Jojo Todynho: “Sempre notei-me como artista e sentia que era diferenciada”

Nascida sob a regência do signo de Aquário – e com o espírito mais indomável de Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro – Jordana Gleise de Jesus Menezes, nome de batismo de Jojo Maronttinni (aka Todynho), invadiu as paradas musicais, no verão de 2017, com um dos maiores hits do funk brasileiro: “Que tiro foi esse”.

O sucesso repentino revelou muito mais do que uma estrela em ascensão: Jojo é irreverente, autêntica e dona da própria vida. “Sempre notei-me como artista e sentia que era diferenciada”, diz. Ainda na infância, ela ensaiava no coral da igreja – e chegou a cantar “Cerol na Mão”, do Bonde do Tigrão (cujo refrão é “Quer dançar, quer dançar, o Tigrão vai te ensinar”) em um culto evangélico. Isso aos seis ou sete anos. Nos tempos do colégio – quando usava saia plissada e meiões ¾ – ela bancava a “cantora e apresentadora” à frente de uma versão autoral do programa “The Voice”. E é claro que o júri virava as cadeiras para ela!

Às vésperas de completar 25 anos, Jojo não esconde as origens humildes e faz questão de agradecer por cada momento de sua trajetória. “Já fui camelô, faxineira, cuidadora de idosos, atendente de telemarketing… Tenho orgulho de tudo o que fiz e de cada trabalho que tive. Acredito que, até aqui, a minha maior conquista foi conseguir dar algum conforto aos meus familiares. Mas penso alto e não vou parar.” Em suas redes sociais, que ostentam mais de 30 milhões de seguidores, a moça combina aparições bafônicas com cenas reais sacadas do seu cotidiano. Vale dar aula de autoestima (Jojo é PhD no assunto), limpar a casa ao lado do pitbull Bradock, treinar boxe ao vivo, fazer merchandising com naturalidade e promover ações humanitárias.

Sem papas na língua, ela tem um quê da dama da comédia Dercy Gonçalves – mulher visionária, que jamais se calou diante dos críticos e dos opressores. Neste contexto, Jojo realmente traz de volta aquela artista afiada, com o seu jeito livre e sem medo de dizer o que pensa. “Sou intensa; oito ou 80. Ou gosto ou nem olho na cara. Não faço o tipo que manda recado.”

Com sonhos à flor da pele, a cantora – e vencedora de reality show (o que costuma detonar a carreira de famosos) – destaca que planeja explorar mais o universo da moda e se lançar como atriz. “Mas o meu maior desejo é ser mãe – e sei que vou realizá-lo em breve. Logo vou colocar um baby na pista!”, avisa. Recentemente, ela ficou noiva do oficial do Exército Lucas Souza, que conheceu durante uma viagem a Tulum, no México. “Ele veio pedir para tirar uma foto comigo e eu perguntei se rolava um beijo. E foi assim, no meio de um restaurante, que a química aconteceu”, descreve.

A espontaneidade que traduz Jojo Todynho é a mesma que ela usa para cativar tantos admiradores. Foi com o sorriso estampado no rosto e a bordo de looks avassaladores (assinados por estilistas brasileiros e construídos por seu stylist, Thiago Setra), que ela abalou a cena parisiense na temporada de 2021. O frenesi causado por sua presença fez a imprensa internacional colar nela (e fez surgir uma ponta de inveja entre os fashionistas conterrâneos). “Pardon, madame!” foi a frase que Jojo mais escutou naqueles dias – quase como se os espectadores pedissem desculpas por séculos de invisibilidade. “Paris foi tudo! Sou grata ao Jean Paul Gaultier por mostrar que somos capazes de fazer qualquer coisa e de entender que o padrão é apenas o reflexo da nossa personalidade. Ali, naquele lugar cheio de influenciadores poderosos, fui ouvida.”

O protagonismo de Jojo é bem-vindo. Ela representa milhares de vozes sistematicamente silenciadas. Jojo não passa pano para desafeto nem posa de “egípcia” quando o tema é espinhoso. Ela escolheu caminhar na contramão do roteiro morno das celebridades, o que lhe dá a oportunidade de contestar estereótipos sexistas, eurocêntricos e racistas. “Ser mulher já é, por si só, uma afronta à sociedade. Sei que incomodo muita gente e sei o quanto deve ser difícil para essas pessoas olharem para mim e terem que me aturar. Mas parece que Deus marca cada um para ele não perder de vista – então, acho que vim mesmo para incomodar, e quem não gosta de mim, que lute! Sobre os haters de plantão, estou pouco ‘me f…’, pois enquanto eles perdem tempo para me atacar pela internet, eu faço dinheiro.”

Baixe a edição na Apple Store
Baixe a edição no Google Play