
Para dias difíceis, uma dose de Thelminha salva. Um papo com a médica anestesista e vencedora da última edição do “Big Brother Brasil”, mesmo que por meio da tela do celular, revigora e levanta o astral.
É impossível não se deixar contagiar pelo sorriso e pela trajetória de perseverança da paulistana de 35 anos. Aos 12, ela decidiu que seria médica e comunicou a mãe, que deu total apoio apesar das condições difíceis de uma família de classe média baixa.

Foi atrás de bolsas de estudo e chegou onde queria. Ainda na reta final de classificação do “BBB20”, antes mesmo de ter a confirmação de que estaria dentro do reality, gastou mais do que podia para comprar o vestido que iria usar na final: um modelo bordado de pedraria, no valor de R$ 3 mil, do estilista mineiro VJ Junior, que soube da existência dele por acompanhar a carreira e os looks da cantora Iza.

“Naquele momento, eu estava um pouquinho endividada, com o cheque especial bombando, mas precisava de um vestido à altura da final, estava determinada. Se não tivesse entrado no BBB, eu não teria o que fazer com a peça porque não tinha nenhuma festa, nenhuma formatura, nenhum casamento, nada”, conta ela, aos risos.

Outro investimento de risco foi pedir demissão dos quatro hospitais em que dava expediente sem ter certeza de que entraria na casa da Globo. Dar uma pausa na rotina exaustiva, em que só conseguia dormir cinco horas por noite, e o prêmio de R$ 1,5 milhão foram os pontapés iniciais para Thelminha se inscrever no programa.

Mas a médica dedicada também tem alma de artista e gosta de holofote. Fez balé clássico por anos, até o segundo ano da faculdade, quando não conseguiu mais conciliar com os estudos, e há 14 anos é passista da escola paulistana Mocidade Alegre.
Além disso, já mostrava a cara em seu canal no YouTube desde novembro de 2017, com total apoio do marido, o fotógrafo Denis Cordeiro. “Eu tinha 200 inscritos, depois do programa, o número passou para 220 mil”, comemora.
Thelma abraça todas as oportunidades que a fama e o carisma estão lhe proporcionando. Uma delas é o quadro sobre a pandemia do novo coronavírus que apresenta no programa “É de Casa”, onde consegue usar seu conhecimento como médica e seu recém-descoberto talento de comunicadora.

A atual rotina é tão ou mais intensa de quando dava plantões em vários hospitais. “Muita gente tem a falsa ideia de que a vida de digital influencer é fácil. Não é, tem muita dedicação. Tem vezes que trabalho até às três da manhã. Já troquei o dia pela noite e fui dormir às 6h30”, conta ela, que quer voltar a anestesiar quando o frenesi permitir.

Thelma tem consciência de que não poderia estar na linha de frente na luta contra a Covid-19 por causa da fama repentina. “Em um primeiro momento, a aglomeração poderia prejudicar um pouco dentro de um hospital”, diz, modesta. “Comecei a ajudar de outra forma, faço lives voltadas para a área da saúde, chamei um amigo de faculdade psiquiatra para orientar meus seguidores que falaram que estão com transtorno de ansiedade nesta pandemia”, conta.

Por causa do distanciamento, ela sente o carinho dos fãs pelas redes sociais. No entanto, em uma certa madrugada, quando os deliveries já haviam parado de funcionar, decidiu ir até o drive-thru de uma lanchonete. “Eu me desafiei, achei que não seria reconhecida, estava de óculos, máscara, dentro do carro, no escuro. Passei pelo primeiro atendente, do segundo em diante, já viram que era eu, dissseram que torceram por mim”, relembra.

Outra situação inusitada por conta do sucesso e da agenda cheia foi quando uma de suas melhores amigas marcou uma live com ela, com dias de antecedência, para poder colocar o papo em dia. Nada como uma dose de Thelma para poder seguir em frente.