Foto: Marco Antônio

Ela é uma pessoas encantadora, e ligada no 220. Natural de Recife, a atriz, humorista, apresentadora, dubladora, diretora e escritora Fabiana Karla é daquelas artistas que não se cansam de abusar e explorar sua arte. Conhecida também por possuir uma grande autoestima e saber lidar com suas formas de maneira positiva, já foi capa de diversas revistas de moda e tornou-se referência plus size, inspirando outras mulheres, além de ser sinônimo de sucesso em suas campanhas.

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Na literatura, começou com o infantil “O Rapto do Galo”, com lançamento no Brasil,  Portugal e Estados Unidos – em uma associação onde estrangeiros mantêm vínculos com a língua portuguesa. Em 2017, lançou “Gordelícias”, livro de crônicas escrito em parceria com as atrizes Cacau Protásio, Simone Gutierrez e Mariana Xavier. Está preparando “Mães com Açúcar”, obra que reunirá “lembranças culinárias” de artistas e anônimos com suas respectivas avós. Para ela, basta algo que a inspire. E o que a inspira é gente, que considera sua matéria-prima.

Recentemente assinou contrato com a Amazon para desenvolver projetos como atriz, apresentadora, criadora e produtora.

Em cartaz nos cinemas com “Uma Pitada de Sorte” e no Globoplay com o sucesso “Rensga Hits!”, Fabiana tem muitos planos e não para. Está em uma fase superfeliz, casada, com os filhos, bichos e plantas que tanto ama.

Além de seus 15 anos no “Zorra Total”, da TV Globo, explodiu com sucessos de personagens criadas por ela, como a querida e divertida Lucicreide, que levou para as telonas em “Lucicreide Vai pra Marte”, e que terá continuação. Leia a seguir a entrevista que Bazaar fez com Fabiana via Zoom.

Foto: Marco Antônio

Como nasce a artista Fabiana Karla?

Eu acredito que a persona Fabiana Karla vem a partir do desejo de começar a trabalhar com arte, porque isso não era uma coisa que me chamasse tanto a atenção. Mas eu comecei a experenciar teatro tanto no colégio como em um grupo kardecista que a minha mãe frequentava e a gente começou a ensaiar uma peça e a fazer os movimentos nesse caminho, foi me dando um prazer, e a primeira vez que eu pisei em um palco percebi que era um lugar onde eu estava protegida, de alguma forma era um lugar que era uma extensão de mim e que pelo qual fui abduzida. A arte me convocou e me salvou, porque eu sempre fui uma menina muito tímida. Acho que toda aquela energia que eu tinha… Eu era um fio desencapado, e hoje sei que era um TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), mas esse fio desencapado encontrou a arte.

E quando acontece seu primeiro trabalho profissional?

Meu primeiro trabalho foi com a peça “Há 2 mil Anos”, aos 14 anos, nesse grupo que eu participava. Depois, fui para os palcos mesmo para ser vista quando eu ganhei o prêmio de Melhor Atriz em Recife, com a Lucicreide, que depois levei para o “Zorra Total”, e agora nas telas de cinema.

E quando você sai de Recife para ir para o Rio de Janeiro?

