
Peggy Moffitt, em 1965 (Foto: Getty Images)
“A moda caiu em desuso faz tempo. Não sei dizer exatamente o momento, mas acho que foi quando todo mundo começou a usar calças”. Ácida, gráfica, polêmica, teimosa, indomável… Peggy Moffitt virou lenda na moda – e um ícone dos anos 1960 – um pouco “sem querer”. Ainda na escola, se tornou a musa-moda do estilista Rudy Gernreich e, jovem, se casou com o fotógrafo Willie Claxton. Com os dois, viveu um dos seus grandes amores: a moda, que a transformou de “menininha americana” em it-girl em plena explosão da juventude.
A virada foi em 1962, quando, a convite de Gernreich, posou com sua criação inédita: o monoquíni, com os mamilos deliberadamente livres. O mundo se chocou e a imagem de Peggy virou revolucionária. Logo, trocou o penteado por um bob assinado por Vidal Sassoon e passou a fazer a próprio maquiagem, em estilo arlequim.
Quase sempre clicada pelo próprio marido (uma exigência para tentar driblar o assédio), estrelou, em 1967, um dos primeiros fashion films de moda da história, “Basic Black”, dirigido por Claxton, mas não foi sua única produção. Anos antes, já havia dado as caras nos clássicos cult-fashionistas “Blow-up” (1962) e “Who Are You, Polly Maggoo” (1966).
Seus “casamentos” duraram décadas. Do amigo, Gernreich, ficou viúva em 1985, herdando os direitos de sua marca e um guarda-roupa com mais 300 peças. O real marido, com quem teve um único filho em 1973, faleceu em 2008, mas Peggy continuou a trabalhar. Cinco anos antes, já havia se lançado em uma colaboração de camisetas com a Comme des Garçons e, em 2016, criou sua própria marca de roupas.
Antes de falecer em 10 de agosto de 2024, em Beverly Hills, Peggy ainda era inspiração viva para designers internacionais, como Marc Jacobs, mas nunca deixou de se queixar (com um pouco de ironia) por ser lembrada apenas por vestir o primeiro monoquíni. “Imagine fazer algo por apenas um segundo e ter que falar sobre isso o resto da vida”, costumava dizer.
Sobre a moda, também tinha opiniões fortes. “A moda morreu”, falou para o WWD em uma ocasião, “e só serve para ocasiões de sonho ou fantasia”. Verdade ou não, deixou um legado para muito além dos tempos de it-girl.