
Harris Reed – Foto: Reprodução / Instagram
Quem não se lembra do icônico batom Snob da M.A.C Cosmetics? A cor rosa-chiclete foi eternizada nos lábios de Britney Spears, Rihanna e Paris Hilton nos anos 2000, e virou febre entre jovens e adolescentes. O ex-queridinho retornou recentemente ao estoque da marca, claro, sob polêmicas (há as meninas do team Snob e as que simplesmente odeiam a cor) e, mais recentemente, foi celebrado nas passarelas da New York Fashion Week, no último desfile da Sandy Liang, que teve assinatura da beauty artist Romy Soleimani. De acordo com Katia Araujo, national artist da M.A.C Brasil, o retorno dá a pista de que nunca devemos dizer nunca na maquiagem. ‘O visual marcou uma estética muito particular: pele bronzeada, olhos marcados, sobrancelhas finas e lábios empalidecidos por um rosa muito claro e frio, que não valoriza todas as belezas, mas que criou pertencimento’, disse à Bazaar.
Essa palavrinha-chave, pertencimento, talvez explique, em parte, o porquê de millennials e Gen Z insistirem tanto na nostalgia – inclusive daquilo que eles nem viveram. Mas, com a velocidade das coisas, informações correndo soltas e o famoso FOMO – fear of missing out, ou o medo de perder a novidade, batendo à porta o tempo todo, nada como se apegar ao que já foi, o líquido e certo e que, justamente por isso, dá um certo aconchego à alma. Até quem viveu de fato o objeto da nostalgia, sente um conforto naquele lugar de ‘segurança’ do passado. E esse desejo não para na boca rosadinha, em se tratando de beleza, é claro.
Nas passarelas, a volta de um outro velho conhecido, os olhos de boneca, hit dos anos 1960 e eternizados no rosto de Twiggy, chamaram a atenção. Para a semana de moda de Milão, Harris Reed trouxe uma make com sombras em cor única, cílios postiços caricatos, boca em formato de coração e pele de porcelana. As modelos, ou melhor, bonecas vitorianas com toque dos anos 1990, foram elaboradas por Sofia Tilbury. Impossível falar da trend sem pensar na pele de boneca criada por Pat McGrath para o desfile de alta-costura da Maison Margiela. Dali em diante, a régua ficou mais alta. No universo pop, a cantora Chappell Roan, musa ‘queer’ que desbancou Taylor Swift nas paradas musicais, é a mais nova cara do estilo associado às bonecas. Em solo nacional, Paula Raia convidou Branca Moura para assinar a beleza do desfile de sua nova coleção, “Eu Palco – Meu Tempo no Mundo”. No Theatro Municipal de São Paulo, a beauty artist também apostou em algumas dessas características para criar a beleza romântica. ‘As referências antigas são revisitadas e vistas em uma nova ótica e é isso que cria um ciclo viral de tendências reimaginadas’, opina Katia Araujo.
O romantismo também veio para as mãos. Depois da febre dos alongamentos, as unhas mais curtas, claras e com a cutícula bem cuidada retornaram, demonstrando o poder do clássico. Dá até para encontrar unhas sem esmalte ou com tons superclaros, quase invisíveis. Não há como negar o poder de Hailey Bieber nesse comeback. Das glazed donut às latte nails, a influencer destacou a tendência minimalista, chique e saudosa dos anos 1990. Outra tendência que tem o dedo, ou melhor, os lábios dela é a do gloss. De acabamento brilhante e efeito molhado, ele desbancou o batom em bala. Em diversos formatos, cores, acabamentos e cheiros, segue remetendo ao passado no melhor estilo “As Patricinhas de Beverly Hills” (1995). ‘Seu retorno triunfante aconteceu, principalmente, por ser um verdadeiro curinga para produções básicas e fashionistas’, diz a maquiadora e diretora artística da rede Jacques Janine, Chloé Gaya.
Com cheiros que remetem a doces e balas de frutas (da infância!), em formatos que se acoplam a celulares e garrafas de água, o gloss veio para ficar. Sem contar as collabs, como a da Bruna Tavares com a Hello Kitty para comemorar os 50 anos da personagem. Batons, blushes e iluminadores líquidos ganharam tampa personalizada com o rosto da gatinha em relevo. Nostalgia pura!