Por Ale Farah
Em um mundo tão diverso, onde todo mundo é e veste, ou deveria ser e vestir, o que deseja e gosta, falar em tendência é algo que pode parecer retrógrado e careta. Mas, podemos apontar caminhos em comum já que estamos todos, guardadas as diferenças sociais e geográficas, vivendo diante da mesma realidade planetária. Para 2023, com base nos fatos e não em previsões, o que deve vir por aí em moda e tecnologia.
Moda: foco na realidade, mas a fantasia não vai ser abandonada
Ucrânia, crise climática, carência, violência, recessão mundial. Trabalhar em sintonia com a realidade das ruas, das artes, da política é o foco de Miuccia Prada e Raf Simons, em 2023. O mundo da moda foi aberto oficialmente em janeiro com os desfiles masculinos na Itália. Em Milão, a Prada mostrou looks simples e utilitários, que incluem alfaiataria minimalista, bolsas que já vem com garrafas de água, casacos e calças sem excessos.
Após a apresentação, Miuccia deu entrevista dizendo que Raf Simons e ela fizeram roupas para dar “conforto, segurança e proteção” – necessidades de seus consumidores nos dias atuais. “Esta coleção é a nossa reação ao mundo lá fora que vive um momento histórico complicado. Trabalhamos com honestidade na criação de peças úteis para pessoas, criamos uma moda com significado e sentido. Esse é o valor da moda hoje”, complementa. Ou seja, o mundo já está doido demais, as roupas devem facilitar a vida.
E por falar em valor, a categoria de athleisure – roupas feitas para práticas de esportes e uso em geral – continua sendo a que mais cresce na moda. As marcas com foco nessa categoria valorizaram 53% em 2021 e as de luxo tiveram uma valorização de 34%, segundo a Kantar Ibope Media.
Mesmo com Alessandro Michele (e seu mundo onde todos os tipos de corpos e gêneros são valorizados) tendo deixado a direção criativa da Gucci, que desfilou sem ele em janeiro uma coleção masculina muito simples, o escapismo continua sendo uma característica da moda atual, com marcas como Schiaparelli explodindo em criatividade surreal. “Acredito que o varejo de moda vai se organizar nos próximos anos menos entre o feminino e o masculino, o jovem e o adulto, e mais entre o casual e a fantasia”, diz Dudu Bertholini, stylist e comunicador de moda. Para ele, independente de estilo de vida e de corpo, teremos nossos momentos de conforto e praticidade e outro de sonho e alta criatividade estética.
Tecnologia: o avanço dos bots
Claro, a gente já ouviu falar em NFT (token não fungível) e metaverso, tecnologias que devem crescer muito no futuro. Mas o que já está disponível hoje e é considerado outro degrau na evolução da inteligência artificial é o ChatGPT, um bot muito evoluído.
Lançado no final do ano passado por uma empresa de Elon Musk e ainda em fase beta, o ChatGPT funciona com uma interface parecida com a do Google avançado. Ao entrar no site chat.openai.com, você escreve na caixinha o comando. Qualquer pedido é aceito, por exemplo: “Quais os números de desmatamento da Amazônia?” ou “Qual a história da alta-costura?”. Diferente do Google, o ChatGPT te devolve, não uma lista de links relacionados à sua pesquisa, mas a resposta pronta, em texto. Até mesmo roteiros e projetos ele faz.
Perguntei a ele “como o ChatGPT pode ajudar a moda?” e ele me respondeu: “Gerar conteúdo criativo para descrições de produtos; títulos, postagens em blog e redes sociais; criação de anúncios eficazes, atendimento ao cliente; criação de modelos, roupas e acessórios”. Esta última função deve acontecer em uma próxima versão do programa, já que a atual tem texto mas não imagem. Imagina só o que vem por aí?