Maria Fernanda Cândido – Foto: Jairo Goldflus

A atriz Maria Fernanda Cândido conta sua rotina entre São Paulo e Paris, na França, onde mora com o marido Petri Spahija e os dois filhos adolescentes. Depois de “Animais Fantásticos 3”, este ano se prepara para lançar “La Chambre des Merveilles”, outro filme internacional, sob direção de Lisa Azuelos.

Leia na íntegra:

Acordo todos os dias às 6h. Às vezes, um ou dois minutos antes, abro os olhos e o despertador está prestes a tocar, mas isso não é todo dia. Levanto, abro as janelas da casa e ligo a máquina de café. Enquanto estou fazendo meu ritual, meus filhos (um de 16, o outro de 13) acordam, vão tomar banho e arrumam o material escolar e descem para comer. Gosto de banana em rodelas com canela e mel… Sempre tem o pãozinho do dia anterior, que coloco na torradeira, com requeijão ou manteiga. Quando estou de bom humor, posso fazer um ovinho mexido. Dependendo do que tiver na geladeira, pode ter até tapioca. Mas tenho que estar muito bem-humorada para fazer esse agrado (risos). Só vou tomar o meu café quando eles vão para a escola, às 7h.

Tem épocas que gosto de ler os jornais impressos, que assino, em outras gosto de ouvir o rádio. Ainda não entrei nos podcasts com assiduidade. Tem fases em que estou me alimentando um pouco mais leve, com leite de amêndoas, granola, cereais e frutas, mas tem épocas que estou no capuccino, croissant ou aquele pãozinho de queijo que abro para colocar requeijão e uma fatiazinha de salame.

8h

Duas ou três vezes por semana, tenho aula de inglês britânico (para “O Sono do Homem Branco”, título provisório da minissérie da TV Cultura) ou pilates duas vezes na semana. Tudo o que é compromisso profissional, agendo nesse horário, funciona bem para mim. Sou uma pessoa bem matinal.

Foi muito especial ter feito parte de “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore”. Uma grande alegria ver esse filme sendo exibido, porque foi desafiador gravar no auge da pandemia. Me sinto super honrada em fazer parte de um projeto com sucesso de público e de altíssima qualidade de conteúdo, imagem e interpretações. Ainda tenho para lançar “A Paixão Segundo G.H.” (adaptação do romance de Clarice Lispector), “Vermelho Monet” e o francês “La Chambre des Merveilles”, com a Alexandra Lamy. Nem acreditava que seria dirigida pela incensada Lisa Azuelos. Ela é maravilhosa. Um sonho! Para mim, foi especial ter participado dessa produção.

10h

Como responsável pela comida da casa, isso permeia os dias. Não fiz a mudança para supermercado online. Então, vai desde o momento que vou às compras, armazeno, lavo frutas, legumes e verduras até o mise en place. Minha comida é trivial, do dia a dia mesmo. Simples, mas bem-feita e temperada… É um frango assado com batata e tomate, uma carninha moída supercaprichada ou uma massa.

11h

Me divido entre as atividades do meu trabalho, senão com as coisas da casa, dos filhos – como lista de material escolar, livros, reuniões e atividades estracurriculares, dentista, médicos, vacinas. Sempre cheia de afazeres. Às vezes, você se dá de presente ficar tranquila, mas a casa tem uma organização, a questão da limpeza, a reciclagem de tudo – desde o lixo e objetos que você não usa mais à doação de roupas. Precisa pegar toda essa energia que vai ficando acumulada e dar um destino a ela.

A vida das mulheres tem uma sobrecarga com a questão de cuidado, que acaba ficando nas mãos e nas costas delas e que o capitalismo não coloca na conta. É muita energia, tempo e trabalho envolvido na condução da casa, dos filhos, da família, alimentar, cuidar da saúde de pessoas que ainda são jovens. Sinto que o capitalismo tem uma falha na equação e precisaria ser observada.

Maria Fernanda Cândido – Foto: Jairo Goldflus

13h

O almoço (em família) acontece somente às quartas-feiras, porque os meninos comem na escola nos outros dias. Este almoço é sempre um momento em que a gente está junto. Quando sozinha, acabo comendo o que sobrou do jantar no dia anterior, por volta de meio-dia.

14h

Faço terapia (tem fases que estou mais assídua), logo após o almoço ou no fim da manhã. Também gosto de fazer flamenco (estilo de dança), mas não estou nesse momento. Se não fiz pilates pela manhã, tento encaixar. Sou mãe de planta há mais de 20 anos. São minhas companheiras. Cuido, podo, faço esse trabalho. Tenho camélia de várias cores (branca, rosa, pintadinha), jasmim (estrelinha, do Imperador), gardênia, renda-portuguesa (samambaia), rododendro… tenho pé de romã, resedá, manacá…

17h

Gosto de receber meus filhos da escola. É a hora que tenho para conversar, perguntar como foi o dia, como estão e saber das provas, deveres e compromissos. Quando têm atividades extras, procuro levar ou revezo com meu marido.

19h30

O jantar é a refeição que a gente faz em família. Depois, assiste a um filme ou documentário acompanhado de uma sobremesa mais gostosa. Isso é esporádico, não é rotina. Não sobra muito tempo para um passeio ou inventar coisas.

22h

Gosto de tomar banho sempre antes de me deitar. Mesmo quando estou supercansada. Tento manter essa disciplina. Passo um creme hidratante potente e vou para a minha leitura de lazer. Não tenho rituais repetidos, mas momentos de conexão com a espiritualidade acontecem ao longo do dia, das coisas que observo. Me encanto com as belezas da natureza. Ouço o som dos bichos, dos pássaros, tenho esse sentimento e consciência do milagre que é estar viva.

Cada dia, para mim, é uma oportunidade de me reconstruir. A gente precisa de um olhar inaugural para cada fase. Para mim, é, de fato, uma nova oportunidade de existência com as novidades que chegam. É preciso estar sempre atenta para enxergar o que a vida está te dando. Se a gente tiver um olhar disponível, vai enxergar muita coisa.

Entre 22h30 e 23h, desmaio, porque já estou exausta!