Taís Araujo divide o segredo do relacionamento de 18 anos: “Ter planos”

Meu encontro com Taís Araujo aconteceu nos bastidores do shooting desta matéria, com vibe floral-futurista, entre maquiagem, unhas e cabelo, em uma manhã gélida de domingo, em São Paulo. Era uma das poucas janelas de folga das gravações da novela das sete da Globo, que impõem a ela uma rotina puxada.

“Estou terminando um PIX, rapidinho. (pausa) Pronto!”, ri a sagitariana multitarefa antes da conversa, compenetrada, ao celular. Sempre simpática e sem se incomodar com a agitação do set, a protagonista de “Cara e Coragem”, em que interpreta Anita e Clarice, começa contando que está extremamente feliz em dar vida ao duo. Admira em Clarice o fato de ela ser uma mulher livre no sentido das relações amorosas, apesar de austera. “Quase caçadora dos caras, sabe? Ela vai e pega”, vibra. “Acho que ela não tem nada a ver comigo. Sou mais para Anita”. Para dar vida à mais jovem, inspirou-se em tomboys de seu convívio, mulheres que usam da marra masculina para se blindar de assédio e outras violências. “Adoro fazer personagens populares, é de onde venho”, destaca ela, que cresceu no Méier, Zona Norte do Rio de Janeiro. “Amo brincar com um universo que está diretamente ligado à minha origem”.

Taís tem uma vida agitada e é sempre solicitadíssima. Mesmo com 30 anos de estrada, ainda sofre para dizer certos nãos. “Acho sempre um desaforo”. Não porque tenha medo de magoar ou se indispor. Mas, de, em algum momento, faltar trabalho. “Morro de medo”, assume, sem medo.

Suas facetas já conhecidas incluem a de atriz e a de apresentadora, mas ainda tem o papel de dona de casa e mãe de João Vicente, de 11 anos, e Maria Antônia, de 7, frutos do casamento com o ator e diretor Lázaro Ramos. Como influenciadora, onde só no Instagram soma mais de 12.5 milhões de seguidores, mostra um lado mais humano e de verdade, como entrega seu nome de usuário. Seja dançando ou assumindo posições e opiniões, não tem medo de errar. Está sempre pronta para ouvir e aprender.

“Estou menos ansiosa. Muito, muito menos ansiosa”, conta. “Tem o pós-Covid, também. Muitas coisas contribuíram, estão contribuindo, para estar assim”, reflete. A maturidade é uma delas: aos 43 anos, Taís diz estar serena. Não perde mais tempo. Gosta de tomar as rédeas das situações e de ter clareza na hora de resolver as coisas.

Ainda mais linda e deslumbrante do que quando encantou o Brasil, aos 17 anos, na novela “Xica da Silva” (e quem não se lembra?), Taís Araujo não sente a cobrança da juventude, vivenciada por tantas outras mulheres na TV. “Quero fazer papéis que sejam da minha idade”. Mas reconhece que o Brasil gosta de gente jovem.

Vai assumir, ela própria, o papel de produtora executiva em um futuro próximo na emissora carioca. Entre os planos, está o de materializar uma cinebiografia ou série sobre a vida de Elza Soares. “Por mais que queira, não dá para fazer tudo ao mesmo tempo, mas a produção está andando”.

Para captar a atenção de Taís, é preciso enredos surpreendentes. “Inusitados. Não quero mais ver o que eu já vi”, diz, citando filmes e séries disruptivas do streaming como “Parasita” e “I May Destroy You” – que não estávamos acostumados a ver, mas são realidade. “A gente não está acostumado simplesmente porque faltava diversidade na frente criativa. E, hoje em dia, essas pessoas estão lá. Por isso, séries coreanas, filmes ou histórias feitas, escritas, dirigidas por pessoas negras têm sempre ineditismo”, afirma. “Costumo dizer que, se a gente recontasse todas as histórias que já foram contadas no Brasil sob a ótica de personagens periféricos, teríamos outras”.

Em 2023, quer voltar a fazer teatro e rodar o País com o espetáculo “O Topo da Montanha”, ao lado do marido. “É um desafio, a cada dia, fazer um espetáculo diferente com o mesmo texto. Você está diferente e a plateia é outra, apesar de o texto não mudar”. Fã do livro “Travessuras da Menina Má”, de Mario Vargas Llosa, também está atrás da liberação dos direitos para uma adaptação “da melhor personagem que já leu”, ainda não sabe se para TV ou cinema.

Entre suas ambições, ainda está voltar a apresentar um programa. Uma mistura de entretenimento e talk-show, talvez? “Gosto de conversar. Mas de música, também”, conta em tom saudoso sobre o “Popstar”. “Era bom estar ali ao vivo, com a bunda na janela. Isso é legal para quem já tem tantos anos de carreira.” Também sonha com um reencontro da girlband Empreguetes, da novela “Cheias de Charme” (2012), formada por ela, Leandra Leal e Isabelle Drummond. O comeback quase rolou. “Seria bom ver, 10 anos depois, o que aconteceu com essas mulheres. Porque o Brasil na época delas era próspero. Falam que foguete não dá ré… Será?”.

Prestes a completar 18 anos ao lado de Lázaro, um dos casais mais poderosos da televisão brasileira ainda patina para manter a vida familiar reservada. “Não exponho meus filhos na internet nem a minha vida íntima por escolha mesmo. Eles precisam ter o poder de escolha. O dia em que falarem: quero aparecer na internet, na televisão, vai ser por escolha deles, não porque eu quis. Está chegando a hora e a gente vai analisar”.

O relacionamento não tem fórmula pronta, e Taís faz questão de mostrar todos os lados de uma convivência normal, como qualquer outra. Uma coisa que ajuda a manter o casal sempre unido? “Ter planos”, ela conta. Planos de viagem, de ter filhos, de comprar uma casa, dar um lar ao Batata, cachorro adotado por eles há três anos, e que acabou morando na casa da serra da família. “O que vamos fazer agora?” é sempre um norte. “Ah, a gente adora fofocar! Muitas vezes, nos ligamos para isso”, diverte-se. Volta e meia, dão uma escapada para dormir em um hotel e os filhos ficam “revoltados”.

Seja em horário nobre, nos cinemas, teatro ou nas redes sociais, Taís é gente da gente. Não tem a de mentira, e quem a conhece minimamente sabe disso. Ela é, de fato, a @taisdeverdade!

Créditos

Direção criativa: Raphael Tepedino
Fotografia: Bruna Castanheira (Group Art)
Set designer: Cassiano Reis e Raphael Tepedino
Beauty: Jake Falchi
Styling: Rafael Cietto (ODMGT)
Texto: André Aloi
Coordenação executiva: Octávio Duarte (ODMGT)
Produção executiva: Dani Silva e Leonardo Olavo
Produção de moda: Juny Martins
Assistente de fotografia: Bia Garbieri e Marcelo Cucatti
Assistente de beauty: Gi Santana
Assistente de set design: Lucca Saad
Assistente de direção de arte: Rafael Paiva
Camareira: Mariza Silva
Manicure: Sônia Lima
Catering: Roccopane
Tratamento de imagem: Telha Criativa
Filmmaker: Arthur Bellini
Assistente de filme: Guilherme Carrara, Pedro Borba e Rodrigo Ferreira