
Por Dani Pizetta*
Acho que os verões começam a chegar na gente meses antes da hora marcada. A estação mais sexy do ano ainda está fazendo a curva e nossa pele já anda à mostra. Verão é sinônimo de férias, encontros, drinks, amores e indulgências; atividades diretamente ligadas à liberdade de viajar, conhecer pessoas e expandir os horizontes.
A exemplo do que aconteceu no Verão do outro lado do mundo, sugiro “segurarmos a nossa onda”. Este ano tem algo diferente no ar. E, acredite, é possível ser ainda mais sexy voando solo, baixo, perto e para dentro. Pensando em formas seguras de viajar e espairecer na temporada mais quente do ano, preparamos cinco dicas “diferentonas” para fazer a mala sem esquecer que vivemos em tempos de pandemia e que, em momentos como este, ser sexy é ter saúde e empatia. Siga os voos:
1) Solo
Viajar sozinha requer coragem, mas é um alento. Em tempos de maior cuidado com o outro, evitar comboios pode ser a melhor forma de fazer nossa parte. Se você precisa de um tempo (de quem quer que seja), essa viagem é pra você. Se puder, vá de carro. Pegar a estrada é sinônimo de contemplar a paisagem e, como dizem os mais experientes, “o melhor da viagem, é o caminho.” Para preencher um possível vazio inicial, prepare uma boa playlist. Música ocupa nossa vida e, na estrada, exercita nossas cordas vocais e o não-julgamento (vale cantar alto, errado e fora do tom).
Praias e muito horizonte são as melhores escolhas para uma primeira viagem solo. De olho na sua segurança, opte por um destino que já visitou. Voltar a um lugar conhecido sozinha lhe abrirá novas perspectivas. Hospede-se em uma pousada charmosa, de repente. O melhor desta viagem será entrar no seu ritmo e permanecer nele o tempo que for preciso. Por fim, para aproveitar melhor os benefícios da sua companhia, silencie: “o verbo é apenas a diluição do pensamento, portanto, é no pensamento que encontramos as respostas para muitas perguntas.”

2) Baixo
Não é a melhor hora para cruzarmos oceanos. Deixemos para quando a vacina chegar. Por ora, exploremos o nosso País, escolhendo as estradas menos viajadas. O Brasil é tão vasto e tão cheio de surpresas, e o mais importante: está precisando do seu carinho e da sua presença. Entre lugares conhecidos, o segredo é buscar por destinos fora da rota e se informar sobre quais são as regras locais para circular sem correr riscos ou se transformar em uma ameaça a quem vive neles.
Se a maioria dos seus conhecidos vai à praia, pegue sua turma e fuja para a montanha. Existem achados e casinhas via Airbnb, que parecem saídos de filmes europeus. Mas se a intenção é se misturar com a paisagem brasileira, as serras da Canastra e da Mantiqueira, em Minas Gerais, e até mesmo a do Rio do Rastro, no sul do País, abrem imensamente os horizontes de quem quer paz e sossego.
As chapadas brasileiras e toda a sua exuberância nos presenteiam com trilhas, grutas, cachoeiras e uma experiência que nos coloca em contato com uma enorme diversidade natural. Entre as menos badaladas, com 3.441 km², e localizada entre os sertões do Ceará, Pernambuco, Paraíba e Piauí, fica a Chapada do Araripe, que – além da beleza geográfica – é uma viagem extremamente educativa.
Araripe leva o título de geoparque e é o único representante brasileiro que integra a lista do Programa Internacional de Geociência e Geoparques (IGGP, sigla em inglês) da Unesco. O local preserva vestígios da presença humana há 30 mil anos. No site do Ministério do Turismo é possível encontrar mais informações.

3) Perto
Sabe aquela viagem de final de semana, que dá pra fazer um bate-volta? Estenda e fique mais tempo. É hora de viajar com calma, curtir mais os lugares, andar a pé, alugar uma bicicleta, aprofundar sua leitura e relaxar corpo e mente, sabendo que não perderá um dia inteiro no aeroporto. De onde você estiver, ligue o radar e procure por vilas, pousadas, casinhas e, por que não, um camping perto de você? Ok, ok, existem os “glampings” – acampamentos ultrachiques com estrutura de hotel. Maa ainda são raros no Brasil.
“Foque em experiências e não em coisas”, quando escrevi a respeito das viagens sustentáveis – as chamadas green travels. Neste tipo de viagem, a companhia é fundamental, leve alguém que você amaria ficar conversando por horas: sobre a vida, os oceanos, as estrelas, filosofia… sobre arte, música, sonhos e ideias. Só de escrever, já me transporto para este “lugar”, talvez seja minha viagem preferida. E se a intenção é viajar para se sentir inspirado, saiba que grandes ideias e projetos nascem em viagens como esta. #Partiu 😉

4) Dentro
Viagem filosófica: foi assim que muitas pessoas sobreviveram aos últimos 270 dias do ano mais desafiador das nossas vidas. Com a chegada do verão, vem a pergunta: a vida só acontece lá fora? Nem sempre. Segundo o jornalista Ricardo Moreno, o verão é mais que uma estação, é um estado de espírito. Viajar para dentro independe de transporte, agenda ou clima. É um hábito e característica de pessoas solares por natureza.
As pessoas “solares” costumam ver o lado bom da vida sem perder o foco no noticiário. No fundo, andam atentas, mas parecem viver em uma eterna zênite imaginária em relação ao rei sol, capaz de iluminar com precisão suas próprias almas e a de todos que cruzarem seu caminho. A propósito, jogar luz nos outros é a qualidade mais intensa dessas pessoas. Ao contrário das que “andam com uma nuvem na cabeça”, andam com aquela brasa latente no coração

5) Explore
Sabemos que 2020 não foi muito solar. Pelo contrário! Nos trouxe uma enorme tempestade, deixando uma nuvem de apreensão, angústia e confusão. Mas para criativos e otimistas ( me incluo nesta tribo), serviu como um ultimato para explorar o (mesmo) mundo por outro ângulo e aceitar que só existe um elemento no comando deste planeta, e se chama: natureza.
Prova disso é que, faça chuva ou faça sol, trancados em casa ou escapando para reabastecer o estoque de vitamina D, a terra continuou girando. Como programado, no dia 21 de dezembro de 2020, mais uma vez, o Verão vai chegar por aqui. A diferença será nossa consciência.
Sendo assim, vamos segurar a onda só mais um pouquinho porque outros dias verão!
* Enclausurada por conta da pandemia, a globetrotter tem viajado pelas páginas dos livros e nas conversas com amigos. Sempre de bom humor, com paz interior de dar inveja e intensa curiosidade, a consultora criativa e colunista de viagem da Bazaar tem como mantra: “criatividade não é mantra, é missão”.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Harper’s Bazaar Brasil.