, comemora. Quer ser reconhecida como artista, não só como cantora, uma vez que também apresenta. “As pessoas colocam a gente em uma caixa. Muito legal fazer tudo o que se tem vontade.” Acredita que este seja o início de um flerte com as telinhas ou telonas. “Tenho que estudar, me preparar, mas é uma coisa que senti prazer ao fazer.” Já havia sido convidada para atuar há pouco tempo, mas tem todo um trabalho de construção a ser respeitado. “Não estou falando que tem que demorar, mas tenho de me sentir segura.” Agora entra em turnê da nova era, mas é uma equação a ser estudada. “Acho que dá para fazer. É um desejo.”

Iza veste full look Fendi – Foto: Edgar Azevedo, com styling de Ode e direção criativa de Kleber Matheus

Falando em soprar palavras para o universo materializar, até pouco tempo atrás fazia lista com conquistas que gostaria de alcançar. Mas, hoje, tem até vergonha. “Às vezes, nem dá tempo porque as coisas vão acontecendo antes de entender que é um desejo.” Rosto da Fendi no Brasil, a embaixadora da label italiana nunca imaginou ser o rosto de uma marca fashion tão tradicional. “É sobre legado. Da mesma forma que penso se ela se adequa aos meus princípios, tenho certeza que pensaram nisso, também, ao me escolherem. Sinto-me muito lisonjeada e, com certeza, é um sonho realizado”, comemora.

Se a vida de Iza está “completona” no trabalho e no lado pessoal, o que mais falta? “Talvez, para a minha vida ser completa, queira um filho, filhos, filhas. Quero muito ser mãe. É um projeto de vida, que não é para agora. Mas tenho muita vontade”. Se no passado tinha ideia pré-concebida da instituição “família, casamento e blá-blá-blá”, hoje pensa diferente. Com o namorado Yuri Lima, volante do Mirassol (da série B do Campeonato Brasileiro), conversa sobre o tema. “É um desejo dele. Então, a gente fala sobre isso, sim”.

Para estarem juntos, têm um combinado: se ela tem folga, vai correndo até o jogador. “Se ele tem, vem correndo para mim, se estiver no Rio ou em São Paulo.” Ele mora na cidade-satélite de São José do Rio Preto (interior paulista). “Fica muito nesse vaievém. Nunca imaginei que fosse namorar à distância. E, por incrível que pareça, está dando muito certo”. Os dias off são preenchidos com praia, amigos e churrasco – paixão compartilhada. “O Yuri não bebe, e eu gosto de uma cervejinha. Mas ele me acompanha na conversa”, diverte-se. Para ele, dedica os versos de “Exclusiva” (Tô tocando um pedaço céu / Tô ouvindo cores no ar / Sentindo de novo como é amar). E se a vida real repetir o arco do disco, que começa com “Nunca Mais”, cuja frase “Ou é para a vida toda ou para nunca mais” gruda na cabeça, a paixão se instala em “Uma Vida é Pouco Para Te Amar”. Que assim seja!