Area, verão 2024 – Foto: Reprodução/Instagram/@area

Fênix do mundo fashion e sempre se adaptando a seja qual for a bola da vez, o jeans não deixou de marcar presença na semana de moda de Nova York. Sobrevivendo às tendências que às vezes até tentam deixá-lo fora de moda, nesta temporada, não foi diferente e o denim teve seu espaço garantido com propostas que foram do clássico ao ultratecnológico.

Na Area, comandada pela dupla Piotrek Panszczyk e Beckett Fogg, os instintos primitivos foram o ponto de partida que acabou em jeans. Os casacos de pele, que na história de evolução da moda já foram de peça utilizada como meio de sobrevivência a símbolo de status entre aristocracias, deram lugar a versão tecnológica de 2024 e suas alternativas.

Numa viagem ao tempo com casacos glamourosos, botas e vestidos que ludicamente brincaram até mesmo com os Flintstones e os seus famosos ossos como acessórios de moda, a label chegou aos tempos de realeza, entregando um manejo primoroso da matéria-prima, que confundiu os olhos a cada look. Mas acredite: é tudo jeans!

Já a Eckhaus Latta levou para a passarela o uso da tecnologia Vega, primeira tecelagem 3D automatizada sob demanda para roupas.
Desenvolvida pela Unspun, empresa americana de tecnologia com foco em moda e sustentabilidade, a Vega tece fios diretamente nas peças, uma tentativa de diminuir ao máximo o desperdício de matéria-prima, além do impacto ambiental.

Quase como um fast fashion do bem, a ideia é reduzir o tempo de produção em uma única etapa, mas sem a poluição desenfreada. A tecnologia mira também chegar aos pequenos designers, uma vez que é possível manter sua produção sem a exigência de muito espaço para armazenamento.

Na collab, o jeans tecnológico foi apresentado com opções para todos os gostos: do modelo cargo, clássico dos anos 1990 que reapareceu nas passarelas há algumas temporadas e é amado pela Geração Z, ao ar genderless, com a união de saia e calça em uma única peça. Destaque ainda para versão glam metálica, e a roupagem grunge que veio dessa vez em camadas mescladas com franjas.

Na Ralph Lauren, por sua vez, a consistência do clássico mais que bem feito marcou presença e, como sempre, não deixou de arrancar suspiros. Bordados artesanais, pérolas e requintados florais ficaram com a vez na customização do denim da coleção que veio celebrando o romance e a arte em seu estilo norte-americano atemporal.

O jeans com jeans, quase sempre casual, reapareceu de olho na praticidade da mulher nova-iorquina, esbanjando romantismo elegante para o dia a dia, predominante na combinação azul e branco que deu o tom da primeira parte da coleção. A calça skinny também se fez presente, mas sem as pretensões rebeldes que quase sempre é adotada. Pelo contrário, ela volta à NYFW no look à prova de erros com camisa clássica e delicados recortes transparentes.

Destaque ainda para a maxissaia com corset, uma combinação que se tornou presente no street style dos estilos mais modernos. Aqui, a proposta é o all denim, inclusive nos acessórios, e resgatou o tie dye, tendência não tão distante, mas que claro, repaginada à la Ralph ganhou ares de arte.

Mais que destroyed foi a assinatura do jeans Diesel apresentada na semana de Moda de Milão. Entre o que era de fato jeans, e o que parecia apenas ser nas mãos do belga Glenn Martens, a label confundiu novamente os fashionistas com o seu malabarismo têxtil de ponta. 

Apresentada numa rave pública com diversas referências à cultura pop em seu cenário, no mundo distópico proposto pela Diesel, o jeans sobreviveu ao banho de chuva ácida e a lama, aparecendo também na tendência de sobreposições com várias camadas da mesma peça. A coleção prova novamente que nem mesmo o jeans do dia a dia precisa ser óbvio. 

O grande destaque ficou para o efeito ilusão ótica na vida urbana pós-apocalipse, resultando em um tipo de enigma que nossos olhos só conseguem resolver de perto e que davam um toque jeans renascido do couro corroído — ou seria couro renascendo do jeans? — além do efeito aveludado misturados ao jersey e ao lurex cintilante, numa camuflagem feita com maestria pela jeanswear italiana.