Foto: Gil Inoue

Débora Falabella está produzindo com nunca. Está no filme “Bem-vinda, Violeta!”, que é uma coprodução Brasil-Argentina, e que conta com elenco argentino. O filme, falado em espanhol, conta a história de uma escritora brasileira que vai fazer uma residência no Ushuaia, em uma casa onde vive um escritor bem conhecido e excêntrico. Lá ela vai viver coisas que nunca imaginou e tem a questão de até onde uma pessoa pode ir por sua arte. “Bem-vinda, Violeta!” foi premiado no Festival do Brooklyn, em Nova York, e , no Brasil, deve estrear em algum festival deu cinema no mês de outubro. 

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Ela também acabou de finalizar as gravações da série “Fim”, baseado no livro homônimo de Fernanda Torres, da Conspiração Filmes e com direção de Andrucha Waddington. Ainda sem data de estreia, na Globoplay, a série retrata a vida de um grupo de amigo durante muitos anos, e foi a primeira vez em que Débora esteve tanto tempo dentro de um personagem que se estende pela vida toda. “A dificuldade da série é que esse grupo de amigos envelhece, então tem toda a caracterização, a mudança de época, era uma dificuldade enorme, e eles fizeram de uma forma linda, muito bem realizado”, diz.

Fora esses trabalhos, Débora está roteirizando um filme, ao lado de Vana Medeiros e Silvia Gomez,  que pretende dirigir. “Mantenha Fora do Alcance do Bebê” é adaptação de uma peça ela já fez como atriz, da dramaturga Silvia Gomez. Pretende viajar com sua companhia de teatro, a Grupo 3 de Teatro, com a peça “Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante”, que fala sobre violência contra a mulher, estupro. “Bem relevante nesses tempos”, comenta.

Ah, Débora também é finalista do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, na categoria de melhor atriz pelo filme “Depois a Louca Sou Eu”. O filme ainda concorre às categorias de melhor longa de comédia e melhor longa de ficção. A cerimônia de premiação acontece em agosto.

Leia a seguir entrevista que Bazaar fez com Débora via Zoom. 

Foto: Gil Inoue

Você está no elenco do filme “Bem-vinda, Violeta!” que foi premiado no Festival do Brooklyn, em NY. Fale sobre filme e sobre sua personagem? 

Então, esse filme já tem um tempo, eu já sabia que ele ia acontecer. Ele é uma adaptação do livro “Cordilheira”, do Daniel Galera. Eu li esse roteiro há muito tempo, esse filme estava para ser adaptado. Eu lembro que estávamos no meio da pandemia, eu estava fazendo uma peça online, na época, e o filme ia acontecer e ia rolar no Ushuaia. Eu achei uma loucura aquilo, no meio da pandemia, ir para o Ushuaia, para mim era algo impensável, porque tínhamos parado todos de trabalhar. Mas era um filme que eu já tinha muita vontade de fazer. 

É uma personagem que é uma escritora. E ela vai para uma residência ali no fim do mundo, no Ushuaia, na Cordilheira, e encontra nessa residência um escritor que é muito conhecido, e, ao mesmo tempo, muito excêntrico. A ideia, lá, era a de abandonar a sua escrita e viver a sua história, é mais ou menos isso que acontece na residência. E esse escritor tem ali uma imagem meio de líder, esses líderes que hoje em dia são um pouco perigosos, tem um pouco essa característica de seita. E essa escritora vai parar ali, com todas as suas questões, de vida, femininas, e acaba vivendo a personagem que ela escreve. É bem interessante, é um filme que flerta com o suspense e o thriller psicológico. Eu achei uma experiência muito interessante para mim, porque foi a primeira vez que eu fiz um filme quase que todo falado em outra língua e com atores que não eram brasileiros. Então foi uma experiência muito importante, e ter feito no meio de uma pandemia e em uma natureza tão imponente. 

Foto: Gil Inoue

Como foi gravar no Ushuaia com elenco argentino e falando outro idioma?

Eu tive pouco tempo de preparação, porque naquela época toda a preparação era feita por Zoom, a gente não se encontrava, até a prova de figurino eu me lembro que fiz por Zoom, depois eu fiz lá também. Primeiro que o lugar estava fechado, não estava aberto para o turismo, então toda a equipe ficou ali, era muito isolado, e lá a natureza é muito violenta, porque você está na ponta do mundo. A gente foi no verão, pegamos neve, ventos inacreditáveis, parecia que iam levar a gente, dali a dez minutos abria um sol inacreditável, frio, calor, e uma paisagem muito diferente de tudo o que eu já havia visto na vida. Muitos lagos, na frente do nosso hotel e da locação que usamos, a gente subiu as montanhas para filmar na neve também, então para mim foi muito importante para entrar naquela história. 

