Karoline Vitto trocou a passarela oficial por um encontro direto com quem veste suas roupas. Antes da temporada começar, convocou sua comunidade pelo Instagram e armou um dia de fotos e vídeos: clientes e fãs apareceram com peças de coleções anteriores e viraram protagonistas do lançamento da coleção de verão 2026. Para uma marca independente, foi a chance de mostrar processo, ouvir quem compra e medir desejo sem intermediários.

A coleção nasce do olhar de Vitto sobre São Paulo e  como as pessoas se vestem, assumindo o clima quente com camadas leves. O desenvolvimento foi feito em duas bases de prova (UK 8 e UK 16), com gradação cuidadosa para manter o caimento consistente nos extremos da grade. É a resposta da estilista a um mercado que ainda oscila na diversidade de tamanhos: construir roupa que funcione no corpo, não só na foto.

As novidades chegam em silhuetas fáceis: três camisas de algodão e viscose, duas cropped e uma longa com abertura traseira que ventila em movimento. Nas calças, Vitto resgata o “belly-button” de 2021 em sarja espinha-de-peixe de deadstock, agora mais ampla e curvada, e atualiza um modelo queridinho do público, reduzindo os antigos detalhes tipo “alça de sutiã”. A linha também ganha itens de entrada para o dia a dia — boxer shorts e regatas — para quem quer entrar no universo da marca sem cerimônia.

Para as fãs da construção drapeada, há vestidos com novos torcidos e amarrações: franzido no quadril, alça assimétrica com nó, e uma cartela direta — vermelho tamarindo, chartreuse, rosa e preto. Os anéis metálicos, marca visual de Vitto, passam a atuar como ferragens de sua primeira bolsa: deixam de ser estrutura da roupa para virar função no acessório. Cerca de 80% da produção segue no Brasil. A cabeça criativa, porém, divide-se entre São Paulo e Londres, e o público também: o formato alternativo — cheio e bem recebido — indica uma demanda espalhada no mundo todo, indo do Reino Unido ao Brasil.