Gaby Aghion, fotografada pelo marido Raymond em Alexandria, no Egito, na década de 1940 (Imagem: Divulgão/The Jewish Museum)

Por Cristiane Peixoto, de Nova York

Enquanto a ausência de mulheres no comando das marcas grandes marcas de luxo tem virado assunto, uma exposição inédita sobre Gaby Aghion, fundadora da Chloé, chega em boa hora.

Batizada de “Mood of the Moment: Gaby Aghion and the House of Chloé”, a nova mostra no The Jewish Museum, em Nova York é primeira exposição dedicada ao legado de estilista (1921 – 2014) que fundou a casa de moda em 1952. Em seus mais de 70 anos de existência, os ateliês da marca viveram eras notáveis (de Karl Lagerfeld, Stella McCartney e Phoebe Philo à recém-saída Gabriela Hearst e a nova Chemena Kamali), representadas por 150 peças, além de croquis e fotos históricas resgatadas dos arquivos.

Nascida no Egito, com pais judeus, Gaby Aghion foi acostumada desde cedo a circular por ambientes culturais – um hábito que levou para Paris, depois da Segunda Guerra Mundial, onde se tornou habituée dos círculos intelectuais e artísticos. Nesse espírito boêmio e livre, sem os padrões rígidos da alta-costura, deu origem à Chloé. O nome, francês, foi inspirado em uma amiga.

Em seus anos da moda, Aghion revolucionou o prêt-à-porter, ainda uma novidade que competia por atenção com a tradicional alta-costura. Pioneira, reuniu um time estilistas freelancers sob sua direção (e jurisdição), que incluiu talentos como Karl Lagerfeld, a partir de 1963. A descoberta e sinergia foram tamanhas que, em 1975, o alemão se tornou o único designer da marca.

Interior da exposição “Mood of the Moment”, sobre a fundadora da Chloé, Gaby Aghion, em cartaz até 18 de fevereiro de 2024, no The Jewish Museum, em Nova York. (Imagem: Divulgão/The Jewish Museum)

Na exposição, o legado visionário de Gaby é representado através dos pontos de vistas diversos que seguiram nas décadas, com atenção especial às diretoras criativas mulheres que herdaram o comando da marca: Martine Sitbon, Stella McCartney (quem lembra de suas estampas equestres?), Phoebe Philo (recém-retornada para a moda), Hannah Gibson, Claire Waight Keller (agora em parceria com a UNIQLO), Natacha Ramsay-Levi e Gabriela Hearst. Essa última, que deixou o cargo em outubro de 2023, foi responsável pelo posicionamento da Chloé como um exemplo de práticas sustentáveis.

Em cada uma de suas eras, as designers interpretaram o effortless chic  que Gaby Aghion idealizou. A prova, para os visitantes, está na última galeria da exibição, que reúne 50 blusas em tons desérticos que parecem flutuar. Ainda que criadas por diferentes mãos, estão em harmonia com o DNA da Chloé e de sua fundadora.

Agora, com a mudança recente na direção criativa (Chemena Kamali fará sua estreia na marca em fevereiro), há muito para refletir sobre o futuro. Ao que tudo indica, porém, espírito de cool girl da Chloé está seguro – e a exposição fica aberta ao público até 18 de fevereiro de 2024!