Descomplicar e desmistificar o acesso e o uso da energia solar no mercado brasileiro é a principal meta da executiva Daniela Robledo. Gestora de destaque, com experiência no mercado publicitário, sempre com ações fora da caixa e reestruturação de grandes empresas, trabalha atualmente com aquilo que se tornou uma missão não só profissional, mas também pessoal: tornar o ESG – Environmental, Social and Corporate Governance – um lugar comum na mentalidade empresarial do Brasil, um dos principais players do mundo no que se refere à geração de energia sustentável.
Hoje ela é diretora de marketing, comunicação e ESG da SOL Copérnico, empresa de sustentabilidade e energia. Ela conta à Bazaar quais as vantagens de se propor ações sustentáveis por parte das empresas e traz dicas para a implementação dessas ações. “A sustentabilidade está ao alcance de todas as pessoas e empresas e, diferentemente do que se imagina, é um movimento que gera lucros”, conta Daniela Robledo:
De onde vem essa sua preocupação com a sustentabilidade?
Acredito que a preocupação sempre esteve latente, mesmo que de forma mais tímida, sempre esteve presente a minha vida pessoal e profissional. Claro que na SOL tenho a oportunidade de falar mais abertamente e dedicar meu tempo para esse tema tão importante para nós e para as gerações futuras. A preocupação socioambiental é grito de mudança que todas as empresas precisam dar. A importância do ESG – governança ambiental, social e corporativa, é um movimento que quanto mais você entende, melhor você faz e mais vantagens você traz para sua companhia.
Consegue fazer um paralelo das ações brasileiras com o que é realizado em países desenvolvidos?
Vamos começar pelos créditos de carbono: o País é um dos maiores players mundial, tendo acabado de regulamentar o mercado de carbono no Brasil por meio do decreto 11.075/2022. É importante destacar que nossa matriz é uma das mais limpas do mundo e que o crescimento da energia solar tem contribuído de forma muito positiva para que possamos chegar a 2050 com zero de emissões. O mesmo movimento tem sido a espinha dorsal do programa de redução de emissões mundo a fora, como na Europa por exemplo que acabou de proibir vendas de carros a combustão a partir de 2035.
Que tipo de ações as empresas brasileiras podem começar a adotar em prol da sustentabilidade?
Utilizar versões biodegradáveis faz toda a diferença no cuidado ambiental. Esse tipo de produto se decompõe por completo e mais rapidamente na natureza, sem emissão de poluentes que desestabilizam os ecossistemas. Além disso, os produtos biodegradáveis também podem ser de composição natural, ou seja, fabricados com matéria-prima 100% vegetal, o que significa o menor impacto possível ao meio ambiente. Além disso, o descarte correto de resíduos é essencial. Independente do tipo de negócio, a empresa tem a responsabilidade de prover o que vai fazer com o lixo gerado. Essa atitude é que evita o descarte inadequado no meio ambiente e evita os acidentes ambientais, acúmulo nas ribanceiras dos rios, entulhos nos esgotos e contaminação das águas, entre outros. O Brasil ocupa o 4° no ranking mundial de produção de lixo, com quase 80 milhões de toneladas geradas por ano, mas nem 4% desse total é reciclado. As principais produtoras de resíduos são as empresas, por isso elas devem trabalhar atentas ao tema e procurar soluções acerca dele. Optar por geração de energia limpa é um ato de sustentabilidade e consciência sustentável. Costumo dizer sempre em palestras e eventos que quando se trata da nova conscientização e ações socioambientais que o pouco é muito. É preciso mudar o mindset das pessoas, das empresas, das organizações de todo mundo. Então temos que trazer a sustentabilidade para perto, aproximar as pessoas do tema, e a conscientização dos pequenos gestos, no dia a dia, é o que vai contar pois a lógica e a postura é que muda.
Você fala também sobre a importância de um Programa de Educação Socioemocional nas empresas…
A sustentabilidade emocional não pode ser considerada somente uma teoria, ela é considerada uma prática de extrema importância para o dia a dia das pessoas. Tal prática busca saber a ligação que existe entre as nossas emoções e valores com as questões de sustentabilidade pessoal e social. Você não pode mudar o que sente, mas pode aprender o que fazer com seus sentimentos.
Você comenta que o seu grande legado é fazer da sustentabilidade algo natural. Como começar essa prática no dia a dia, dentro de casa?
Comece fazendo pequenas coisas no seu dia a dia e na sua casa. Ações pequenas são mais importantes do que parecem. Evite o uso de sacolas plásticas, use sempre as retornáveis; compre apenas o que consome; priorize e incentive o consumo regional; separe seu lixo, e busque saber e implantar o sistema de coleta seletiva no seu prédio ou condomínio. Troque a energia elétrica pela energia solar, algo hoje muito fácil de implementar. Por fim, crie um planejamento consciente de energia, com lembretes de só abrir a geladeira se souber o que quer pegar, fechar a torneira enquanto escova dos dentes, e use o ar-condicionado se realmente o ventilador não der vazão – aliás, você sabia que o ventilador consome 6,5 vezes menos que o ar condicionado?