24 horas: O estilista gaúcho João Maraschin compartilha sua rotina

Radicado em Londres, João Maraschin estreou na Copenhagen Fashion Week, nesta terça-feira (06.08). Para a Harper’s Bazaar Brasil de agosto, ele compartilha a dupla rotina de professor e diretor criativo à frente de sua marca homônima. Acompanhe um dia com o estilista gaúcho abaixo:

7h

Acordo tarde em comparação aos amigos do Brasil, que costumam levantar entre 5h30 e 6 horas. A primeira coisa que faço é beber água e preparar o café. Não como nada. Deixo para me alimentar bem no almoço, talvez esteja errado (risos). Volto para a cama, bebo o café, pego o celular e vejo o que tenho para fazer ou se há alguma mensagem que precise de resposta rápida. Na sequência, leio jornais e me atualizo sobre o mundo.

8h15

Eu me visto, pego uma bicicleta e vou para a Universidade. Dou aula de processo criativo no bacharelado e no mestrado quase todas as manhãs, na London College of Fashion e na Central Saint Martins. Como moro em Hackney, no caminho passo pelo canal Regent; é uma pedalada supergostosa. Em 15 minutos, estou lá.

12h

Almoço na cantina da Universidade. Fish and chips só às sextas-feiras. Cresci na cultura italiana, então a massa é sempre a minha primeira opção.

12h45

Meu estúdio fica no Hackney Wick e pedalo por dez minutos. Lá, faço prova de roupas, reuniões, troco e-mails com fornecedores e me atualizo sobre projetos em andamento. Depois que a marca foi selecionada para o LVMH Prize, ficamos no holofote e recebemos vários convites. Mas é preciso filtrar.

15h

Resolvi apresentar a coleção “Road Trip” na semana de moda de Copenhagen porque é um ponto de atenção na moda da Europa. Não há mentoria ou dinheiro, mas um acompanhamento para seguir planos de tornar o impacto negativo positivo. É uma prática muito única na indústria, em que a sustentabilidade é usada como ferramenta de marketing e greenwashing. É a semana que mais condiz com meus valores e com o que a marca significa.

17h

Sigo trabalhando na coleção nova, que tem uma evolução estética em relação à anterior, com abordagem de rua, mais dia a dia. Tem muitos suéteres, minissaias, vestidos e twin sets. Vou desfilar de 25 a 30 looks, totalizando cerca de cem peças para este verão 2025, com parte da coleção chegando às lojas em novembro e outra no início de fevereiro. Do feito a mão, tem tricôs a partir de resíduos industriais, macramê e crochê. Vou brincar com estampas em um tecido superleve feito de fibras de garrafas PET e os jeans têm pegada sustentável. Nunca fiz swimwear, que será apresentado com alfaiataria, dando uma nova cara à marca. Quase todo dia, saio do estúdio para nadar ou correr. Corro ao lado do Victoria Park e pratico natação na piscina que foi usada nos Jogos Olímpicos de 2012 em Londres.

18h30

Volto ao estúdio e fico em um momento de silêncio. Faço pesquisas em livros, reavalio modelagens ou redesenho. Às vezes, respondo mensagens no WhatsApp.

21h30

Eu e meu marido, Edward, nos dividimos na cozinha. Preparamos diferentes saladas. Quando quero algo mais fácil, compro um curry. Também amo bulgur wheat, uma espécie de cuscuz. Como amamos carros antigos e western (Edward é dono de uma vintage store de roupas de caubói), depois do jantar ou aos finais de semana damos uma volta pelas redondezas de Londres. Se tem algum amigo na cidade, vamos a museus, exposições ou cafés e restaurantes.

23h

Se ficamos em casa, assistimos filmes e séries, a última foi “Becoming Karl Lagerfeld”. Mesclo trash TV e filmes dos anos 1960 e 1970. Vou para a cama à meia-noite. Tento ler umas dez ou 15 páginas antes de dormir para, no dia seguinte, começar tudo de novo. Depois, da semana de Copenhagen, férias!