
Por Fernanda Fehring
Paris abraçou a retomada do turismo como poucos lugares do mundo. Com todos os cuidados que o momento requer – com o uso de máscaras em lugares fechados e a exigência da apresentação do passe sanitário para entrar em museus, trens e restaurantes -, mas com toda a alegria com a qual sonhávamos durante os longos meses de isolamento. A cidade está vibrante, recebendo visitantes de todos os cantos do mundo (e muitos turistas franceses também) para apreciar as muitas exposições e eventos espalhados pela cidade.

Dentre tantas opções interessantes, os destaques foram a extraordinária Collection Pinault, em cartaz na recém-reformada Bourse de Commerce, e a sensacional Coleção Morozov, na Fondation Louis Vuitton – que já vale a visita pela beleza de seu projeto assinado por Frank Ghery.


No mercado da hospitalidade o clima é de otimismo e recuperação. Novos hotéis e restaurantes abriram as portas na cidade, e alguns antigos estabelecimentos aproveitaram os meses fechados para renovar suas casas. O sentimento entre os colaboradores dessa indústria (que tanto sofreu durante a pandemia) é de alívio e entusiasmo.

E foi nesse clima tão convidativo que cheguei a Paris para uma semana de imersão total em arte e cultura – e para matar as saudades de uma das cidades que mais adoro no mundo. Durante minha estadia, tive a alegria de me hospedar no Hotel Grand Powers, uma joia de hotel butique 5 estrelas, um endereço de charme em um dos pontos mais exclusivos da cidade. Um hotel que é a cara de Paris e que foi o endereço perfeito para celebrar minha volta à Cidade Luz.

O Hotel
Quando o Grand Powers abriu em 1920, sua beleza Haussmaniana agradou em cheio. Bem localizado, com cômodos amplos muito bonitos e com todas as características dos prédios dessa época presentes – grandes espelhos sobre lareiras em mármore, molduras nas paredes, pé direito altíssimo e janelas generosas com belas vistas dos prédios da rua. Foi o hotel preferido de muitos apaixonados por Paris, e pelo bairro, durante décadas.

Em 2017, o hotel passou por uma reforma total que o deixou ainda mais bonito. Suas instalações ganharam uma aura elegante, com uma pitada de glamour discreto e sofisticado. Os belos móveis, luminárias, espelhos e objetos – todos com inspiração em ícones de design das décadas de 1940 e 1950 – foram escolhidos pessoalmente pela dona, Alexandra Marang, com exceção do lustre de cristal art déco, original da abertura do hotel em 1920. A escolha dos tecidos não poderia ter sido mais feliz: veludos para os sofás e poltronas, e tecidos Pierre Frey com estampas geométricas para cortinas. O resultado ficou lindo.

Localização
O Powers está localizado no coração do Triangle d’Or, ou “triângulo de ouro”, como é conhecida essa parte do 80 arrondissement – onde se forma um triângulo entre as avenidas George V, Montaigne e Champs Elysées. Situado na Rue François 1er, entre as ruas Marbeuf e Pierre Charron, o hotel está em uma região conhecida por suas lojas de designers famosos, restaurantes badalados e super hotéis de luxo, como o Plaza Athenée e o George V.


A proximidade com pontos turísticos importantes da cidade, como o Arco do Triunfo, a Place de la Concorde e a Torre Eiffel, traz um pouco de movimento de turistas para as ruas do “quartier” – ainda que considerado tímido em comparação a outros pontos mais badalados como Saint Germain, Quartier Latin ou o Marais. O bairro tem um “quê” de exclusividade e sofisticação que agrada a quem procura uma área mais calma e seleta.

Acomodações
Os quartos e suítes do hotel são lindos. A maioria das 50 unidades tem ainda as mesmas características do projeto original do prédio em estilo Haussmann: pés direitos altos, sancas, molduras nas paredes, grandes espelhos sob lareiras de mármore e janelões de vidro.


Os cômodos são amplos e os banheiros elegantes, com pisos em mosaico preto e branco, espelhos redondos em estilo art déco e tetos pintados em laca azul royal. Todos de muito bom gosto. Os amenities são da marca Diptyque, famosa por suas velas cheirosíssimas.