Bom, a gente que está em uma companhia de teatro tem vontade de desbravar, tinha vontade de estar na TV. E eu tinha um produtor que queria muito levar os espetáculos do eixo Rio-SP para Recife, e sempre fui essa pessoa que fazia de tudo, era produtora também. Eu aceitei produzir. A primeira pessoa que conheci no Rio foi a Fafy Siqueira, foi lindo, mas eu pensava que ao mesmo tempo o que eu queria era estar na frente do palco, achava que não ia conseguir só produzir. Aí eu vim [para o Rio] em uma época em que o Pedro Malta estava fazendo “Coração de Estudante”, sendo o filho do Fábio Assunção, vim para passar umas semanas e fui para o Projac com eles. Fiquei na porta do Projac esperando. Foi quando a Daniele, que é irmã do Pedro, disse: “Fabiana, olha o Maurício Sherman [diretor]”. Eu só sei que  estava com uma lata de refrigerante na mão e pulei na frente dele, sempre digo que foi o Espírito Santo quem me empurrou (risos). Eu disse oi, tudo bem, o senhor sabe o que é vir do Nordeste com a mala cheia de sonhos, essa pessoa sou eu, me dê cinco minutos do seu tempo para eu mostrar o que eu sei fazer. Posteriormente ele me disse que não entendeu nada do que eu falei. Mas na hora ele disse: “Tá, diga que é a menina do Nordeste e venha aqui amanhã fazer um teste”. Então eu fiz umas fotos e voltei no outro dia, pensei: Nessa porta que ele entrou ele vai sair, era uma questão de persistência”. Aí me mandaram entrar e ele perguntou para que essas fotos? Eu disse que era para ele ver se eu era fotogênica. Na sequência ele pediu para alguém me dar um texto para passar com ele, e eram os personagens Ofélia e Fernandinho. Quando acabei ele perguntou se eu não queria fazer novela, mas era fim de ano, recesso, eu com as crianças pequenas em Recife, eles pegaram os meus contatos e eu fique de retornar. Pouco tempo depois eu voltei para a porta do Projac de novo e ele me encaminhou para fazer umas participações no “Zorra Total”, e começou a abrir os horizontes para mim. Depois fui fazer novela, mas todos os dias depois de fazer novela eu passava lá para dizer um “oi” para o seu Sherman, porque eu me sentia mais daquele núcleo, me sentia em casa no “Zorra”. Quando acabou o contrato com “Mulheres Apaixonadas”, ele me disse que eu poderia continuar na casa com contrato para ficar no “Zorra Total”, e aí começa tudo.

Foi muita persistência de sua parte, né?

Sim, ma eu acho que tem muita diferença quando você vai pedir e quando você vai oferecer. Eu sabia muito bem o que eu tinha que fazer para mostrar a ele [Sherman] que eu tinha algo a oferecer. E ele adorava a Lucicreide, morria de rir. Havia uma moeda de troca ali, tem a oportunidade e tem a conquista.

E como foi sair de um programa de humor para novela?

Foi diferente, porque no programa de humor tem sempre uma “tinta”, você está sempre caracterizado, de peruca e tal. E eu estranhei quando me vi de cara limpa. Quanto mais cansada eu estivesse, mais tranquila ficava a cena. Quando você faz humor você vai lá em cima, fala alto, e quando faz novela, fala baixo, é tudo mais tranquilo, eu ia com menos medo, posso dizer. Foi mais um desafio, uma experiência maravilhosa, porque eu adoro atuar.

Daí você fez cinema também.

Também. Eu quis produzir um filme. Eu sempre fui muito múltipla, o “Zorra” me deixou assim, porque no “Zorra” você cantava, dançava, atuava… Então eu jogava em vários times, que agrava desde a criança até o avô. Eu tenho um público muito variado, de meninas que a gente inspira e que estão em fase escolar, meninas que estão se descobrindo, e eu tenho a questão da moda, que elas se espelham muito em mim. É uma responsabilidade você ter um público vasto, de várias idades. Chegou uma hora que todo mundo estava me cobrando um filme, e eu comecei a ficar angustiada, porque eu queria fazer um filme, mas não qualquer filme, eu queria entender para quem eu estava falando, qual era a minha pegada. Eu fiz várias participações em filmes de colegas, também estava em uma transição de saber o que eu queria fazer, já estava no “Zorra” havia 15 anos. Foi então que um diretor lá de Recife, o Rodrigo César, que é amigo de vários amigos meus, me convidou para a gente comer algo e trocar uma ideia. E eu adoro o novo, fico horas com uma pessoa inteligente, adoro escutar pessoas… Eu gosto do frescor. Porque às vezes você aposta muito no que já tem, e tem uma pessoa do seu lado te puxando para fazer coisas que são muito interessantes, e eu gosto do desafio. Arte é isso, é movimento, é arrebatadora. Eu não julgo ninguém pela idade, tem gente que diz “aquele ali tem experiência”, ok, mas aquele menino que é novo pode estar trazendo uma novidade. Acho que a gente tem que ouvir as pessoas, não preterir por ser mais jovem ou mais velha. Enfim, saí fui jantar com ele e disse “vamos para a Lua?”, ao que ele respondeu, não vamos para a Lua, mas vamos para Marte. O que aconteceu é que surgiu “Lucicreide Vai pra Marte”, que já era uma personagem que eu tinha, e eu entrei como produtora, como atriz e foi uma experiência linda. Acho que essa experiência me rendeu estar hoje na Amazon como creator, como show runner, estou sendo head de conteúdo de alguns trabalhos, acho que isso só me levou para mais lugares. Eu tive uma experiência linda com a Globo, que me levou para lugares que eu não imaginava, sentada com 23 pessoas, e essas pessoas ouvirem a minha voz, escutarem as minhas opiniões. Se eu tenho experiência para estar aplicando em outras searas, como a Amazon, eu sou muito grata por tudo que passei na Globo.

