Pabllo Vittar lança novo disco – Foto: Gabriel Reneé

Dizem que um raio não cai no mesmo lugar. No entanto, Pabllo Vittar quer desafiar o ditado popular. Após lançar ‘Batidão Tropical’, o disco de maior sucesso em sua carreira e que embalou a pandemia de muita gente, a cantora encara um novo desafio: dar continuidade ao projeto que mostrou sua versatilidade como artista. Em tempos de charts e disputas por rankings musicais, a artista resolveu se reencontrar com suas origens e ritmos do Norte e Nordeste, local onde se moldou como artista durante a infância. No entanto, se o sucesso nas plataformas vier de um projeto tão autoral, ela não irá disfarçar felicidade. É isso que Pabllo conta em conversa exclusiva com a Harper’s Bazaar Bazaar:

A artista, que nasceu no Maranhão, também morou três anos no Pará. Desde bebê até seus 13, 14 anos, viveu essa atmosfera do tecnobrega, calypso, forrós e rack. “É maravilhoso lembrar da minha infância, me deixa completamente nostálgica saber que a pessoa que era criança ouvindo esse ritmos cresceu e virou a artista que virou, que pode estar lançando um projeto. Isso me deixa com quentinho no coração”, afirma a drag queen, que foi seguida recentemente no Instagram por Madonna.

Com 14 faixas, o trabalho, que sucede o álbum “Noitada”, é muito aguardado pelos fãs. Pabllo tenta equilibrar a pressão dos admiradores em começar uma “nova era” com sua intuição. “Esse é um álbum mais solar, que fala muito de mim. É óbvio que fico preocupada com a recepção, quero que as pessoas gostem, que ouçam e se divirtam. Ao mesmo tempo, tenho que me sentir feliz, tenho que me sentir eu mesma. Até para sair com a tour, fazer o show e me divertir no palco. O primeiro ‘Batidão’ é o meu álbum mais premiado de todos os seis que tenho. Então, é um procedimento bom”, comenta ela, que se apresentou com o Volume 1 no Coachella, principal festival de música na Califórnia.

Falando em mercado internacional, Pabllo revela que tem interesse em “se virar mais para fora”. Inclusive, garantiu que tem coisas engatilhadas nesse sentido, que serão reveladas mais para frente. “Agora, quero aproveitar essa coisa do regional, do que é pop de popular. Não pop como a galera que está fazendo esse trabalho mirando o mercado mais internacional, fonograficamente falando. Penso que com esse trabalho, terei letras que vão agregar demais na minha discografia, porque são canções que eu amo”, disse ela, que teve que pedir autorização para diversos artistas e gravadoras para regravar faixas do novo álbum.

Pabllo Vittar lança novo disco – Foto: Gabriel Reneé

Se conquistar o mundo é um desejo, eternizar ainda mais seus fãs brasileiros é um objetivo. A cantora conta que gostaria de fazer um álbum com até 50 faixas, mas que para realizar o seu desejo fará mais volumes para o projeto ‘Batidão Tropical’, tudo intercalado com outros projetos autorais. “Tem muita coisa que quero mostrar, regravar artistas, tem os que quero gravar, trazer mesmo essa minha veia forrózeira escrevendo músicas autorais também. Tudo isso sem esquecer do que eu gosto”, comenta a artista, que diz que o novo trabalho fala de amor e nostalgia.

Para a drag queen, a grande façanha é conquistar quem já conhece as músicas e quem irá ouvir as regravações como algo inédito. “É muito legal poder fazer essas duas coisas em um único projeto”. Com 14 faixas, o ‘Vol 2’ conta com participações de Gaby Amarantos, Taty Girl e Maderito. “O principal trabalho do disco é fazer esse resgate dessas músicas que me inspiraram quando eu era criança”, afirma. Para Pabllo, o disco é sobre um tempo onde a gente sempre falava que era feliz e não sabia. “O curioso é que eu sabia sim que era feliz. Eu não queria crescer não (risos)”.

Ainda relembrando os velhos tempos, a artista recorda com boas memórias de sua infância na região homenageada, onde brincava na rua, corria, andava descalça e brinca de pique. “A minha família era é muito unida. Minha mãe colocava as músicas para tocar no rádio, a gente comprava os CDs. Eu lembro dessa época boa onde eu não tinha pretensão alguma. Só queria viver um dia após o outro, ir para o Colégio. Eu me lembro de dias mais tranquilos, do meu primeiro amor, os crushes platonicos. Coisas que hoje em dia eu nem tenho muito tempo”, revela, dizendo que hoje a paixão virou uma coisa muito superficial.

Falando em tempos corridos e coisas superficiais, Pabllo afirma que a geração de agora está um pouco carente da musicalidade envolvendo a região nortista, que vem crescendo muito nos fonogramas brasileiros. “Espero que as pessoas se abram, escutem e se divirtam, porque ‘Batidão Tropical’ é um álbum para as pessoas se sentiram contempladas. Quem é do Norte e mora nas grandes capitais (São Paulo-Rio), quero que elas se sintam em casa e quem não é e não conhece, que se sinta no meu mundo”, finaliza, convidando a todos a ouvir ‘Batidão Tropical Vol. 2’.