
Com quase dez anos de carreira, a artista prepara o lançamento de seu quinto álbum de estúdio – Foto: Divulgação
Proporcionar diversão pura e simples. Essa é a missão despretensiosa de Jessie Ware com seu próximo álbum. A artista deu um gostinho do que está por vir com o single “Free Yourself”, um hino de celebração à discoteca. Ao ter se consagrado como a rainha da música dançante durante a pandemia, conquistando até Barack Obama, o ritmo disco não é novidade vindo da britânica. Agora, mais do que nunca, ela consegue despertar até a vontade mais adormecida de se entregar de corpo e alma à pista de dança.
No melhor momento de sua carreira e com um brilho incontrolável, Jessie chega ao Brasil para sua primeira performance no País em novembro, quando toca no festival Primavera Sound, em São Paulo. A vinda neste momento é simbólica, já que o encanto que as terras brasileiras despertaram serviu de combustível para seu quinto álbum de estúdio, que deve ser lançado em breve. “Fui uma única vez, aos 19 anos, e senti uma afinidade. Essa nostalgia de estar em Ipanema, escutando as pessoas ouvindo música na praia, tem estado na minha cabeça com o próximo álbum, então é muito bom poder tocar no Brasil”, conta em entrevista à Bazaar.
Uma continuidade de “What’s Your Pleasure” (2020), o novo disco promete elevar a pegada groove e funk, trazendo mais elementos de música ao vivo. Essa leveza reflete o estado de espírito da artista nessa fase. “Não houve angústia ao escrever esse álbum. É um álbum leve e divertido, feito para ser aproveitado com amigos e pessoas amadas. Essa é a minha intenção. Não existe nada escondido nas entrelinhas. É simplesmente: vá se divertir!”, explica a cantora. Apesar de carregar uma mensagem descomplicada, o trabalho é o contrário de raso.
Cheio de influências da vida noturna nos Estados Unidos dos 1980, a obra está conectada às subculturas que fizeram essa cena efervescer. Estamos falando, especialmente, da libertação que a comunidade LGBTQUIAP+ conseguiu encontrar nos clubes noturnos e boates em Nova York naquela década. A série “Pose” (2018), que retrata esse ambiente, foi inclusive referência para o álbum.
“Estava assistindo ‘Pose’, as festas que eles tinham eram incríveis, mas obviamente o que estava acontecendo era assustador. A música pode ser um escape ao terror e ao medo. Quando penso na música disco, penso no papel que ela cumpre de proporcionar um bom momento para as pessoas, fazê-las se divertirem, e acho que provavelmente é isso que as pessoas querem e precisam agora”, reflete. Neste sentido, se “What’s Your Pleasure” chegou a ser classificado por alguns fãs como “o álbum mais gay da década”, o próximo não deve ficar para trás. “Não sei o que vão pensar, mas acho que é potencialmente ainda mais gay”, brinca.
O tom otimista dos novos lançamentos anuncia uma nova era em sua carreira – uma que está sob seu controle. Com uma trajetória de quase dez anos na música, Jessie Ware lançou seu primeiro álbum, “Devotion”, em 2013. O patamar inesperado que “What’s Your Pleasure” alcançou foi capaz de solidificar sua autoestima enquanto uma artista feminina veterana no mercado.
“O sucesso do último álbum foi uma confirmação de que eu sabia o que estava fazendo, porque tomei todas as decisões sozinha. Não escutei opiniões porque não precisava delas. Muitas vezes como artista feminina você pode ser questionada ou podem fazer você sentir que suas opiniões não são válidas, então foi ótimo ter esse espaço para tomar as decisões por mim mesma”, compartilha.
Impulsionada por esse senso de autoconfiança e pelo amor pelo Brasil, ela recentemente tomou mais uma decisão estratégica no que diz respeito aos lançamentos. “A razão pela qual eu escolhi o próximo single é que acho que ele combina com o Brasil, então estou animada para tocar ao vivo. Não acho que vou demorar mais dez anos para voltar. Sinto que esse é o começo de algo bom”, conta. Nós também.