Eu ia falar justamente sobre a Amazon agora, como foi essa transação toda?

Depois de tanto tempo na Globo, você fica inquieta, eu sou uma artista inquieta, faço o que me move, e eu amo gente, como eu gosto de gente, eu gosto do humor, da diferença, da semelhança. Eu comecei a pensar que não estava feliz com o que estava fazendo, queria ser útil, pensei: “Para quem eu estou falando? O que eu posso fazer melhor?” E eu acho que a emissora também estava passando por transições, aí quando quiseram renovar o meu contrato, eu agradeci, mas já existia uma paquera com a Amazon e com outros streamings, mas a Amazon me ofereceu benefícios para que eu pudesse expandir os meus privilégios de tudo o que aprendi e consegui fazer coisa como head, como creator, como atriz, produtora. Posso fazer coisas que o formato da emissora não comportava.

E o que você está fazendo exatamente nesse momento na Amazon?

Agora eu tenho três salas de roteiro, onde faço essas funções que citei, e até brinco, parece maçonaria, porque a gente não pode falar nada. Mas é muito gostoso saber que eu posso eleger meu time, que posso trazer projetos, estou me sentindo viva, produtiva, e isso é muito bom.

E quais são os próximo passos?

Olha, por enquanto, a gente ainda continua colhendo os louros de “Rensga Hits!”, que foi sucesso no Globoplay, que deve vir mais temporadas, mas que eu não sei se vou conseguir participar. Eu espero que sim, que a gente consiga conciliar, estamos esperando para ver como vai ficar essa agenda. Também tem o filme “Uma Pitada de Sorte”, estou muito feliz pela volta do audiovisual, em que eu posso colocar um protagonista com a minha forma, o meu sotaque… Isso é uma coisa que eu acho que é para ser comemorada. Eu me sinto bem a serviço quando as meninas me perguntam as marcas que eu uso, sobre meu estilo, e é uma responsabilidade muito grande, porque não é pensado. Agora existe uma preocupação maior, porque eu não quero pensar em como servir à moda, ao contrário, eu quero que a moda me sirva, experienciar tudo e me divertir. Porque para mim, que sou atriz, a moda vinha como um figurino, e é legal ter isso como figurino, mas eu gosto de ver tendências, de ver as cores, as texturas, os cortes que caem bem, gosto da alfaiataria, da coisa doce, romântica, sou muito eclética, mas mesmo assim eu tenho algumas regras para mim, sabe? Tem que parecer elegante e confortável. Para ficar elegante tem de ter uma leveza, uma fluidez, coisas que eu tento reproduzir a meu favor, eu gosto de ousar, mas existe uma responsabilidade nisso, e não é pensado. Claro, quando você vai para um evento é pensado, tem um stylist… Eu adoro quando stylist me desconstrói, mas tem que me convencer (risos).

Foto: Marco Antônio

Você, com sua pegada de moda, vira referência para outras mulheres, você se sente responsável por isso?

