
Era 2014 quando Maiá Zequi, depois de 11 anos produzindo bolsas para grandes marcas nacionais, decidiu que era hora de seguir seu próprio caminho. Nasciam, ali, a Matri e o elemento que virou assinatura da marca: um chifre. Foi com ele que a designer decorou a alça do primeiro sucesso, a bucket bag “Saskia”. O acessório teve o poder de colocar a grife no radar das garotas mais antenadas da cidade. Até hoje, capitaneia todas as coleções.
Neste Verão, virá em palha de seda, material nacional pinçado da decoração, ao lado de outros dois modelos: “Thyna” e “Unique”. Com aparência rústica e sofisticada ao mesmo tempo, a coleção é uma edição limitada em comemoração ao primeiro ano da loja física, no Shopping Cidade Jardim. Inspirada na filosofia grega meraki – fazer algo com alma, criatividade e amor –, reverencia mulheres apaixonadas pelo que fazem.
A cartela enxuta reflete essa inspiração, com nude e duas tonalidades de rosa. Não é a primeira vez que Maiá sai em busca de novos materiais, apesar de o couro ser a principal matéria-prima da marca. “No ano passado, usamos palha africana. A nova coleção atualiza a proposta”, conta ela, que hoje toca a Matri sozinha, depois da saída da sócia, Manuela Corano.
O chifre seguiu o mesmo caminho e está disponível nas versões madeira e latão com banhos em ouro, ródio negro, ônix e ouro velho, além da versão inicial, em resina. Com estrutura slow – suas criações levam, em média, trinta dias para serem desenvolvidas, da concepção ao produto final – e preocupação em desempenhar um papel sustentável, Maiá conta que busca fazer uso total dos materiais que utiliza.
Das sobras do couro, por exemplo, nascem carteiras e outros pequenos objetos. “Só trabalho com curtumes certificados”, diz. E ela tem feito testes com texturas ecológicas produzidas a partir da fibra do abacaxi. Com ateliê no apartamento onde mora, em São Paulo, costuma passar as tardes planejando novos modelos e soluções que unam estética e praticidade.
As mais recentes incluíram sapatos, cintos, brincos e organizadores de mala ao mix de produtos da Matri. Para a designer, passear das bolsas aos calçados é como unir os dois lados de sua família. Ela cresceu vendo o pai, um dos sócios da Side Walk, colocar no mercado itens como o sapatênis, e a mãe a criar bolsas artesanais e autorais.
A marca, conta Maiá, também se chamava Matri. “Mas tinha um significado mais ligado à maternidade. Resgatei o nome atualizando o sentido para uma mulher de uma sociedade matriarcal, contemporânea, forte e decidida, que tem uma agenda repleta de compromissos diferentes”, explica.
Além do conhecimento prático, a designer é formada em moda pelo IED (Istituto Europeo di Design) e ganhou expertise fazendo private label para marcas como Calvin Klein, Bob Store e Le Lis Blanc. Se no radar da designer está um público feminino independente, que segue sua própria intuição, no dia a dia ela acaba sendo o melhor espelho desse perfil.
Empresária e mente criativa, ela conta que encontra equilíbrio desenvolvendo práticas como meditação e acupuntura. Dinâmica, agora se debruça na produção para entregar as primeiras encomendas internacionais para Japão, Grécia e Uruguai, resultado da participação na feira de negócios White Show, em Milão, e na feira Tranoï, em Paris, em setembro de 2019.
Também planeja lançar, no primeiro semestre de 2020, a linha masculina de calçados, atendendo à demanda já existente de homens que não resistem às sandálias rasteiras com aparência sem gênero. E, ainda, inaugurar, em abril, a segunda loja, no Cidade Jardim Shops, que vai ocupar o terreno do antigo restaurante Fasano, nos Jardins, em São Paulo. A nova década já começa sendo um sucesso para a Matri.
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