São Paulo: capital nacional da moda faz 470 anos

A capital paulista completa nesta quinta-feira (24.01) seus 470 anos. Falar sobre São Paulo é também dialogar sobre moda. Ou melhor, falar sobre tudo. Há algo diferente na liberdade de expressão que impera nas ruas paulistanas, resultado da mistura de estilo de todos os lugares do país e culturas ao redor do mundo, concentradas em uma metrópole borbulhante. Nos versos de Sampa, talvez a maior homenagem à capital, Caetano Veloso declama: “É que quando eu cheguei por aqui eu, nada entendi”. A resposta de Jair Oliveira à canção, anos mais tarde, responde o cantor: “é uma outra beleza, é um charme diferente que passa pela gente e não dá para resistir.”

Essa beleza que se manifesta em tudo é resultado da mais pura mistura cosmopolita que se entrelaça com a urbanidade, criando um estilo próprio da cidade que se estabeleceu como capital nacional da moda.Em um passado distante, na década de 50, o atualmente chamado “centro velho” na Praça da República foi o centro do luxo e da moda na cidade. Hoje, a região abriga o comércio popular e o maior ponto fashion com foco em estilo alternativo no país, a Galeria do Rock, com seu imponente prédio assinado por Siffredi e Bardelli e parada turística obrigatória.

Um pouco mais adiante, nos anos 60 o burburinho foi para a Bela Vista, na Avenida Paulista, e seu boom de construções que fixaram os lojas e os eventos mais disputados da elite na cidade, e que tomariam mais tarde o lugar dos casarões. A avenida é até hoje considerada o coração cultural por seu leque infinito de opções entre museus, restaurantes e shoppings. Algumas décadas mais tarde, o must fashion se estabeleceu ali pertinho: como pensar na moda paulistana sem pensar na Rua Oscar Freire? Foi nela que se fixaram as primeiras flagships de grandes grifes internacionais no país.

De acordo com um estudo da organização Excellence Mistery Shopping International, divulgado em 2008, o endereço paulistano figura ao lado de endereços da elite da moda como a famosa Champs Élysées, de Paris, e a 5th Avenue, em Nova Iorque, na lista das ruas mais sofisticadas do mundo com suas instalações icônicas, além de ser um endereço que traz reconhecimento como marca de moda para os comércios.

De lá para cá, a lógica global e os grandes conglomerados, fizeram com que as boas opções de São Paulo estejam espalhadas por todos os cantos. Como se esquecer de Pinheiros e da Rua Mateus Grou para os que curtem a moda contemporânea em um bairro cheio de criativos? Ou os brechós cheios de raridades da Vila Madalena? A lista fashionista é interminável.

No entanto, São Paulo não é só o polo da moda no Brasil: é o polo da moda na América Latina. De acordo com dados do índice Global Fashion & Luxury Cities, divulgado em 2023, a cidade é a décima capital mais importante para o setor no mundo. No passado, conseguiu até mesmo se fixar à frente de Milão, entrando no chamado big 4, das cidades mais importantes do circuito mundial que inclui Paris, Milão, Londres e Nova York. Atualmente, é fato que todas as grandes grifes mundiais fazem da cidade paulistana seu hub de negócios em terras latinas.

Por falar por semana de moda, a São Paulo Fashion Week é o maior evento do tipo na América do Sul, com suas edições semestrais e criadores de todo o país na maior vitrine de novos e estabelecidos designers. Entre os circuitos de eventos de moda na cidade figuram ainda a Casa de Criadores, com foco nos talentos emergentes, e o Brasil Eco Fashion Week, de olho na moda sustentável.

A moda made in São Paulo impressiona ainda por seus números continentais: é um dos maiores pilares da economia nacional. Com uma cadeia responsável diretamente pela contratação de quase 550 mil pessoas, entre varejo, têxtil e empreendedores, segundo dados da Relação Anual de Informações Sociais, divulgados em 2021. Comprovação da fonte inesgotável de oportunidades e criatividade para criadores que pavimentam o caminho para o fortalecimento da moda latina baseados na cidade.