Bazaar Man estreia com Chay Suede

Chay Suede vem subvertendo o mundo televisivo com seu mocinho de aspiração a vilão em “Travessia”, novela das 21h, da Globo. Tem gravado “loucamente” para dar conta da jornada dupla que é administrar as personalidades de Ari. Além da novela, sua rotina reserva (um bom) tempo para a família. Isso inclui a atriz Laura Neiva, sua mulher, e os filhos José e Maria, 1 e 3 anos, respectivamente.

Um lado empresário vem surgindo, com coleção de joias a caminho. Exercícios físicos entram na baila para manter o porte de galã. O capixaba Roobertchay Domingues da Rocha Filho topou, em um domingo de folga, clicar a capa de estreia da Bazaar Man. O ator se empolga ao fazer “umas coisas diferentes”. É o que o motiva, aliás! Empresta seu talento para interpretar personagens distintos, de vibe desbravadora e futurista com muitos figurinos metalizados. Ora surgem looks com ponto focal de cor, ora em preto e branco. Outros poderiam bem se encaixar em filmes de Jean-Luc Godard, da nouvelle vague dos anos 1960.

Para dar vida a Ari, seu escape foi interpretá-lo sem julgamentos. A música tem conexão direta com Chay. Pegou faixas árabes, nigerianas e etíopes para evocar as areias dos Lençóis Maranhenses, passando por Yo-Yo Ma, para as cenas com Brisa (Lucy Alves), e System of a Down e Raimundos quando está “coringando” – fase descontrolada, como dizem na Internet. “Faz um monte de besteira, é mau caráter. Pessoa torta, totalmente diferente de mim, dos meus amigos, das pessoas com quem convivo”, analisa. “É meu primeiro personagem com um poço de defeitos”.

Para ele, o protagonista é um narcisista nato. Quando recebeu a sinopse, pouco sabia da trama ou do rumo do personagem. Topou porque queria trabalhar com o diretor Mauro Mendonça Filho e com a autora Glória Perez. “Esse personagem oferecia mais do que simplesmente um mocinho ou um par romântico. Me interessou pelas mil possibilidades de desdobramentos enquanto ator”, justifica.

Não imaginava tamanho imbróglio. A cada capítulo, uma nova surpresa. Agilidade, perspicácia e velocidade, segundo ele, ditam o ritmo do ator de folhetim, diferente de uma obra fechada, como cinema ou série. Entre suas atuações de destaque nas telonas, em 2019, interpretou Erasmo Carlos (morto em novembro passado) no filme biográfico “Minha Fama de Mau”.

Chay chega aos 30 anos abraçando a transformação gerada pela paternidade em sua vida. “Ela modificou muitas coisas, além da relação e do dia a dia com meus filhos. Reverberou em todas as áreas, inclusive na profissional”. Está começando a viver o que projeta há muitos anos. Ter uma família e fazer trabalhos com pessoas que gosta faziam parte desse checklist. “Quero que meus filhos lembrem do pai deles como alguém dedicado, dia após dia, a eles e à família. Que fez o possível e o impossível para a família permanecer sempre junta”, garante. O segredo para o relacionamento dar certo, na experiência dele, é não deixar que assuntos, desavenças e discordâncias se acumulem. “Passar a limpo sem reverberar por muito tempo”, compartilha.

Carências dele são virtudes de sobra em Laura. E o que falta na personalidade dela, ele complementa. Entenderam um jeito de funcionar juntos. Não é nem racional, é “mimetizado e simbiótico”. Dedicação é um norte. “Não esperar que o outro te faça feliz, mas se esforçar para fazer o outro feliz”. Enquanto Laura tem capacidade enorme de organização multitarefas, Chay consegue fazer uma coisa por vez. Em compensação, ela o aciona quando o assunto é mais sério. “Vou chegar e ter presença de espírito para resolver”.

Interessado em novas descobertas, na pandemia ele fez um curso de perfumista – gosta dos cheiros e da história por trás deles. “Meu interesse vem de quando era criança. Os cheiros sempre acessaram minhas memórias mais profundas e escondidas”. Seu outro interesse é por design: de relógios a peças de roupas. Para o círculo de amigos, desenhou a bolsa Pirate (não se anime porque não está à venda!), uma referência a seu apelido de infância.

Com esse mesmo nome, havia lançado no ano passado uma coleção-cápsula de roupas (com camiseta e moletom), mas quer entender como isso se encaixaria em sua vida de um jeito prazeroso e criativo sem o foco financeiro. Sua primeira coleção de joias, “Mano a Mano”, será lançada em breve. “Bem diferente do que estamos acostumados”, explica sobre o drop de anel, pulseira, colar e pingente. As peças foram produzidas em ouro amarelo, branco e rosa, com pedrarias. Será seu debút como empresário. Também pensa em entrar de sócio em um restaurante no Rio de Janeiro com lifestyle pujante das motocicletas – outra de suas paixões.

Se Pirata é o apelido de Chay desde muito novo, no fim das contas, ele embarcou nessa personalidade. É capaz de aglutinar pessoas, informações, misturar tudo e usar na hora certa. Isso vale igualmente para um personagem ou para uma peça de roupa. Não é do tipo que caça os desfiles para assistir durante as semanas de moda nem fica em busca de tendências. Limita-se a consumir o que o círculo de amigos, de alto teor fashion, diga-se, produz.

Seu mood para se vestir vai do “super sem saco” ao animado inspirado. “Tem horas que só quero camiseta branca e calça jeans e um tênis qualquer, o mais confortável do mundo. E tem alguns momentos que tenho vontade de colocar uma coisa mais extravagante ou impactante”, resume.

Essa versatilidade tem a ver com esse espírito pirata de “passar por um monte de lugares e ir acumulando as riquezas”, diz. Vem daí também sua paixão por misturar e usar muitos penduricalhos e amuletos. O look pode ser por vezes exuberante, mas a alma é sempre simples. Chay é vida real e sem filtros, como atestam seus 4 milhões de seguidores no Instagram.