Por Denize Savi*
Poucos assuntos despertam tanto interesse quanto o sexo. Das rodas de conversa à mídia, sexo está entre os tópicos mais comentados pela sociedade. A cultura popular, o cinema, a publicidade, a arte, tudo transborda sexo e nosso imaginário é recheado de erotismo.
Freud já dizia que toda pulsão é pulsão sexual. Pulsão significa energia, ou seja, impulsos psíquicos que conduzem o comportamento humano.
Apesar dos tabus e controvérsias que ainda persistem em torno do tema, uma opinião é quase unânime: transar é uma delícia e faz muito bem, obrigada!
Mas afirmar que a satisfação vem só do prazer físico seria contar uma meia verdade. A relação sexual representa uma das formas mais íntimas de conexão entre os seres humanos, isso é fato. Mas conexão não é sinônimo de prazer. Nem sempre precisamos de alguém para sentirmos prazer. O prazer individual está bem estabelecido em nossa sociedade e acessórios como os vibradores e outros são bem populares.
A questão aqui vai além do prazer. Quando o encontro entre duas pessoas ultrapassa a fronteira do tesão meramente físico e entra no terreno das emoções, começa aí a construção de um dos aspectos que compõem a tão desejada felicidade.
E que aspecto é esse? É a relação que construímos para além de nós mesmos.
E essa sensação de compartilhar com o outro, que encontramos também nas relações sexuais, se dá por intermédio do contato físico, que atua como um importante gesto de integração social. É muito significativo permitir ser tocado por alguém e ter acesso ao corpo do outro. É um poderoso sinal de aceitação, uma experiência profunda de inclusão e cumplicidade.
Mesmo um encontro casual pode ser um ato precedido de anseios afetivos e carências e, muitas vezes, pode culminar em conexão emocional.
De acordo com o pesquisador Harry Heis, professor da Universidade de Rochester e especialista em psicologia social e teorias da intimidade, embora o impulso sexual e a conexão emocional sejam sentimentos distintos, processos evolucionários e sociais podem ter permitido que os seres humanos fossem mais propensos a se envolverem romanticamente com parceiros pelos quais estão sexualmente atraídos.
Portanto, o sexo pode ser preditivo de felicidade para um bom relacionamento. É claro que só a “química na cama” não é suficiente para determinar o sucesso de uma relação. Há outros fatores importantes como afinidades e maturidade emocional, mas investir tempo e energia na intimidade é imprescindível para a vida a dois e, consequentemente, para a felicidade de cada um enquanto indivíduo.
O mais longo estudo sobre felicidade, o Study of Adult Development, da Universidade de Harvard, aponta que as pessoas mais conectadas ao outro e mais satisfeitas em seus relacionamentos são mais felizes. E um dos principais ingredientes da vida a dois é o sexo, porque ele fortalece o vínculo afetivo e a cumplicidade do casal. Além disso, quando temos contato íntimo com alguém, o corpo libera endorfina e é dominado por uma sensação de euforia, seguida de bem-estar. A prática reduz o estresse, a ansiedade, melhora o humor e aumenta a autoestima.
Isso implica dizer então que sexo atrai felicidade?
Bom, a pergunta aqui seria mais ou menos como aquela: quem veio primeiro? O ovo ou a galinha? Ou seja, é o sexo que atrai a felicidade ou é a felicidade que atrai o sexo?
Pensa comigo: sexo atrai felicidade desde que você esteja feliz para fazer sexo. Uma coisa leva a outra. Claro que, às vezes, é preciso fazer um esforço porque nem sempre estamos dispostos. Aí usamos da criatividade, esse traço humano tão característico: pode criar um clima, mandar uma mensagem picante durante o dia, provocar a imaginação, estimular a libido…
E todo esse empenho vale a pena, porque quem transa bem é bem feliz!
*Jornalista especializada em Ciência da Felicidade, Chieff Hapiness Officer e Gestora da Felicidade, com MBA em Psicologia Positiva, Neurociência e Comportamento