Quem vê Suíça não vê verão. Esse pequeno país de 26 cantões, menor que o Espirito Santo (41 285 km² e 8,5 milhões de habitantes), é conhecido sobretudo pela extensa prática de esportes de inverno – esqui, snowboard, hockey, patinagem, entre tantos outros. Mas ele pode ser também muito interessante na estação mais quente do ano, entre os meses de junho a agosto na Europa.
Picos com mais de quatro mil metros, torrentes, rios e lagos intermináveis, tudo ali é de tirar o fôlego. A pé ou de bicicleta, na montanha, na água ou no ar, as atividades esportivas suíças são intermináveis: trekking, marcha nórdica, mountain bike, rafting, canoa, parapente, escalada em arvore, alpinismo…Tem para todos os gostos e idades!
Mas a Suíça não é só sinônimo de esportes. A gastronomia também faz parte desse spot formado por 60% de montanhas, os Alpes suíços. Com os excelentes chocolates e queijos locais como protagonistas, a oferta gastronômica local é de comer ajoelhado e rezando, baixinho, embaixo da mesa. Mesmo no verão. Fondue, raclette, älplermagronen, rösti, birchermüesli, salsichas, salames, biberli de Appenzell, a influência das quatro culturas que formam o país – alemã, italiana, francesa e romanche -, é presente até na cozinha.
E para ver de perto essa maravilha, nada melhor que cruzar o pequeno país de cabo a rabo numa road trip – as estradas são novas e em ótimo estado. Em agosto desse ano, a convite da companhia hoteleira Michel Reybier, fiz o tour de cinco cidades, Genebra, Berne, Crans-Montana, Interlaken e Zermatt, me hospedando em seis hotéis do grupo. Com o pé quebrado, mas acompanhada do marido e do filho de oito anos, a idéia aqui era sair de algum ponto da Europa já de carro e realizar essa viagem em 14 dias. Quem anima repetir esse percurso?
Dia 1 – Bagnols
Para começar as férias de verão, o plano era sair de Paris e fazer um stop em algum lugar do sudeste da França, para no dia seguinte, seguir rumo a Genebra. Bagnols foi a cidade escolhida, por ficar a uma hora de Lyon e duas horas da Suíça. Mas o vilarejo não foi somente eleito pela localização estratégica, ele também abriga o Château de Bagnols, castelo com mais de 800 anos de existência. Classificado como Monumento Histórico, ele abrange tempos e eras diversas. A fortificação foi enriquecendo um pouco mais a cada mudança de proprietário (dezessete no total, desde o ano 1217), até se tornar o hotel cinco estrelas que é hoje. Parte integrante do grupo francês Lavorel, ele já acolheu celebridades como Bruce Willis, Naomi Campbell, Tom Cruise e Nicole Kidman. Com 27 suites (decoradas com afrescos dos séculos 12 a 18, camas de dossel, móveis de época e banheiros de mármore, a imersão é total e a experiência única), um restaurante gastronômico (com uma estrela no Guia Michelin), uma piscina e um spa, o ambiente aqui é digno de conto de fadas. Fica a dica!
Dia 2 – Genebra
No dia seguinte, pé na estrada, pois a aventura suíça ia começar! Duas horas depois, chegamos no tão aguardado La Réserve Genève, um refúgio de quatro hectares em pleno bairro de Bellevue, à beira do Lago Léman. Entre lagos e montanhas, o local conta com quatro restaurantes, spa, piscinas em interior e exterior, Kid’s Club, salas de ginastica…Menção especial aos restaurantes Le Loti e Le Tsé Fung, com serviço e menus impecáveis. O Tsé Fung, com uma estrela no Guia Michelin, é imperdível. O chef Frank Xu reinterpreta pratos da cozinha cantonesa com requinte e maestria: o cozimento é perfeito, os produtos são frescos e da estação…Seu pato laqueado com dois serviços é uma referência local. Para os esportistas de plantão, remo, prancha à vela, kitesurf, wakeboard, esqui náutico, parapente, balão: o Lago Léman é um verdadeiro oásis e a “praia” local. Se quiser conhecer a região, vá a pé e circule na “Vieille-Ville” (cidade velha) na parte alta, local cheio de prédios históricos, cafés, restaurantes e museus.
Dia 4 e 5 – Berna
Próxima parada: a uma hora e meia de Genebra, a graciosa Berna, distrito federal da Suíça. Uma cidade pequena e calorosa no cantão alemão de mesmo nome, inscrita no patrimônio cultural mundial da UNESCO e dona de um lúdico parque de ursos, o Bärengraben. O hotel Bellevue Palace é a residência oficial do governo, um lugar de 150 anos repletos de história. Com salões com vistas para os Alpes Bernenses, o estabelecimento cinco estrelas é um local de encontro para políticos e diplomatas. Com 126 quartos, dos quais 25 suítes, esse refúgio conta também com o restaurante Vue, os bares Bellevue e Le Lobby, um spa e sala de ginastica com sauna finlandesa. Uma boa dica: praticar uma boa corrida matinal e apreciar a beleza da cidade, que se resume à 51,6 km². em torno do rio Aar. Nas ruas principais que atravessam o centro histórico – Spitalgasse, Marktgasse e Kramgasse -, podemos avistar as “lauben” – lindas construções em arcada de 6 km que formam galerias cobertas de compras. Outra parada obrigatória: as cem fontes espalhadas pela cidade com esculturas originais do século 16.
