por Silvana Holzmeister
Quando Sharon Stone subiu ao palco do Globo de Ouro usando um longo com recortes transparentes assinado por
Vitor Zerbinato – preto, é claro, ela fazia parte do manifesto Time’s Up –, a cotação da marca brasileira subiu vários pontos entre stylists
que vestem celebridades hollywoodianas. Foi a segunda vez que a atriz, sex symbol nos anos 1990, escolheu uma peça do estilista. Em dezembro, ela surgiu com um conjunto de calça e blusa com decote smoking de renda e crepe, do Verão 2018, num evento beneficente da fundação The Aids Monument.
Para Vitor, a premiação maior da crítica especializada nos Estados Unidos foi o ponto alto do processo de internacionalização iniciado há cerca de dois anos e que tem a modelo Caroline Ribeiro como fada madrinha. “O vestido que ela escolheu para apresentar o Oscar chamou a atenção da stylist Andrea Araújo, cujo showroom, AC Fashion, em Los Angeles, já representava marcas brasileiras, como Fabiana Milazzo e Helô Rocha”, conta.

Foto: Renato Moretti
Em pouco tempo ele passou a vestir, de maneira orgânica, várias outras artistas, como Andy Allo, Mischa Barton, Abbie Cornish e Laverne Cox, de Orange Is the New Black, além da cantora mexicana Sofia Reyes, que usou numa premiação da MTV a mesma jaqueta com pássaros bordados comprada por Kim Kardashian. É um processo que corrobora o que o estilista já vinha observando por aqui, vestindo nomes como Anitta e Eliana.
Suas criações com fendas, decotes e brilhos discretos são perfeitas para momentos red carpet. “Celebridades ajudam a fortalecer a marca”, diz ele, que vê comprovada a estratégia no aumento das encomendas – tanto que está triplicando o tamanho do ateliê no interior de São Paulo. E dos pontos de venda internacionais, que já somam oito multimarcas entre Milão e Arábia Saudita.
Como a Per Lei Couture, em Doha, onde seus vestidos dividem a arara com Valentino e Givenchy. Apesar da sensualidade brasileira ser um trunfo, Vitor conta que precisa suavizar decotes e fendas nos modelos endereçados a esses mercados.
O sucesso no exterior é, ainda, reflexo do seu perfeccionismo. Em 30 anos de carreira, reconhece que passou mais da metade do percurso aprendendo a fazer uma roupa perfeita, com caimento e acabamento de maison. “Hoje, me sinto confortável”, explica. Mesmo assim, não abre mão da fase de pilotagem. Sua obsessão passa por detalhes como o zíper com banho de ouro 18 quilates e forro no mesmo tecido usado no lado externo nos modelos de festa.
Temática da coleção bem amarrada, sem perder o timing da estética contemporânea, também contribuem para a bem-sucedida escalada. Para o Inverno 2018, inspirado em Maria Antonieta, o estilista leu a biografia da rainha, reviu o filme de Sofia Coppola e resgatou lembranças da visita a Versalhes. “Me interessou a fase mais campestre, mas foquei numa versão atual da monarca”, conta. O resultado é visível nos 160 modelos da coleção, na qual predomina a silhueta fluida nos vestidos e seca na alfaiataria.

Foto: Divulgação

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Florais com spikes em formato de espinho e jacquard de rosas, couro com arabescos e bordados com pérolas aparecem em vários momentos. Na linha casual, o moletom é item recorrente. Pela primeira vez, Vitor criou uma linha de underwear, com sutiã, body e hot pants de cetim. Nos mesmos florais, as peças são perfeitas para ser usadas com vestidos transparentes.

Foto: Divulgação

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Ele também estreia nos acessórios, com uma seleção de óculos, tiaras, brincos e colares desenvolvida em parceria com a designer de joias Stephanie Stein.
A coleção chega mês que vem nas araras, junto com o lançamento do serviço sob medida no showroom da Vila Madalena, em São Paulo.Com jornada de trabalho de, no mínimo, 12 horas, o estilista garante que não vê o tempo passar. “Me emociona fazer um vestido impecável”, diz, com o entusiasmo de quem está apenas começando.