Foi durante a leitura de “O mundo sem Pobreza”, do economista e ganhador do Nobel da Paz Muhammad Yunus, que Ticiana Rolim Queiroz, 40, encontrou o propósito de vida. “Parece que a minha alma lembrou o que veio fazer no mundo”, brinca ela, que se denomina “empreendedora social inconformista”.
Nascida em uma das famílias mais influentes e tradicionais do Ceará, Ticiana quebrou barreiras desde cedo ao ser a primeira mulher a participar da empresa familiar e, hoje, ela segue furando a própria bolha à frente da Somos Um, organização de apoio a negócios de impacto social.
“Empreendedorismo social é a forma com a qual eu acredito que a gente pode ressignificar o capitalismo, criar uma nova economia mais justa e equilibrada para todos”, define Ticiana. Pela trilha de aceleração da Somos Um já passaram nove negócios de impacto social, sem contar as mulheres que recebem capacitação empreendedora para garantirem segurança financeira às próprias famílias. A organização é, ainda, correalizadora da Coalizão pelo Impacto, iniciativa que vai articular ações de impacto em todo o País.
Em maio deste ano, Ticiana ganhou os holofotes ao encontrar-se, na Alemanha, com o próprio Yunus, grande figura inspiradora dos trabalhos que ela realiza. Mas junto de grandes conquistas como essa, a gestora tem de lidar diariamente com desafios ligados ao fato de transitar entre dois mundos tão distintos. “Hoje, eu já me sinto mais fortalecida e segura, mas nos ambientes em que vivo, trabalho e frequento, escuto dizer que sou utópica, louca, rebelde ou agressiva por querer essa mudança”, compartilha.
A cronometrada agenda dela inclui ainda o tempo de qualidade com os três filhos; as rotinas de autocuidado com ioga, meditação e retiros; um cargo na construtora da família; e tempo para aplicar os recursos financeiros pessoais em outros fundos de apoio a negócios de impacto no Brasil. “A gente quer estimular as pessoas a saírem do lugar de acusação, de culpar o governo ou tal empresa pelos problemas, eles são complexos demais para serem resolvidos só por um setor. Precisamos saber qual o nosso papel, como podemos atuar e como podemos fazer a diferença como protagonistas da mudança”.


