Natalie Klein – Foto: Victor Affzro

Por Guilherme de Beauharnais

“Algumas empresas saíram da pandemia mais fortes do que entraram. A NK é uma delas”, conta Natalie Klein em conversa exclusiva com Bazaar, com timing excelente: em 2022, a multimarcas brasileira, famosa pelas etiquetas de luxo internacional e linhas próprias, celebra 25 anos.

As bodas de prata trazem clima de festa, mas não há descanso no horizonte da NK Store. Com 26 marcas no portifólio e mais novidades a caminho, a empresa intenciona continuar a enriquecer o cenário fashion nacional.

Quando se lançou no mercado aos 21 anos, em 1997, Natalie já cultivava muitos dos valores que hoje fazem parte da sua maratona de sucesso. “A NK sempre foi uma empresa atenta, cuidadosa e com uma gestão humanizada antes mesmo de isso virar pauta”, explica. Nada disso ficou para trás. Ao contrário, se integrou ainda mais ao DNA da marca nos últimos anos. “Foi a época em que cristalizamos nossas crenças”, diz em referência às iniciativas que implementou durante a pandemia, entre elas a “Somos Todos Vendedores”, que garantiu aos funcionários comissões sobre vendas online.

O projeto vai continuar, assim como a abertura e digitalização do acervo de tecidos, revendidos a preços simbólicos para oficinas, produtores e estilistas pequenos. A atenção ao que chama de “ecossistema da moda” é esmerada e nada escapa ao radar. A sustentabilidade, por exemplo, é o motor por trás do movimento de upcycling promovido em parceria com outros criadores, incluindo Alexandre Herchcovitch, Sara Kawasaki e Gustavo Silvestre.

Assuntos urgentes como esses dividem espaço com a sensibilidade para outras novidades do mercado, como as tendências mais desejadas das temporadas internacionais. Paletas dos anos 1980, minimalismos da década de 1960 e até o estilo camp da era 2000 (a obsessão do momento) estão no mapa da NK.

A equipe é atenta, mas as inspirações também vêm de dentro de casa. Natalie é mãe de dois filhos e não duvida nem um pouco da influência da maternidade no trabalho: “A primeira vez que ouvi sobre Y2K foi através da minha filha. É ela quem me coloca dentro de todos esses aplicativos de moda e tendências que talvez passassem despercebidas por mim”. No espírito cool hunter, ela reflete que “é preciso estar com a cabeça bem aberta e entender que tudo é subsídio. Culturalmente, temos o péssimo hábito de achar que ser pai ou mãe é só uma relação hierárquica: o de cima ensina o de baixo. Mas não é”.

Em 25 anos de história, a NK Store já entrou para o cotidiano de, pelo menos, três gerações e Natalie reconhece o desafio de se reinventar constantemente para conquistar novos públicos. Ainda assim, enxerga que “dialogamos muito bem com a geração atual, a Gen Z. Ela traz valores sociais e de consciência de consumo, atenção à procedência de peças e qualidade de material que têm muita sinergia com os nossos próprios.”

Para ela, o momento é de inovações e provocações que estão formando a identidade de moda dos “novos anos 20”. Nessa era, a paixão pelo retrô oferece “uma releitura adequada para a atualidade. Para olharmos para o futuro, precisamos enxergar o passado”. Entre tudo isso, a meta é bem estabelecida: “É importante que a moda envolva todo mundo.”

No caminho para alcançar esse objetivo, a empresa segue investindo em mudança e inovação. Em 2018, por exemplo, inaugurou um novo espaço em São Paulo que se tornou referência pela estética modernista luxuosa. A abertura está entre as principais conquistas da marca, assim como outras que Natalie descreve como intangíveis, quase poéticas: “Conquistei estar no armário de pessoas que admiro e em momentos felizes eternizados em álbuns de fotografia”.

A chegada de um novo CEO, Alexandre Sá, no ano passado, acendeu ainda mais o espírito expansivo da NK, com a promessa de novas parcerias e licenciamentos. Sem tirar os olhos do futuro, Natalie conta sobre a etiqueta Magda Butrym, que aterrissa na NK Store ainda neste semestre, e revela a abertura de mais dois espaços físicos até a metade de 2023: “Serão conceitos muito diferentes. Toda a experiência acontecerá no provador. Esse é o spoiler que posso deixar”, brinca. O Brasil aguarda!