Estátua! Esculturas romanas ficam rebeldes em novo desfile da Fendi

Ma dai! Invadiram a passarela da Fendi! Não só ativistas (esses foram só um flash), mas os ingleses rebeldes dos anos 1980 que, nessa temporada, inspiraram o diretor criativo Kim Jones em suas referências mil. Aristocratas, operários, novos românticos, japonistas, blitz kids… as subculturas são várias, opostas e complementares em todos os sentidos.

É uma verdadeiro salto em relação à coleção passada (de alta-costura, vale lembrar), em que o futurismo liderou a estética. Aqui, tudo gira em torno de uma modernidade baseada na nostalgia – uma que Jones conhece bem, não apenas por sua própria juventude em Londres, mas por um recente mergulho nos arquivos de 1984 da marca romana, quando Karl Largerfeld ainda era o césar.

É fácil notar as inspirações. Além do cenário (coberto de panos coloridos drapeados, no estilo de tendas e túnicas da Roma antiga), a subversão inglesa se encontra em visuais cheios de camadas e texturas, quase sem volume. É a dualidade sedutora que, na rigidez da alfaiataria e na suavidade nítida dos materiais (tricôs, couros e jeans), faz da Fendi um anfiteatro de modas – no plural, mesmo.

Fora da paleta sóbria (pincelada, às vezes, por musgos, mostardas, azuis e berinjelas), as extravagâncias estão nas novas joias de Delfina Delettrez, que misturam metais e couro em designs arrojados. Os acessórios, aliás, parecem mais uma vez a grande aposta da temporada, em estilos clássicos com twist urbanos. Todos são obra da própria Silvia Venturini Fendi, incluindo duas bolsas inéditas, a Simply FENDI e a Roll.

Tudo é moderno, sim, e “very brit-roman-chic”, mas o que seria da Fendi sem um sopro do passado? Nas poucas estampas e bordados da coleção, imagens de estátuas clássicas da Galleria Borghese, em Roma, saem do mármore para cair tules e organza.

Se o Império Romano terminou na “Brittania” há dois milênios e meio, Kim Jones quer agora fazer o caminho inverno. Em 2025, a Fendi comemora seu centenário, ainda com as raízes em Roma, mas com folhas cada vez mais cosmopolitas. Será que são de chá?