Cão que late não morde. Será? Na moda, tem sido diferente. Há algumas temporadas, ouve-se latidos vários e, finalmente, a tendência mordeu: os cachorros estão por todos os lados e nunca estiveram mais em alta! Começou com o estilista Charles de Vilmorin, em um passeio pelo Pigalle, em Paris, com seu pequeno Terrier na coleira. Depois, veio a matilha na coleção Louis Vuitton e, quando fashionistas acharam que, enfim, tinham escapado depois dos aplausos no último desfile masculino da Dior (cheio de detalhes caninos), se depararam com a vitrine da Lardanchet – uma das livrarias mais descoladas da capital francesa. Ali, estava o mais novo lançamento da editora Norma: Picasso et ses chiens, de Jean-Louis Andral. É o primeiro de uma série – que ainda promete incluir Andy Warhol e Yves Saint Laurent no rol – sobre as companhias peludas de grandes nomes da arte e da moda. E são, de fato, incontáveis!

Vitrines, aliás, parecem ser os novos canis. A Hermès, na celebrada Faubourg Saint-Honoré, se encheu de pets para o verão europeu – tudo idealizado por Antoine Platteau, vitrinista oficial da maison há 10 anos que, em uma inspiração animal, encomendou dezenas de esculturas de cães do Théâtre du Châtelet, cobertas por plumas do histórico ateliê RD. Tendência pura e sem pulgas. Na dinastia Bourbon (leia-se os reinados Luís XI até o Rei Sol, Luís XIV), os favoritos da corte eram hounds brancos, especiais para manhãs de caça, enquanto a própria Rainha Elizabeth II, até sua morte, não resistiu à companhia de seu exército pessoal de corgis. Parece excêntrico – e é – mas de guerreiros, caçadores e cães de sala, os cachorros se tornaram musas da arte e da moda. Pense no Balloon Dog, de Jeff Koons, lançado pela primeira vez em 1989. Um ícone da cultura pop!

Na moda, a coleira se esticou ainda mais e os cães tomaram passarelas e redes sociais, até com seus próprios perfis badalados. Na Chanel, um dos cães da família da antiga diretora criativa, Virginie Viard, chegou mesmo a passear com uma das modelos às margens do Sena, enquanto, na Pucci, o famoso relações-públicas Lucien Pagès emprestou um de seus pugs, Ursula, para o desfile da casa em Roma. Esses mesmos pets correm as casas e ateliês de seus donos – e vêem tudo em primeira pata. Sabato de Sarno, às vésperas de sua estreia na Gucci, contou com o olhar e dentes afiados de seu John John, que também tem, como segundo pai, o diretor criativo da Mugler, Pieter Mulier. No mesmo sentido, Toutou, de Simon Porte Jacquemus, é sempre uma das convidadas VID (Very Important Dog) nos desfiles concorridos da marca. Não é sempre, entretanto, que os cachorros em cena têm donos- celebridade. Às vezes, são perfeitamente ilustres desconhecidos, que acompanham o glamour de coleções chez Louis Vuitton, Our Legacy e Dior. Até poderiam estar a galope, mas, nesse caso, o animal (e a tendência) já são outros…