Larissa Manoela mostra a que veio: de atriz mirim a ícone GenZ

Larissa Manoela sempre soube ponderar suas escolhas de vida e carreira diante do apontamento dos haters à espreita de um deslize ou ato falho no panteão da internet. São 21 anos de idade, 17 dedicados à carreira artística, agora com uma exposição que a leva para um público expandido e renovado nas telinhas da Globo. Vive sua primeira protagonista na emissora carioca, na novela “Além da Ilusão”, trama de época na faixa das 18 horas.

Depois de um caminho cristalino como ícone-mirim, o talento multifacetado vive a transição de menina para mulher. “Devido à profissão, acabei tendo de lidar com essa maturidade mais cedo”, resume. E assim foi pavimentando seu sucesso sem perder o prazer das descobertas, seja na forma de pensar, ocupar seu lugar no mundo e as mudanças no corpo. “Olhar no espelho e se aceitar”, diz.

Nas páginas de Bazaar, esse talento múltiplo estampa uma versão rebel heart, com estética Y2K e cabelos inspirados em mangás, revelando sua verve camaleônica: “Sou uma menina rebelde e que, ao mesmo tempo, não deixa de ter feminilidade e muita atitude”, confirma. A rebeldia dessa capricorniana nunca foi uma causa. Talvez por sempre ter deixado muito claras suas convicções. “Nunca precisei me rebelar para ser escutada, compreendida e atendida”.

À frente das decisões de sua carreira ao lado dos pais, tudo que assume tem seu aval – seja nos produtos licenciados, quando faz questão de testar, projetos em que acredita e empresta seu rosto, ou ações sociais para além dos vendáveis. Ela é dona de uma empresa de telefonia móvel, lançou recentemente uma linha de maquiagem, espera ampliar o portfólio para o ramo de skincare, e ainda é garota-propaganda de um sabonete íntimo que usa a gíria em torno de seu nome, no diminutivo, para apelidar a parte íntima das mulheres.

No dia 20 deste mês, crava uma nova fase com o lançamento do álbum “Larissa Manoela a Milhão”, de vibe enérgica e eletrizante, cujos feats. com Joe Montana e MC Zaac já ganharam as plataformas de streaming. Na tracklist, 10 faixas que vão do pop ao reggaeton, feitas para dançar e curtir, produzidas pelo uruguaio Augusto Cabrera. “As letras têm muito a ver com algo que já passei e, de certa forma, quero que as pessoas recebam esse recado e possam se identificar”, sintetiza.

O álbum foi finalizado entre as gravações da novela, momentos que ela conseguia se reunir virtualmente com seu time. E a leva para um outro patamar enquanto artista, pois reforça essa vontade em se firmar como cantora. “É um desafio porque é difícil poder caminhar com os dois. O Brasil, infelizmente, tem uma cultura que acaba nichando o artista. Não precisa disso. A gente pode atuar, cantar, estar em cima de palco fazendo show”, refuta.

No segundo semestre, quer voltar aos palcos com a turnê do novo trabalho tão logo terminar a novela e descansar. Época na qual também estará produzindo a terceira obra original para a Netflix após os sucessos “Modo Avião” (2020) e “Lulli” (2021), que deve rodar em meados de 2023, além da sequência do longa “Fala Sério, Mãe!”, ao lado de Ingrid Guimarães, e de outros projetos na Globo.

Com tamanha versatilidade, é preciso focar para tudo sair nos conformes: dramaturgia, música, além dos papéis da vida real, como filha única, amiga, influenciadora e empresária. Leva consigo um mantra: “você é o que escolhe ser”. E tem optado por versões melhores todos os dias a fim de zelar pela sua saúde, integridade, essência, e não ser corroída por esse universo online amargo e negativo – retrato de uma geração com um púlpito sem filtro a uma tela de distância. Tem feito terapia há pelo menos três anos. Deus, família (em especial os pais Silvana e Gilberto) e saúde física e mental são os pilares dessa sustentação.

Às vésperas da nossa conversa, havia atingido a marca de 45 milhões de seguidores no Instagram. Quando notificada, estava em seu quarto, sozinha e ficou tentando entender essa quantidade de pessoas, onde estão, do que falam e o porquê de estarem ali. Essa dualidade é sempre motivo de reflexão para não se deixar afetar e, se necessário, calcular novas rotas. “Estão ali por gostarem de quem um dia fui, do que representei naquela época (no boom do “Carrossel”, novela do SBT que a catapultou à fama há uma década), do que estou conquistando hoje e me descobrindo, também, por algum filme, novela, comercial, dublagem, música ou livro”, atesta.

Mas nem tudo é trabalho. A mudança de ares para o clima quente da capital fluminense a fez se abrir a novas alianças. E não apenas amorosas. “Momento muito precioso, onde tenho conhecido muitas pessoas”. Nessas trocas, não quer mergulhar no raso. Aderiu ao movimento “ou soma ou some”. Solteira, vem buscando se amar em primeiro lugar. “Estar só me causa uma dubiedade do tipo: será que vou encontrar uma pessoa que venha para me trazer alegria?”. Feliz sozinha, questiona: “ou será que vou continuar agora, nesse processo, priorizando a Larissa e, quando menos esperar, vai aparecer uma pessoa incrível?”.

Pressa, ela não tem. A idade é sua aliada. O amor pode aparecer daqui a alguns anos e se precisar tomar a iniciativa ou pedir em namoro, não será a primeira vez. Gosta de saber onde está pisando para não assustar. A fama tem dessas. Quem não está acostumado, precisa se adaptar. Ela pode e quer fazer dar certo. “As mulheres estão no poder, têm prioridades, vontades, desejos e anseios”.

Nos raros momentos de ócio, gosta de ficar sozinha no conforto do apartamento em que mora com os pais. Em breve, vai mudar de endereço e ocupar uma casa, onde vai poder levar os nove cachorros para morar com a família. Atualmente, faz revezamento para levá-los de São Paulo ao Rio e, quando bate a saudade, faz chamada de vídeo com os filhos de quatro patas.

Tentando se encontrar nesse novo momento de vida, Larissa Manoela entende seu lugar no mundo, com empatia, leveza e preocupada com os problemas à sua volta. Tem consciência de tudo o que conquistou, da grandiosidade em torno dos números – comprovados pela audiência estratosférica das redes sociais e ascensão teen nas telinhas da Netflix -, está sempre com a escuta aberta para a construção da mulher no aprendizado do dia a dia e está a milhão para se jogar na vida adulta. A vida, como ela acredita, é feita de escolhas. E a mais acertada é a da profissão, que segue exercendo, apaixonada, e com a certeza de que será para o resto da vida como missão e propósito.

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