
Vestido Fauve e pulseira Tiffany & Co. – Foto: Gui Paganini, com direção criativo Thiago Batista, edição de moda de Rodrigo Yaegashi e beleza de Liege Wisniewski
Não é incomum ouvir das nossas avós que aos 22 anos já estavam casadas, com vários filhos, focadas no cuidado do lar. A mulher de hoje, aquela empoderada, que priorizou a carreira, também tem o sonho de ser mãe, mas está disposta a esperar mais um pouco. A recente gravidez de Claudia Raia reacendeu a questão, que já estava em pauta há algum tempo: o que tem levado tantas mulheres a retardarem a maternidade?
O Brasil parou quando soube que a bailarina e atriz Claudia Raia estava grávida do seu terceiro filho, aos 55 anos. Especialistas do país inteiro foram questionados e vieram a público discutir a possibilidade disto acontecer, uma vez que a atriz tinha revelado que estava na menopausa. Acontece que ela já tinha também comentado sobre seu desejo de ser mãe, fez um tratamento para engravidar, que não deu certo, pois havia congelado seus óvulos tardiamente. Mas deu certo, sim, pois, graças aos hormônios tomados no período, voltou a ovular e engravidou, pasmem, por métodos naturais.
A busca pela estabilidade
Claudia Raia não é o único caso famoso no Brasil; a atriz Viviane Araújo já tinha emocionado o país ao desfilar no Carnaval com seu barrigão de gestante aos 47 anos. Além delas, Ivete Sangalo, Eliana, Fabíula Nascimento, Sabrina Petraglia, Márcia Goldschmidt, Halle Barry, Janet Jackson e Solange Couto engrossam a lista de famosas que foram mães mais tarde. Todas elas fazem parte de uma geração de mulheres que optaram por engravidar depois. Isso porque o momento em que o corpo está na sua melhor fase para uma gestação é quando a mulher está lutando para se colocar no mercado de trabalho, priorizando sua vida pessoal, sem planos para ter filhos.
O ritmo apressado dos dias vai ocupando a mulher que tem o sonho de ser mãe, mas que vai postergando a sua realização para um momento em que esteja mais estável financeiramente, que normalmente acontece depois dos 40 anos.
Gravidez tardia
Especialistas em reprodução alertam que quem deseja adiar a maternidade deve levar em consideração fazer uma reprodução assistida, com realização de exames e congelamento de óvulos com antecedência, para não ter frustrações futuramente.
As gestações a partir dos 35 anos já são consideradas pela medicina como gravidez tardia, que tem pontos positivos e negativos. Pois, mesmo que a gestação aconteça em um momento de vida mais estável, a partir dos 40 anos é considerada uma gravidez de risco.
Além de todos os cuidados durante os nove meses, é preciso contar com uma rede de apoio, já que um recém-nascido interfere em toda a dinâmica familiar, por mais desejado e planejado que ele seja.
Preconceito: um fator de risco
A questão da gestação tardia tem muito a ver com o etarismo e o machismo estrutural também. Muitas vezes, a mulher precisa trabalhar em dobro para conseguir uma estabilidade profissional, já que mulheres com filhos ainda sofrem muito preconceito no mercado de trabalho. Quem decide engravidar mais tarde também precisa lidar com conceitos limitados relacionados a etarismo, a crença de que uma mulher mais velha não terá condições de gestar e criar um bebê. Especialistas são enfáticos ao dizerem que é preciso considerar não apenas vigor físico para avaliar as condições de uma mulher em ser mãe, mas sua disponibilidade afetiva, emocional e financeira.
Com a expectativa de vida cada dia maior, a evolução da medicina e da enfermagem, a mulher chega hoje aos 40 e 50 anos com muito mais disposição e vigor do que chegavam nossas avós. Além disso, chegam à maternidade de forma muito mais leve, sem o peso de ter abdicado de outros sonhos para serem mães.

