Alanis Guillen sobre Juma: “ela vem livre e se mostrando como se é”

A dedicação de Alanis Guillen tem sido recompensada com uma imensidão de descobertas ao dar vida à sua primeira protagonista em “Pantanal”. A novela estreou na segunda-feira (28.03) em horário nobre com texto contemporâneo de Bruno Luperi, neto do dramaturgo Benedito Ruy Barbosa, autor da trama original que foi sucesso na extinta TV Manchete, em 1990.

A atriz de 23 anos se autodenomina uma pessoa calma, tranquila e curiosa ao mesmo tempo em que é intensa. Seu nome é uma ode à cantora de “Jagged Little Pill”, mas a analogia a algo difícil de engolir para por aí. Natural de Santo André, na região metropolitana de São Paulo, ela é taurina voraz, com fome de viver. Foca no presente, um dia de cada vez. Energia que se transforma em luz, para lá de solar, emanando de si para o mundo com bastante fluidez. O respeito ao planeta e às pessoas ao redor são o que a aproximam de sua personagem. “Acolho minhas emoções e meus sentimentos e fico ali conversando com eles para tentar dar vazão e não me sufocar”, conta.

Na Bazaar, ela aparece em uma outra versão com o mesmo ar de mistério que empresta à personagem. Experimentar é seu asset mais potente. Juma Marruá estava presente em alguns elementos e simbologias no set. Na vida real, sua adaptabilidade é reforçada em atitude quando transforma sonhos em realidade. Fazer concessões foi necessário para garantir que seu nome fosse marcado no panteão da septuagenária televisão brasileira. A começar pela troca do clima frio paulista pela brisa e o calor cariocas. Mas não é a primeira vez que a mina se deixa levar pela terra suingue sangue-bom. Sua estreia na televisão foi em “Malhação: toda forma de amar” (2019), também na Globo, mas a mudança de chave foi sentida a partir do anúncio da nova novela.

Reviver uma personagem que marcou gerações não é tarefa fácil, ela bem sabe. Impossível evitar comparações, algo que não a incomodou desde o princípio. Até porque, recentemente, se encontrou com Cristiana Oliveira, intérprete de seu papel na trama original. “Ela tem uma paixão imensa pela Juma e eu também. Poder encontrar, falar dela e se sentir também nesse momento foi muito precioso”, recorda. Desse encontro, apenas energias positivas. “Pessoa muito, muito, muito interessante. Interessada e envolvida com as questões do Pantanal até hoje. E a gente falou muito sobre isso”, recorda.

Cuidar do seu corpo é, acima de tudo, um respeito à sua arte. Viu na mulher-onça uma oportunidade de se reconfigurar, no trabalho e na vida pessoal. Importante buscar o equilíbrio entre prazer, comer e dormir muito bem. Vegetariana por bastante tempo, voltou a inserir carnes branca e vermelha aos poucos nos últimos dois anos. “Agora eu estou em uma pegada meio Ayurveda, descobrindo a medicina Ayurvédica”, relata sobre esse processo de desconstrução e conhecimento, e mistura de elementos que compõem sua dieta. “Entendi que ia para o meio do Pantanal, viver uma personagem meio animal. Então, voltei a comer carne, tento equilibrar e tenho consciência do que envolve essa indústria.”

Alanis é um turbilhão de sentimentos, que confirmam o auge dos vinte e poucos anos com bastante intensidade. Viraria do avesso, se assim pudesse, para encontrar a autoconfiança que a personagem exigia. “Vê-la surgir de dentro para fora e partir desse relaxamento e confiança que existem em mim é muito bom porque aí que surgem as preciosidades. Ela vem livre e se mostrando como se é, e não como deve ser.”

Morando sozinha no Rio, mas com amigos a uma mensagem de distância, Alanis é uma jovem mística que tem tomado gosto por cuidar da casa. Tem velas espalhadas pelo lar, gosta de incenso e virou mãe de planta. Cheiros e texturas fazem parte desse ambiente acolhedor e harmonioso. “Boto uma plantinha, um sonzinho, um aroma, uma luz baixa que fica quase escurinho”, conta ela, que, por outro lado, também gosta da agitação da praia. O que vale é eternizar bons momentos.

Filha de uma mãe arquiteta e pai engenheiro e músico, começou a sentir o chamado para a atuação como profissão nos idos de 2016, quando fazia curso técnico de teatro. “Na escola, não me encaixava, nada fazia sentido. Tinha dificuldade de ir no ritmo que as aulas exigiam ou dos meus colegas, querendo prestar vestibular e eu ainda tentando encontrar onde meu corpo estava e meu coração cantava.”

Nas redes sociais, Alanis já era meio Juma antes mesmo do seu papel vir à tona. O flerte com a natureza já dava para ser sentido nas redes sociais. “Vem de mim, ali acabo colocando um pouco dos meus registros. Não penso muito no que posto”, analisa sobre o perfil que no fim de março passado somava mais de 382 mil seguidores apenas no Instagram.

A exposição em horário nobre deve aumentar sua audiência do outro lado da telinha, demandando pontos de atenção. “Não faço ideia de como vai ser isso. Não tenho muita noção mesmo. Vou descobrir na hora.” Para encarar as grandes mudanças, Alanis sabe que é preciso estar atenta. Ou, como diria a cantora de quem pega emprestado o nome, em “You Learn”, você aprende a viver, sorrindo, chorando, sangrando ou rezando. O ensinamento não está no ponto de chegada, mas no caminho que se trilha. E ela está apenas no início da jornada.