Maison Margiela, verão 2024 – Foto: Reprodução/Instagram/@maisonmargiela

Quem tem medo da moda? Às vezes, ela é um suspiro. Outras, é um susto – desses de curar soluços. Fashionistas estão cada vez mais zumbis e os estilistas que não viraram bruxas (o caldeirão agora é a mesa de costura), se tornaram fantasmas. E nem estou falando de Martin Margiela, que desapareceu no mundo da arte. São espíritos mesmo!

Corre a lenda de que Coco Chanel, até hoje, não desapegou dos corredores do Ritz, e que Christian Dior, supersticioso que só, ainda dá as caras na Avenue Montaigne.

E por falar em brasilidades, o assombrado Edifício Martinelli, no centro paulistano, foi palco dos desfiles de João Pimenta e Ana Clara Watanabe nas últimas temporadas. Os espíritos também merecem um pouquinho de bom gosto. Alexander McQueen sabia tão bem disso que fez apresentações em todo tipo de canto sinistro, de galpões abandonados a igrejas católicas. Impossível esquecer o trauma-divino das máscaras de crucifixo do inverno 1996, em homenagem ao “Inferno” de Dante Alighieri.

No mesmo tema, Marcel Rochas criou outra máscara icônica (no formato de um morcego) para sua esposa, Hélène, usar em uma festa de 1946. A moda adora bailes de fantasia – e talvez, por isso, tenha se encantado com a cena underground e eleito Rick Owens e Michèle Lamy como seu casal sobrenatural favorito. Kate Moss já foi bruxinha na passarela de Martine Sitbon, Miuccia Prada fez camisetas de Mortícia e Frankenstein, e Christian Lacroix, em seu tempo, criou muitas noivas cadáveres.

Igualmente sensível ao bizarro, a Balenciaga de Demna Gvasalia é tão glamour apocalíptico que teria colocado o próprio Cristóbal, religioso fervoroso, de joelhos em preces e exorcismos intermináveis.

É quase sempre Halloween na moda – justificativa excelente para o pretinho básico que virou uniforme de muitos insiders. Uma pena que, ao invés do rosa-choque, Elsa Schiaparelli não tenha inventado o rosa-susto. Faria tudo ser menos assustadoramente clichê!