Dia 6 e 7 – Interlaken
Há apenas 45 minutos de Berna, Interlaken é um vilarejo com apenas 5.614 habitantes. Situada entre os lagos cristalinos de Thun e Brienz, Interlaken está situada na região do Oberland Bernês. Rodeada pelas cadeias de montanhas de Eiger, Mönch e Jungfrau, é uma ótima base para visitar as montanhas e ferrovias da região. Passeios em barcos à vapor que atravessam os lagos, parapente, remo, kitesurf, canyon jump, tour de bike, rafting, escaladas, sky diving, SUP, voos de asa delta, a lista de possibilidades esportivas é infinita. Para se hospedar, o cinco estrelas Victoria & Jungfrau, no qual os hóspedes podem escolher entre 110 quartos e 106 suítes, dois bares e um spa de 5500 m², considerado um dos melhores da Suíça. Além disso, piscina interior e exterior de salmoura, hidromassagem, sauna e sala de ginastica. O restaurante italiano Sapori serve uma das melhores pizzas da região e o La Terrasse é um verdadeiro ícone da cozinha suíça. O menu degustação combina pratos locais com clássicos internacionais. “Simples, mas marcante” é o lema do chef Stefan Beer a partir de produtos de alta qualidade, a maioria deles proveniente da região.
Dia 8 e 9 – Crans-Montana
Próxima parada: Crans-Montana, a duas horas e quinze minutos de Interlaken – com um pequeno percurso de transporte ferroviário do carro -, é o destino ideal para a pratica de golf e de esqui, localizado na parte francesa do cantão de Valais. Com 160k m de pistas distribuídas em 50 estações, o local é conhecido graças às competições internacionais que promove todos os anos. Mas não impede que ele seja uma verdadeira joia no verão. Algumas instalações ficam abertas para os amantes de caminhada e de mountain bike, com várias trilhas de até 135 km. Para que tem crianças, os pedalinhos nos lagos no centrinho são uma graça, além de percursos de mini-golf, ideal para aprender as regras básicas do esporte. O cinco estrelas Crans Ambassador é uma delícia: ele oferece uma atmosfera calorosa com uma das vistas mais espetaculares do local, os altos picos do Valais, Cinquenta e seis quartos e suítes, restaurantes e bares, a vista perfeita é um convite para testar os fondues e raclettes mesmo no verão. Quando cai a noite e o friozinho chega no alto das montanhas, o braseiro do terraço esquenta até os corações mais calientes.
Dia 10, 11, 12 e 13 – Zermatt
A primeira coisa a saber sobre Zermatt: estação ecológica, aqui a entrada de carros é proibida. A solução é deixar o veículo em um dos estacionamentos pagos de Täsch (a uma hora e meia de distância de Crans-Montana) e seguir o resto do percurso de doze minutos em trem-navette. Chegando em Zermatt, a surpresa é certa ao ver uma cidadezinha pitoresca, sem poluição e com pedestres que contribuem para a preservação desse refúgio nas montanhas. Nossa primeira parada foi no hotel Schweizerhof, com noventa e cinco quartos e suítes, a maioria com terraço ou varanda com vista para o Matterhorn (o famoso pico da embalagem do Toblerone!). No verão eles criam uma prainha, a The Beach, para bebericar um coquetel com os pés na areia.
Em seguida, ficamos mais dois dias no sofisticado Mont Cervin Palace, cinco estrelas que existe há 160 anos.
Os restaurantes, divididos em Le Grill, Le Restaurant, Carnotzet, Capri e Myoko são ricos em especialidades locais e cozinha internacional, além do Joseph’s Bar, com musica ao vivo. Os quartos, em estilo familiar, chalet e alpino, são um convite ao far niente, assim como a piscina ao ar livre, com vista para as montanhas. Um luxo! Mas não dá para esquecer que o vilarejo oferece mil e uma opções de passeios. Situado às margens do rio Matter Vispa e aos pés do Matterhorn, a estação é bastante procurada por montanhistas em busca de escaladas. Uma das atividades mais lúdicas para se fazer com crianças é a subida em trem até um mirante a 3.100 metros de altitude e que nos proporciona uma vista panorâmica dos Alpes ao redor. Para os mais aventureiros, a descida de algumas estações a pé é possível, antes de subir no trem novamente.
Dia 14 – Lyon / Paris
Fim da viagem e retorno à Lyon, na França, num percurso de 4 horas e 45 minutos, incluindo a passagem da fronteira. Passamos uma noite em Lyon e fizemos mais cinco horas de estrada no dia seguinte até a capital francesa – com paradas estratégicas para se alimentar e tomar alguns cafezinhos, afinal, ninguém é de ferro. Se recomendo essa viagem? A resposta é claro que sim! As estradas – tanto da França como da Suíça – são perfeitas, as paisagens são deslumbrantes, e a comida é yummy! Enjoy and bon voyage!