Foto: Harper’s Bazaar Australia

Há fatores relacionados à vida sexual que passam por hábitos saudáveis como alimentação adequada, atividade física regular e sono de qualidade. Até que ponto um ginecologista discute, em detalhes, esses pontos em uma consulta? Principalmente quando a discussão tem a ver com libido e prazer?

A gente sabe que a questão é complexa, ainda que tenha a ver com o perfeito funcionamento dos órgãos afins, que é exaustivamente investigado por um médico com essa especialidade. Agora, quando ele dá dicas pontuais, a alcance de toda mulher, relacionados a assuntos inusitados que não acostumamos a ouvir de um profissional da área, até o que seria mais complicado, pode ficar fácil de ser colocado na rota certa. É isso que a doutora Erica Mantelli, ginecologista e sexóloga, explica:

Chocolate amargo

Todo médico já deve ter falado para você que é preciso alimentar-se adequadamente para termos uma vida saudável em todos os sentidos. Mas, quando abordamos a saúde sexual que, evidentemente, está relacionada ao prazer e à libido, podemos ir mais direto ao ponto. Não é o caso de entrarmos na pauta dos afrodisíacos, acreditando ou não neles. Você sabia que chocolate amargo pode ajudar na produção de serotoninas, neurotransmissores responsáveis pela sensação diária de bem-estar? Não há relação sexual que resista quando há muita tensão, estresse e ansiedade no processo. “Nesse aspecto nutricional, vale citar, ainda, os alimentos ricos em zinco, mineral importante na produção da testosterona, hormônio diretamente relacionado à libido, inclusive na mulher”, diz doutora Erica.

No top cinco das grandes fontes de zinco estão as carnes vermelhas, frango, peixe, gema de ovo e amendoim. Lembre-se que testosterona é algo quase raro no organismo feminino. Para se ter ideia, homens adultos possuem entre 241 e 827 ng/dl (nanogramas por decilitro de sangue) desse hormônio. Mulheres adultas têm muito menos: entre 14 e 76 ng/dl. Portanto, não vacile à mesa. No mais, siga a cartilha da boa alimentação em geral, que pede para você evitar gordura e açúcar, por exemplo, ao mesmo tempo que leve à mesa carboidratos integrais, leguminosas, verduras e frutas. Provavelmente, essa lição você já sabe de cor, certo?

Musculação

Você também já deve estar cansada de saber que é impossível garantir uma vida saudável que, claro, reflete na cama, sendo sedentária. Mas o seu ginecologista provavelmente não falou sobre a importância de focar na construção da massa muscular. Nesse aspecto, uma das melhores apostas são os exercícios com peso, como a musculação.

O que isso tem a ver com saúde sexual? “Há uma relação importante entre massa muscular, que atua no aumento do metabolismo, controlando a gordura corporal, e o que parece ser mais específico ao sexo: na produção de testosterona e de neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar”, explica Erica. De fato, há estudos que mostram, por exemplo, que a prática de atividade física como a musculação, cerca de 200 minutos por semana (equivalente a 40 minutos diários durante cinco dias), ajuda no aumento da testosterona. Mas, que fique claro: o seu organismo não vai produzir toneis desse hormônio, mesmo que você seja aplicada na musculação, capazes de equipará-lo ao masculino.

Sol

Ele, quem diria, também é importante para a saúde sexual. Para que o organismo sintetize vitamina D, igualmente importante na produção dos hormônios sexuais, como a testosterona, é necessário tomar sol diariamente. Afinal, dificilmente conseguiremos manter níveis otimizados desse nutriente através da alimentação. Só que existe um problema. Essa exposição solar teria que ser por pelo menos 20 minutos diários, sem o uso de filtro solar, conforme garantem estudos afins, como o realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo.

Raramente, as pessoas têm essa disponibilidade para o banho de sol, além de existir o risco de a pele ser prejudicada para garantir o estoque diário necessário de vitamina D, que varia de acordo com cada organismo e faixa etária. Provavelmente, se você não fica exposta ao sol como recomendado, o seu estoque desse nutriente deve ser baixo. Diante disso, é compreensível os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que mostram que a maior parte da população do País apresenta deficiência de vitamina D. “De todo modo, ainda que você consiga tomar sol diariamente, é sempre bom checar os níveis desse nutriente, que pode ser considerado um hormônio, segundo muitos especialistas e estudos, por atuar em diferentes áreas, como a sexual e no metabolismo. Se for o caso, recomenda-se a suplementação”, alerta doutora Erica.

Álcool

Não, ele não vai ajudar em seu desempenho sexual e na busca pelo prazer, principalmente quando há consumo diário em excesso. Além de afetar o estado de consciência, algo péssimo em qualquer departamento da vida, o excesso de álcool interfere em questões pontuais relacionadas ao ato sexual. “Ele dificulta a lubrificação vaginal, altera a libido e prejudica o orgasmo. Ou seja, faz com que a busca pelo prazer se transforme em uma experiência frustrante e até penosa.”, atesta a ginecologista.

Sono

Quando se dorme mal, a vida fica mais difícil em todos os aspectos. Haja estresse, falta de concentração para as atividades mais banais e cansaço. Nessas condições, também não há rotina sexual que se mantenha no auge. “Hoje, a gente sabe que a produção de hormônios sexuais pode ser afetada quando dormimos sempre depois das 23h. Afinal, eles são produzidos durante o sono, a partir desse horário”, ensina a expert.