
Campanha da Gucci nos tênis. – Foto: Reprodução
Já faz tempo que o tênis deixou de ser apenas esporte. O que se vê agora é uma fusão entre quadra e passarela, em que jogadores assumem o papel de embaixadores de grandes marcas e peças inspiradas no universo esportivo conquistam o status de luxo. A Bottega Veneta, por exemplo, nomeouo italiano Lorenzo Musetti como rosto da marca sob a direção de Louise Trotter, o que conecta a grife diretamente ao circuito profissional. Coco Gauff surge em colaborações que unem New Balance e Miu Miu, enquanto Jannik Sinner veste Gucci e circula em jantares pré-Wimbledon. A mensagem é clara: não se trata apenas de estampar logos, mas de construir narrativas reais entre moda e esporte.
Na estética, o tenniscore se infiltrou nas coleções. Saias plissadas, polos ajustados, vestidos esportivos e um preppy revisitado aparecem tanto no street style quanto nas ruas, como se a quadra se transformasse em novo laboratório de tendências. A parceria entre ASICS e A.P.C. é exemplo desse diálogo criativo de peças que transitam entre performance e lifestyle, como a tote de denim orgânico feita para carregar raquete que, sem esforço, poderia estar em uma vitrine de luxo.
O peso da tradição também se tornou parte desse desejo. O rígido all white de Wimbledon, que limita a presença de cores a detalhes mínimos, transformou a restrição em estética e referência para o imaginário da moda contemporânea. Mas há também quem subverta esse código: em quadras de saibro, tem se tornado cada vez mais comum ver jogadores em uniformes em tons terrosos, quase na mesma cor do chão, como se fosse um gesto de camuflagem para disfarçar a sujeira depois da partida.
A Lacoste, que nasceu no tênis e segue atualizando esse legado, incorporou essa narrativa em suas próprias coleções. Desde que Pelagia Kolotouros assumiu a direção criativa em 2023, a marca tem expandido esse diálogo entre quadra e passarela, e no desfile em Paris de inverno 2025, apresentou uma leitura em que o tênis não é apenas inspiração estética, mas também linguagem para pensar cores, tecidos e volumes. A bolsa Lenglen, com modelagem plissada inspirada nas saias de Suzanne Lenglen, é prova disso.
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Na cultura pop, a ligação já está estabelecida. O US Open virou passarela, com celebridades ocupando arquibancadas e atletas migrando do torneio para os desfiles de Milão — e nesta edição, que se desdobra até 8 de setembro, não será diferente. A estética esportiva deixou de ser uniforme para se tornar discurso de status, conforto e identidade, absorvendo tanto a nostalgia do estilo old money quanto a energia contemporânea do streetwear. No fim, a quadra invadiu as passarelas — e o jogo está só começando.