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Não é nada difícil encontrar matérias sobre casais de filmes perfeitos, vindos de comédia romântica que nunca acontecem na vida. Mas, como bem sabemos, toda ficção parte de alguma realidade. E são aqueles que tocam em feridas verdadeiras que trazem os sentimentos mais fortes em um espectador.

Por isso, neste Dia dos Namorados, vamos trazer a luz aquele tipo de romance que não é tão perfeito assim, com uma lista de casais fictícios que ousaram trazer o real para a ficção. Talvez por um começo inesperado, um enredo difícil ou um final melancólico, eles todos nos fizeram sentir alguma coisa. E essa coisa, mesmo que dolorida, fez a gente acreditar que o amor esteja mais perto da realidade do que achávamos.

Afinal, amar não é sofrer? Milhares de poetas e romancistas já escreveram sobre isso, já é hora de honrar essa definição nas grandes telas de cinema e televisão. Pegue seus lencinhos, se aconchegue no sofá e se prepare para sentir.

Rose e Jack – “Titanic” (1997), de James Cameron

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Que tal começar com o mais clássico dos casais? Entre discussões que Jack poderia ter sido salvo, recriações da pose icônica e a presença da música tema em qualquer repertório de karaokê, o amor entre Jack (Leonardo DiCaprio) e Rose (Kate Winslet) marcou a história do cinema como uma das mais trágicas e belas entre todos.

A trama de Jack e Rose é basicamente uma memória que o mundo inteiro compartilha, um trauma que ensinou como o amor pode ser lindo e doloroso. Da química entre os dois protagonistas até a cinematografia de James Cameron, “Titanic” consegue invocar todo e qualquer sentimento de seu espectador por mostrar a simplicidade do amor de uma maneira tão fabulosa.

Mesmo que Celine Dion tenha cantado que o coração ia superar, a duração da relevância de “Titanic” em nossas vidas tem provado que isso pode ser um pouco mais difícil do que esperávamos.

Céline e Jesse – “Antes do Amanhecer” (1995), “Antes do Pôr do Sol” (2004) e “Antes da Meia-Noite” (2013), de Richard Linklater

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Ainda está para existir um sentimento tão agoniante quanto a incerteza. Dividida em três filmes, a história de Céline (Julie Delpy) e Jesse (Ethan Hawke) continua a atravessar gerações e ganhar corações de milhares de apaixonados pelo cinema. Com o início em um encontro por acaso e uma promessa de se encontrarem de novo um ano depois, o romance entre um americano e uma francesa proporciona momentos adoráveis, engraçados, arrasadores e lindos.

O que faz desse relacionamento duradouro ser tão dramático e angustiante de assistir é a incerteza de sua continuidade. Mesmo que o amor entre os dois protagonistas seja mais do que claro, nunca sabemos bem como ele vai acabar – o que o torna tão real. É como se estivéssemos vivendo todos os acontecimentos com os personagens, atravessamos anos de encontros e desencontros, promessas e mentiras, confissões e segredos. Haja controle sobre as emoções para aguentar uma maratona dos três filmes de uma vez.

Rue e Jules – “Euphoria” (2019–), de Sam Levinson

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O romance entre Rue (Zendaya) e Jules (Hunter Schafer) na série da HBO, “Euphoria”, prova que a inocência do primeiro amor ainda é uma das vivências mais universais que existe. O sucesso imediato da série pode ser, em grande parte, explicado pela pureza na atuação das atrizes, que as transformou em dois dos maiores nomes em Hollywood. O sucesso foi tanto que Rue e Jules ganharam episódios especiais de Natal dedicados apenas a elas. A história das duas jovens complexas e melancólicas é, em apenas uma palavra, um fenômeno.

Rue e Jules possuem aquela clássica (e adorável) trajetória de amigas que se apaixonam aos poucos, e o relacionamento delas é lindo e complicado – assim como todo primeiro amor. Enquanto Rue está lutando contra o vício, Jules busca se descobrir, o que faz com que elas se tornem dependentes da relação ao mesmo tempo em que buscam independência. Mesmo não sendo uma das histórias mais felizes que existem na ficção, é com certeza uma das mais realistas em termos de sentimentos.

 Jennifer e Oliver – “Love Story” (1970), de Arthur Hiller

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“Amar é nunca ter que pedir perdão.” Só essa frase já desperta diversas emoções. Pode ser uma dor imensurável por lembrar de “Love Story”, confusão por não o ter assistido, ou, até mesmo, raiva por não existir um aviso no início do filme de que ele vai te destruir emocionalmente. Icônico por saber exatamente como mexer com os sentimentos da audiência, o longa de Arthur Miller merece seu lugar na lista ao conseguir aproximar qualquer pessoa ao enredo de amor entre Jennifer (Ali MacGraw) e Oliver (Ryan O’Neal).