Me sinto com uma responsabilidade grande. É saber que tem alguém me olhando, e que essa minha imagem pode gerar algo em alguém, em outras meninas que estão em construção ainda. Porque elas se sentem libertas a partir do momento que têm alguém com visibilidade… Elas se sentem representadas ali. É maravilhoso ver que uma mulher como eu de 46 anos ainda inspira meninas, assim com liberta mulheres mais velhas, que às vezes acham que não podem botar uma saia com a que eu coloquei no Rock in Rio (risos). Eu fico pensando qual o limite, e o limite é o bem-estar, é você se sentir bem, é segurar o look que você está vestindo. Tem uma menina bem bacana que eu sigo, a Ana Brigida, ela é nordestina, e ela tem uma coisa que eu adoro, que é trazer a minha identidade na roupa, mas com uma pegada universal. Ela fez todos os último figurinos que usei. Um dos projetos para este ano é estar mais próxima da moda, eu quero descobrir mais, perceber mais, porque percebo que tem poucas mulheres gordas que são convidadas para as temporadas de moda. A gente tem condição de comprar coleção, de estar ali, de perceber as coisas, de ter o nosso estilo. Eu acho uma gafe, acho lamentável que não se perceba a elegância da mulher maior. A gente tem, graças a Deus, a Pop Plus… A gente tem a semana de moda de Milão, de Paris, e porque não temos mulheres exuberantes, grandes por lá? Eu sou garota propaganda da Piccadilly Calçados, o calce é 35, e eu calço 38, o que já é uma dança, além de ser uma mulher grande. Eu acho que se quebra uma padrão quando me colocam como garota propaganda. Uma coisa que conversei bastante com a marca foi que eles deviam aumentar o cabedal, o sapato tinha que ser mais alto em cima [no peito do pé], porque tem mulheres que já sofrem com a questão do manequim, e vão também ser limitadas com os pés? Eu acho também que cabe a nós, quando vamos entregar a nossa imagem para algumas marcas, esclarecer, conversar, tentar mudar. Porque se a gente não fizer esse esforço, esse esforço não vai acontecer, ele fica só na utopia. Eu quero muito que as meninas se sintam representadas nas revistas de moda.

Como apareceu a oportunidade para fazer “Rensga Hits!”?

Foi através da produtora da série. Eu comecei a ler e muito preocupada porque começamos a fazer isso no meio da pandemia, e precisávamos ir para Goiânia para gravar. Começamos a ter prosódia, fizemos laboratórios, e fomos tendo as vivências em Goiânia. Como te disse, eu gosto de gente, e eu não podia sair para as ruas para conversar com as pessoas, para ouvir o sotaque, reproduzir, foi difícil para a gente. Mas, por outro lado, tivemos uma equipe muito parceira, que deu apoio e tal. Teve toda a caracterização também, eu percebi que lá em Goiânia as meninas tinham muito essa coisa com as unhas, de pendurar joias nas unhas, e nós fizemos também. Tinha o cabelo, a força de falar, a força da mulher goiana, então eu fui construindo o brilho e fui trazendo essa Helena forte que vocês viram aí. A gente visitou, inclusive, uma casa de composição da Valéria Leão, que é uma casa onde as músicas são compostas, e fica uma galera lá, tem horário para compor, tem demanda, tipo cinco músicas por dia, aquilo me deixou fascinada, existe a inspiração, mas também é um negócio, uma indústria que funciona. Eu e Deborah [Secco] mergulhamos nessa sala de composição e saiu esse “Rensga Hits!”.

Na sua opinião, os corpos maiores ainda enfrentam resistência no audiovisual?

Olha, isso tem de partir das salas de redação, dos autores. Para mim funcionava assim, quando eu recebia um papel, as pessoas já sabiam que era para mim, então tem de partir dos autores, que precisam colocar em suas obras a diversidade. Mas  eu acho que os corpos maiores ainda sofrem com a falta de acesso. Se uma pessoa gorda tiver que fazer um exame, como uma ressonância, ela terá que fazer em uma baia de cavalo, então a gente precisa pedir esses acessos para as pessoas que pagam os seus imposto, porque são como qualquer outra pessoa, e que padecem com uma doença crônica e recorrente que é a obesidade. Ninguém escarnece de quem tem câncer, mas escarnece de quem tem obesidade. Então “Black Live’s Matter”, mas Fat Live’s No Matter? É sobre isso? Não, não pode ter uma empatia seletiva. Há que se entender que as coisas hoje estão muito inflamadas, e não dá para mensurar a dor do outro. Ainda mais com a evento da internet, onde há uma inquisição, o julgamento, e que pode tirar a vida de outra pessoa, porque a pessoa não suporta a pressão dessas pessoas que se escondem atrás de perfis e que muitas vezes não são punidas, mas hoje já há caminhos para encontrá-las. Elas que não pensem que estão impunes, há que se criminalizar, como se criminalizou o racismo, há que se ter olhos para a gordofobia, sim. A gordofobia médica é um absurdo, se você vai ao médico porque não está em condições de entender o seu processo, e você sofre uma gordofobia médica, é um absurdo. As pessoas precisam entender que os acessos são importantes, e é sobre isso.

