Obra que faz parte da exposição de Agnès Varda, em São Paulo- Foto: Divulgação

A cidade de São Paulo fecha o ano com uma agenda cultural vibrante e apresenta mostras que passam por temas como fotografia, cinema, psicologia, ancestralidade e ecologia. Da poesia visual de Agnès Varda às instalações sensoriais sobre a psique humana no Museu da Imagem e do Som (MIS), passando pelo imaginário amazônico de Abel Rodríguez no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), a cidade oferece experiências profundas para quem deseja mergulhar em novas narrativas.

A seguir, veja uma seleção especial para explorar o que há de mais instigante em cartaz:

“Fotografia AGNÈS VARDA Cinema”, no Instituto Moreira Salles – IMS Paulista

Agnès Varda IMS -Foto: Divulgação

A mostra apresenta a potência fotográfica de Agnès Varda, artista que moldou o cinema a partir do olhar atento às ruas, aos corpos e à simplicidade do cotidiano. Antes de se tornar ícone da Nouvelle Vague, Agnès já transformava gestos e ruelas em imagens universais, sempre guiada por curiosidade, delicadeza e engajamento político.

Em paralelo, o Cinema do IMS exibe uma seleção de filmes da diretora — como “Os Panteras Negras”, “Saudações, cubanos!” e “A Ópera-Mouffe” -,  o que reforça o diálogo entre fotografia e cinema que marcou sua obra. É uma imersão no pensamento de uma artista que viaja com imagens e ideias.

“Fotografia AGNÈS VARDA Cinema”

Instituto Moreira Salles – IMS Paulista
Av. Paulista, 2424 – Bela Vista, São Paulo (SP)
Em cartaz até 14 de abril de 2026
Ingressos: R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

“A alma humana, você e o universo de Jung”, no MIS

Detalhe da exposição “A alma humana, você e o universo de Jung” no MIS – Foto: Divulgação

Inédita, a exposição celebra os 150 anos de Carl Gustav Jung com um percurso simbólico e sensorial pela psique humana. Instalações imersivas apresentam conceitos como arquétipos, inconsciente, mitos, anima e animus, persona e sincronicidade — sempre de forma acessível, poética e provocativa. O visitante é convidado a atravessar sonhos, sintomas, símbolos e narrativas internas.

Com obras de artistas contemporâneos, videoarte com Inteligência Artificial, máscaras produzidas por estudantes e referências à psiquiatra Nise da Silveira, a mostra cria uma ponte entre ciência, imaginação e espiritualidade. É um convite ao autoconhecimento — em plena cidade que respira urgência.

“A alma humana, você e o universo de Jung”

Museu da Imagem e do Som (MIS)
Av. Europa, 158 – Jardim Europa, São Paulo (SP)
Em cartaz até 18 de janeiro de 2026
Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia). Às terças-feiras, os ingressos são gratuitos.

 

Abel Rodríguez — Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância — MASP

Abel Rodríguez — Mogaje Guihu: A árvore da vida e da abundância — MASP

Em sua primeira exposição individual póstuma, o artista colombiano Abel Rodríguez (Mogaje Guihu) apresenta 65 desenhos que retratam a floresta amazônica a partir da memória, da tradição e do profundo conhecimento botânico herdado de seu povo. Suas obras revelam ciclos, espécies, texturas e relações entre humanos e não humanos, transformando a natureza em narrativa visual e espiritual.
Organizada em quatro núcleos — árvores mitológicas, desenhos botânicos, ciclos e natureza integrada —, a mostra integra o ano dedicado às Histórias da Ecologia no MASP. É uma oportunidade rara de entrar no universo de um dos artistas latino-americanos mais relevantes da atualidade, cuja obra conecta ancestralidade, ciência, mito e resistência.
Em cartaz até dia 05 de abril de 2026.

Pinacoteca

Trabalho de Carnaval — Para além da folia Pintacoteca – Foto: Divulgação

Trabalho de Carnaval — Para além da folia

Instalada no edifício Pina Contemporânea, a exposição investiga as profissões e saberes que sustentam a maior festa popular brasileira: costureiras, figurinistas, artesãos, técnicos e comunidades que trabalham durante o ano inteiro para o carnaval existir. Mais do que celebrar a festa, a mostra problematiza condições de trabalho, memória e cuidado coletivo, com atividades e desdobramentos públicos previstos na programação. Em cartaz de 8 de novembro de 2025 a 12 de abril de 2026.

Dominique Gonzalez – Foerster: Meteorim Pinacoteca – Foto: Divulgação

 Dominique Gonzalez – Foerster: Meteorim na Pinacoteca

Em Meteorium, Dominique Gonzalez-Foerster transforma o Octógono da Pina Luz em um ambiente imersivo e sensorial que convida o público a atravessar oito câmaras inspiradas em fenômenos naturais como chuva, neve, lava e nuvens. A instalação propõe um panorama tridimensional que articula pintura, espaço e som para refletir sobre a relação entre natureza, emoção e psique humana, expandida no segundo andar com Meteorium II, onde instrumentos evocam sonoridades naturais. O projeto reafirma a poética experimental da artista ao criar um território de contemplação e imaginação sobre como habitamos o tempo, o espaço e o meio ambiente.

Fica em cartaz na Pinacoteca até dia 06 de fevereiro.

Tomie Ohtake – Foto: Divulgação

A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant’ – Tomie Ohtake

A exposição A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant, apresentada pelo Instituto Tomie Ohtake no contexto da Temporada França–Brasil 2025, propõe uma reflexão profunda sobre o pensamento do poeta e filósofo martinicano Édouard Glissant a partir da ideia de um “Museu da Errância” — um museu em movimento, avesso a narrativas lineares e genealogías rígidas. Inspirada em sua antologia poética homônima, a mostra articula obras de sua coleção pessoal, documentos inéditos, manuscritos, entrevistas e trabalhos de mais de 30 artistas contemporâneos de diferentes regiões do mundo, criando conexões sensoriais entre paisagem, linguagem e memória. Conceitos centrais de Glissant, como crioulização, arquipélago, Todo-mundo, opacidade e tremor, atravessam a exposição e dialogam com questões urgentes do presente, como intolerância, deslocamento e a relação entre culturas e territórios ameaçados. Ao imaginar, em múltiplas camadas, o museu que Glissant concebeu mas nunca realizou, a exposição reafirma a memória como processo vivo, em trânsito e aberto ao encontro entre tempos, territórios e vozes diversas.