A história em si é relativamente simples: apesar de terem crescido em mundos opostos, Jennifer e Oliver se apaixonam durante a faculdade. A bolha de amor deles é destruída quando Jennifer é diagnosticada com uma doença terminal. O que faz “Love Story” ser um filme tão especial é o jeito sentimental e delicado como amor e perda são retratados. Acredite, não tem como sair desse sem ao menos lacrimejar.

 Marianne e Héloïse – “Retrato de Uma Jovem em Chamas” (2019), de Céline Sciamma

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Não há nada mais dramático do que um filme falado em francês. Bom, talvez tenha, se você adicionar vestidos de época, pinturas, proibições e uma fogueira intensa. Isso que é “Retrato de Uma Jovem em Chamas”. O longa narra a história de Marianne (Noémie Merlant), uma artista que foi contratada para pintar um retrato de Héloïse (Adèle Haenel), mulher infeliz com o seu casamento arranjado e que, por isso, se recusa a posar.

Por meio de longas trocas de olhares cheias de desejo, lindas cenas cinematográficas e tensos momentos de paixão, a história de Héloïse e Marianne ganhou aclamação e adoração de milhares de pessoas pelo mundo. Por mais doloroso que seja observar um amor que não era aceito na época e todas as repercussões emocionais que são consequência disso, o anseio de uma artista com sua musa sempre parecerá o mais romântico de todos.

Chandler & Monica – “Friends” (1994–2004), de David Crane e Marta Kauffman

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Muito se fala de Ross e Rachel, mas pouco se fala do que é de longe a melhor relação de amor romântico em “Friends”: Chandler e Monica. Em dez anos de série, os personagens de Matthew Perry e Courteney Cox conseguiram criar uma história que, ao mesmo tempo, possui as loucuras usuais de uma série de comédia, o sentimentalismo e a sinceridade de um relacionamento da vida real.

O que transforma Chandler e Monica em um casal com química e narrativa bastante similares ao realismo da vida fora da televisão é que, além do tempo que levou para eles irem de amigos para amantes, ambos mostram as suas características falhas e humanas por si só. Monica é aquela perfeccionista disciplinada, enquanto Chandler tem diversos problemas de autoestima. Os espectadores já são levados a se identificar com eles individualmente. Quando eles ficam finalmente juntos, é quase uma reação reflexa torcer para eles e se identificar com a vulnerabilidade que apresentam.

 Ennis e Jack – “O Segredo de Brokeback Mountain” (2005), de Ang Lee

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Não há nada de romântico no plot inicial de “O Segredo de Brokeback Mountain”: Ennis (Heath Ledger) e Jack (Jake Gyllenhaal) são dois desconhecidos que são contratados para passar um verão dos anos sessenta cuidando de um rancho de ovelhas ilegal. A quantidade de perrengues que um emprego como esse proporciona distancia qualquer imaginação romântica, mas é claro que se há alguém que pode transformar essa situação em um filme de quebrar corações ao meio, essa pessoa seria um novelista vencedor do prêmio Pulitzer. Larry McMurtry, junto com Diana Ossana, criou um roteiro que moldou uma geração e levou seus protagonistas a serem indicados ao Oscar.

Sobre um affair amoroso com dezoito anos de duração, o filme rende momentos tão emocionalmente íntimos entre Ennis e Jack que o espectador acaba sentindo toda a tensão, angústia e sofrimento que os dois sentem ao ter que esconder isso de suas vidas fora da montanha Brokeback. É impressionante como a junção de um bom roteiro, uma ótima química entre os atores e um grande diretor podem criar uma das mais belas, mesmo que dolorosas, histórias de amor.

 Marianne e Connell – “Normal People” (2020), de Sally Rooney e Alice Birch

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A série mais comentada no começo da pandemia, “Normal People” que estreou no canal britânico BBC Three em abril de 2020 – bem quando estávamos iniciando um período longo e árduo de distanciamento social. Poderia até se dizer que foi histeria coletiva se o roteiro e a atuação da série não fossem tão bons e memoráveis, mas estávamos todos agindo como se o relacionamento da série fosse o nosso próprio.

Baseado no livro de Sally Rooney, “Normal People” conta a história de amor entre Marianne (Daisy Edgar-Jones) e Connell (Paul Mescal). O relacionamento, que ocorre entre os anos de colegial e faculdade, tem seus altos e baixos, o que faz o espectador da série querer arrancar os cabelos de tanto torcer para os dois se acertarem de uma vez por todas.

Como todo personagem de Sally, os protagonistas são dolorosamente reais – daquela maneira que eles espelham o lado mais incômodo da personalidade do ser humano. Quando esses personagens chegam às telas, reagindo ao que acontece com eles de forma realística, o relacionamento entre Marianne e Connell se transforma em algo impossível de não se envolver de maneira quase obsessiva. Acredite, não há limites para a quantidade de vezes que você vai querer reassistir “Normal People”.