
Louise Trotter é a nova diretora criativa da Bottega Veneta (Foto: Divulgação)
Louise Trotter sempre acreditou que silêncio também pode ser estilo. Enquanto grande parte da moda se alimenta do barulho e da velocidade, ela construiu carreira na outra direção: cortes precisos, paleta contida, roupas que falam baixo mas resistem ao tempo. É com essa lógica que estreia na Bottega Veneta, uma das casas mais simbólicas do luxo italiano.
DE SUNDERLAND AO CIRCUITO GLOBAL
Nascida no norte da Inglaterra, Trotter cresceu longe dos holofotes e formou seu olhar na prática: alfaiataria, têxteis, atenção à construção. Passou pelo minimalismo refinado da Joseph e, em 2018, entrou para a história como a primeira mulher a dirigir a Lacoste. Lá, reposicionou o polo clássico no calendário fashion e mostrou que esportivo e sofisticação podem andar juntos.
A GRAMÁTICA TROTTER
Sua estética não busca efeito imediato. É feita de silhuetas limpas, proporções arquitetônicas, precisão quase cirúrgica. O luxo, para ela, está na longevidade — roupas que se sustentam sem depender de tendências passageiras. É um olhar que contrasta com a lógica maximalista da década e reforça o valor da permanência.
O DESAFIO NA BOTTEGA
Depois das guinadas de Daniel Lee e Matthieu Blazy, a Bottega Veneta vive uma fase de reposicionamento. A entrada de Louise Trotter aponta para uma continuidade de sua tradição: a elegância sem logotipo, o couro intrecciato, o artesanal como manifesto. Mas com o peso de uma leitura ainda mais silenciosa, quase ensaística.
A ESTRATÉGIA DO SILÊNCIO
O anúncio foi recebido como um gesto ousado da Kering: em um mercado dominado pelo espetáculo, apostar em uma criadora que defende o silêncio como força é também um statement. A expectativa não é de explosão imediata, mas de um luxo que se infiltra devagar — e que, justamente por isso, pode durar muito mais.