Desfile de inverno 2023 da Miu Miu em Paris – Foto: Reprodução/WWD
Em dúvida da parte de baixo do look? Não se preocupe, a última moda é não usar nenhuma – a não ser que seja na forma de underwear. “Se eu fosse mais nova, sairia de casa de calcinha”, brincou Miuccia Prada depois do desfile da coleção de inverno 2023 da Miu Miu. Mas é verdade: sua passarela estava cheia de partes de baixo à mostra, com direito a cristais bordados e cores vibrantes.
Acredite se quiser: looks sem calça definiram as coleções de inverno dos desfiles de Paris, Milão e Nova York. Se parece que calcinhas e hot pants no frio não fazem sentido, o que as passarelas sugerem para os dias mais gelados é colocar a peça por cima de uma meia-calça. Sobretudos curtinhos só com o item embaixo – ou sem nada – também dominaram.
Mas o movimento da moda a favor das pernas de fora já começou no verão. As coleções de Bottega Veneta e Coperni estavam recheadas de opções.
Uma forma de aderir à trend sem arriscar tanto é com vestidos e saias transparentes, recuperando o look que era a norma nos anos 1990, a exemplo de Kate Moss no inesquecível naked dress de 1993. Em 2022, a peça dominou os guarda-roupas de celebridades como Rihanna, que apostou em look all black com foco na transparência para o desfile da Dior de inverno em fevereiro. Nas últimas semanas de moda, o que vimos não foi tão diferente.
Na verdade, a obsessão da moda com as partes de baixo não é nada recente. Voltou agora como uma evolução do comprimento mini que dominou as passarelas de 2022, impulsionado pela minissaia viral da Miu Miu, desfilada na coleção de verão. Qual passo seguinte seria mais natural do que calcinhas e hot pants?
Mas nos anos 1990, Vivienne Westwood já colocava suas modelos em underwear. A coleção de inverno 1989 incluía um macacão nude colado ao corpo, com um adereço espelhado em formato folha de figueira, estrategicamente colocado na virilha. E quem não se lembra de Carla Bruni de casacão e calcinha lá em 1994?
Carla Bruni para Vivienne Westwood em 1994 – Foto: Getty Images
Poderíamos falar sobre como a tendência, ainda que pouco prática no dia a dia, incentiva a liberdade feminina, mas isso vale para quem? Nos últimos meses, o que vimos foi um retrocesso. A verdade é que ela coloca em foco mais uma vez a preocupante falta de diversidade de corpos na moda.
Se vamos falar do retorno das tendências dos anos 1990, que ele não seja mais acompanhado da exaltação da magreza – e que pessoas com diferentes tipos de corpos sejam incluídas na conversa dessa vez.