O chão em parquet e as cortinas, em tecido Pierre Frey, se casam perfeitamente com as cores das paredes (azul clarinho, ou pink, dependendo do quarto), e com os móveis em estilo retrô. Cada quarto conta com uma escrivaninha em madeira, um minibar com uma boa seleção de produtos, cafeteira e chaleira elétrica, wifi e ar-condicionado. A TV, embutida no espelho acima da lareira, engana alguns hóspedes – uma graça a mais que é a cara do hotel.


As ótimas camas têm cabeceira em laca brilhante e mesinhas de cabeceira espelhadas (um charme só), e garantem uma excelente noite de sono. E apesar do hotel estar em uma rua movimentada do bairro, os quartos são incrivelmente silenciosos à noite. Algo que valorizo imensamente em um quarto de hotel.


A atenção aos detalhes está presente por toda parte, como a música de fundo – “C’est si bon” na voz de Louis Armstrong – que recebe os hóspedes em seus quartos. As velas espalhadas pelo restaurante, o buquê de hortênsias brancas (lindo!) e as janelas abertas para a noite de Paris, aquecem o coração de quem chega – e empresta um ar de “casa longe de casa” ao hotel.

Gastronomia
Logo na entrada, o bar e o café 52 dão as boas-vindas a quem entra. Pequenos, charmosos, com uma gostosa iluminação e com uma linda lareira em mármore, ficam abertos o dia inteiro e servem café da manhã, almoço e jantar. O menu é um mix de sanduíches, entradinhas, bowls, alguns pratos quentes e sobremesas.

No bar, a carta de vinhos é bem trabalhada, com rótulos locais e muitos vinhos bio. A seleção de champagnes de pequenos produtores é escolhida a dedo.

No café da manhã, frutas, iogurtes e granolas, queijos e frios, e deliciosos croissants são servidos em estilo buffet. As ótimas geleias vêm da Córsica, um dos lugares mais bonitos da França.

À noite, o clima é intimista, com muitas velas decorando o ambiente, que vez por outra se inunda com a animação vinda do vai e vem de pedestres na rua François 1er. Uma opção gostosa para se tomar um drink e beliscar alguma coisa antes de ir dormir.


O Spa
O hotel conta com um pequeno luxo para seus hóspedes: um spa no subsolo, com uma academia de ginástica, hamman, sauna seca e a vapor. Para quem ama massagens é possível agendar tratamentos corporais e faciais.


Minha estadia
Paris tem um lugar especial no meu coração. Morei três anos na Cidade Luz, onde me formei em gastronomia e engravidei do meu primeiro filho. Vivi com a cidade um relacionamento de amor (durante a maior parte do ano) e ódio (nos meses de inverno), e sempre será um lugar em que me sinto completamente em casa. Na minha opinião, é a cidade (feita pelo homem) mais bonita do planeta.


O Hotel Grand Powers é a cara da cidade. Dono de uma elegância discreta, o hotel mistura o clássico com o moderno de forma harmoniosa. É perfeito para quem gosta de hotéis butique, com poucos quartos e serviço personalizado. O Powers oferece ao hóspede o tipo de aconchego que só um hotel com esse perfil consegue proporcionar.

Os concierges e colaboradores do hotel são excelentes, extremamente profissionais e atenciosos, e nos trataram com todo o carinho. O hotel é muito bonito, bem localizado e tem um bom café da manhã. E ainda conta com aquele ambiente de charme irresistível, que só os franceses sabem criar. Impossível não se apaixonar.


Hotel Grand Powers
52, Rue François 1er,
8eme arrondissement, Paris
@hotelgrandpowers
www.hotelgrandpowersparis.com
Diárias a partir de € 491
@fernandafehring é formada em Hotelaria, Gastronomia e Turismo pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, e em Cozinha pela École Le Cordon Bleu, de Paris. Foi expatriada por 18 anos, morando em países como Inglaterra, Alemanha, China, França e África do Sul. Mas é no Rio de Janeiro que Fernanda se sente mais feliz. Formada pela McQueens de Londres, Fernanda teve um ateliê de flores durante seis anos no Rio. Trabalha atualmente como curadora de viagens e colunista, e sua grande paixão são as viagens de natureza e de isolamento. País preferido no mundo? África do Sul. Viagem dos sonhos? Alasca.