A minha personagem é uma escritora brasileira que vai fazer uma residência, então não tinha problema com sotaque, isso tudo bem, ou seja, não havia uma preocupação de ela falar como uma pessoa que morasse naquele lugar. Eu morei um ano na Argentina, mas isso faz muito tempo, mais de 12 anos, então eu conhecia a língua, eu entendo muito bem, mas como nunca mais fiz aulas, eu não tinha essa fluência para falar. Então fiz aulas com uma coach para pegar a intonação mesmo das frases que precisavam ser ditas. Eu me preparei muito. Tinha uma cena enorme em que eu contava toda a a história da personagem do meu livro, então fiquei ali treinando até ficar orgânico, mas não foi fácil, porque eu não tenho o domínio. Ao mesmo tempo eu não tenho noção do que as pessoas vão sentir me escutando, as pessoas de lá. Minha maior vontade é que esse acento da língua não distancie quem está assistindo a história. E eu acho sotaques bonitos, acho interessante não perder totalmente. 

Qual a previsão de lançamento no Brasil?

Eu acho que ele deve estrear em algum festival em outubro, mais ou menos. 

E sua expectativa com a estreia, com está?

Primeiro que ele é uma coprodução Brasil-Argentina, e o filme tem uma característica de que não é uma história brasileira, ele se passa em um lugar que é o Ushuaia, que não é nosso, com atores de outro lugar. Eu acho isso tão interessante, porque a gente mora do lado dos países latino-americanos, e somos distantes deles por conta da língua. Acho muito interessante quando a gente consegue se aproximar por meio do cinema, do próprio teatro, consegue estreitar essas conexões. Eu acho interessante também uma coprodução e um filme que explora até onde você vai por conta da sua arte, é uma personagem que me remete até à profissão de atriz, porque é uma escritora que chega até o limite para viver a personagem que ela está escrevendo, e a gente no nosso trabalho é um pouco assim, né? A minha expectativa é grande, porque é um filme diferente, e que remete à arte e a essas questões das lideranças. 

Foto: Gil Inoue

Você é finalista do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, na categoria de melhor atriz por “Depois a Louca Sou Eu”. Qual a sensação com a premiação?

Esse filme ia ser lançado no cinema logo quando aconteceu a pandemia. Eu acho que o lançamento no cinema era perfeito, porque ele flerta tanto com comédia como com drama. E no prêmio ele esta concorrendo ainda a melhor  longa de comédia e melhor longa de ficção. Então eu tenho um carinho enorme, eu adorei fazer esse filme, a história é interessante, relevante, olhar com um pouco menos de tabu, sobretudo a questão da saúde mental. É uma personagem que eu amo ter feito. E concorrer a esses três prêmios ao lado de atrizes maravilhosas, fico muito lisonjeada e feliz.

Você também participa da série “Fim”, baseado no livro de Fernanda Torres, certo? Vi que você postou o fim das gravações. Conte sobre isso.

Como não tem ainda um lançamento, não é uma coisa que a gente pode falar muito. É uma adaptação do livro da Fernanda Torres, que conta a história de vários amigo que nasceram e viveram ali no Rio de Janeiro durante quatro décadas. Minha personagem é ótima, eu fiquei apaixonada. O interessante, primeiro, foi trabalhar com a Fernanda – que assina o roteiro -, com a Conspiração Filmes, com o Andrucha Waddington, tem uma equipe muito astral. A dificuldade da série é que esse grupo de amigos envelhece, então tem toda a caracterização, a mudança de época, era uma dificuldade enorme, e eles fizeram de uma forma linda, muito bem realizado, e uma história que eu adorei contar, muito marcante, muito voltado para a decadência, o envelhecimento, em como as pessoas enxergam a vida. É uma história que fala de amizade, de amor, de morte. Eu nunca tinha passado tantos anos de vida de uma personagem. Todos os atores do elenco fazem todo o processo de vida e, alguns de morte, de todos os personagens. 

Foto: Gil Inoue

Quais são seus próximos projetos?

Eu estou desenvolvendo um roteiro de um filme que eu quero dirigir, que é o “Mantenha Fora do Alcance do Bebê”, ele é adaptação de uma peça que eu já fiz como atriz, de uma dramaturga chamada Silvia Gomez. Estou em fase do desenvolvimento do roteiro, ao lado de outras roteiristas, Vana Medeiros e Silvia Gomez, mas é algo que está caminhando, porque não está fácil fazer cinema. É um projeto bem antigo meu, e agora resolvi pôr a mão na massa para fazer. E, fora isso, devo viajar com os espetáculo da minha companhia que é o Grupo 3 de Teatro, devo fazer Rio de Janeiro com a peça “Neste Mundo Louco, Nesta Noite Brilhante”, que fala sobre violência contra a mulher, estupro, bem relevante nesses tempos. Vamos para o Festival de Teatro de São José do rio Preto, e vamos rodar.