Você tocou em um assunto que eu já ia abordar, que são as redes sociais, porque você é muito presente nelas, como lida com isso, já teve haters?

Por incrível que pareça eu não tenho hater, não sei se isso é bom ou ruim, mas eu não tenho. E normalmente o que dá engajamento é ter hater, né? (Risos) Eu quero que as pessoas cheguem nas redes sociais para se divertir comigo. Eu acho que você segue quem quer observar. Eu sigo coisas que me edifiquem, que me agucem a criatividade. Eu não perco tempo contemplando perfis que coloquem as pessoas para baixo. Eu me divirto e quero expandir os meus posts com pessoas que queiram compartilhar o mesmo. Eu estou sempre aberta ao novo. Só não aceito competir, isso não é para mim, porque sei do meu valor e do valor do outro. Faço a minha rede social, mas tenho uma equipe que faz também, e quero que as pessoas se sintam acolhidas, afagadas, é como se estivessem pagando um ingresso para me ver, quero dar o meu melhor.

Tem algo de que não falamos que você gostaria de acrescentar?

Gostaria de falar desse meu momento mulher, de ter mais tempo de cuidar da minha casa. Agora mesmo estou olhando e há três pêssegos no meu pessegueiro novo, essas coisas, criar uma árvore frutífera, fazer pequenas obras em casa. Eu tenho a síndrome do ninho cheio, porque eu tenho três filhos e eles voltaram para casa, eu com meus animais, estou vivendo uma fase muito gostosa, porque é uma fase em que eu tenho a condição financeira, inclusive, porque eu já tenho 46 anos, e tenho uma vida construída. Hoje eu tenho mais condição de saber o que eu quero, para onde quero ir, estou em uma fase de querer estudar, viajar, justamente porque quando viajo os meus ócios são muito criativos, estou em uma fase de devorar o mundo. Eu digo para o meu marido que estou em uma fase em que eu “adolesci” um pouco, e a gente vai se completando. E isso é muito gostoso, ele mora em São Paulo, eu moro no Rio, ele vem para cá, e eu vou para lá, e a gente fica alimentando esse amor, esse companheirismo que é muito saudável.

Vocês estão há quanto tempo juntos?

Vai fazer seis anos. A gente é muito livre. Se eu tiver que ir trabalhar em algum lugar e passar uns dias fora, tudo bem, não temos problemas com isso, e quando a gente se reencontra, a gente ri, se diverte, é muito gostoso.

Foto: Marco Antônio

Ah, mas tem uma coisa que não falamos, que são os seus livros. Você está escrevendo “Mães com Açúcar”, é isso?

Ai, esse livro está de rosca (risos). Eu planejava que ele estivesse pronto com o filme, mas estou muito corrida. É um livro de receitas disfarçado, é uma almanaque. Mas como eu não sou uma pessoa de projeto engavetado, eu vou terminá-lo de qualquer jeito.

E como surgiu a ideia desse livro?

Eu sempre digo que avó é mãe com açúcar, né? To do mundo fala isso. Eu tenho muitas memórias afetivas com a minha avó, ela ainda é viva, está com 95 anos, superlúcida, e ela cozinhava comigo. Eu fiquei pensado que comida de avó é tão gostoso, aquele café com bolo, e eu queria dividir essa experiência com quem lesse esse livro. Só que eu não quero ser egoísta, tenho muitas pessoas ao meu redor que falam bem da comida das avós, então eu falei “vamos fazer uma ode às avós”, onde a gente faz uma almanaque disfarçado de livro de receitas, ou vice-versa, na verdade. Então eu queria convidar algumas pessoas que têm receitas da avós para participar do livro.